A palavra “reino” remete a um “território politicamente organizado e governado por um rei”. Ora, o Reino de Deus é governado por Cristo, o Rei; é o Reino de Cristo, uma realidade espiritual tanto presente como futura. O Reino presente se refere à implantação e a expansão do Reino de Cristo na Terra, ainda que não plenamente. Ou seja, Cristo veio à Terra e implantou o Reino dos céus, ainda que não possamos gozar totalmente de todos os privilégios que essa condição pode proporcionar (ainda...). Assim, pregamos o Reino de Deus já presente.
Complementando o sentido do Reino presente, temos a característica futura do Reino dos céus. O Reino futuro é o Reino em seu estado pleno; aquele que esperamos ansiosamente. É o gozo completo que está preparado para todos aqueles que amam a Deus (1 Co 9.6). O Reino de Deus, ou o Reino dos céus, é a realidade espiritual que veio com Jesus, como cumprimento dos planos de Deus para a história, do qual os profetas do Antigo Testamento falaram com freqüência (Is 11.1; Is 12.6). Nesse sentido, o Reino foi profetizado pelos profetas, foi inaugurado na primeira vinda de Cristo (o Reino se mostrava presente com Jesus e seus milagres são sinais dele) e chegará ao seu estado pleno na segunda vinda de Cristo.
Os conceitos acima mencionados podem ser explicados mediante duas parábolas: a parábola do grão de mostarda e a parábola do fermento (Mt 13.33; Lc 13.20-21). Essas parábolas são usadas por Jesus para falar a respeito do fenomenal crescimento do Reino dos céus, do Reino de Deus, que é o propósito, o porquê da existência do Reino de Deus em nossa era. As duas parábolas formam um par e, na verdade, são duas faces de uma mesma moeda. O Reino de Deus existe nesta era para crescer, para se expandir. A parábola do grão de mostarda retrata o crescimento do Reino em extensão e a parábola do fermento descreve a intensidade desse crescimento. A verdade é que o Reino de Deus será pregado e crescerá - assim como a mostarda (Mt 13.31) - até que o Filho do Homem, agora reinando no céu, volte para reunir os seus eleitos de todas as nações e seu Reino seja plenamente instaurado. Portanto, a parábola do grão de mostarda e do fermento nos dão claramente a idéia do porquê da existência do Reino de Deus: esse Reino foi inaugurado, está em processo e será consumado. Tal verdade aplica-se às duas parábolas, uma vez que se fala de semeadura e crescimento em uma visão escatológica.
O aspecto futuro do Reino de Cristo, o Rei, é bem resumido pelo teólogo reformado Louis Berkof, quando esse enfatiza que a Bíblia favorece a idéia de que a presente dispensação do Reino de Deus seguir-se-á imediatamente ao Reino de Deus em sua forma consumada e eterna, não meramente temporal (Is 9.7, Dn 7.14, Lc 1.33, Hb 1.8, Hb 12.28, 2 Pe 1.11, Ap 11.15). Logo, à luz dessas considerações, pode-se dizer que a plenitude do “Reino de Deus não é o resultado de um desenvolvimento gradual da natureza, nem um produto do esforço humano, pois embora o Reino dos céus seja como uma semente de mostarda [isto é, como seu crescimento], como o fermento e como o grão de trigo, ele se desenvolve sem o conhecimento e sem a contribuição do homem (Mc 4.27). Paulo plantou e Apolo regou, mas o crescimento veio de Deus (1 Co 3.6)”.
Devemos esperar o retorno do Filho do Homem com alegria. Juntamente com Ele reinaremos, pois somos o povo eleito de todas as nações para um Reino pleno de poder e glória. Louvado seja o Deus Todo-poderoso por esse privilégio gracioso concedido pelo Rei do reis e Senhor dos senhores.
Maranata!
Rev. Ângelo Vieira da Silva