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DE PLYMOUTH AOS PÚLPITOS: O LEGADO DO THANKSGIVING NO PENSAMENTO REFORMADO


O "Thanksgiving Day", celebrado nos Estados Unidos, carrega um valor que transcende a tradição cultural. Esta data, que remonta aos primeiros colonos puritanos, reflete uma postura de gratidão pela provisão divina e nos lembra do chamado bíblico para agradecermos pelas misericórdias diárias do Senhor. Para os cristãos, essa prática não é apenas um feriado, mas uma expressão de fé que recorda a todos: “em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (1 Ts 5.18).

BRADFORD & WHITEFIELD

Os primeiros puritanos que chegaram a Plymouth, como relatado por William Bradford em "Of Plymouth Plantation", enfrentaram extremas adversidades antes de dedicarem um dia especial à ação de graças. Para o governador Bradford, esse ato de gratidão era uma forma de reconhecer o "Senhor da colheita" e renovar sua confiança na providência de Deus. Um dos reconhecidos pregadores do "Grande Despertar", George Whitefield, também via essa prática como essencial para a vida cristã. Em uma de suas pregações, Whitefield afirmou: “o cristão verdadeiro respira gratidão em cada oração”, enxergando em cada situação uma oportunidade de louvar a Deus por sua fidelidade constante.

EDWARDS & C. HODGE

Durante os séculos XVIII e XIX, teólogos reformados como Jonathan Edwards e Charles Hodge refletiram sobre a importância espiritual da gratidão. Em "Religious Affections", Edwards descreveu a gratidão como a "chama que aquece o coração", sustentando que uma alma grata é uma alma transformada pela graça de Deus. Já Hodge, em sua "Systematic Theology", enfatizava que “o cristão, ao agradecer, reconhece que nada provém de si mesmo, mas tudo vem de Deus”, uma postura essencial para manter a humildade e dependência em Deus.

WARFIELD & A. HODGE

Com o desenvolvimento da teologia reformada no Princeton Seminary, figuras como os professores B. B. Warfield e A. A. Hodge, filho de Charles Hodge, também destacaram o Thanksgiving como uma ocasião para fortalecer o compromisso da Igreja com Deus. Em "The Plan of Salvation", Warfield ensinou que a gratidão é “uma resposta ao pacto de Deus”, onde o cristão relembra que todas as dádivas são presentes da graça, e não merecimentos próprios. Hodge reforçou essa visão em "Outlines of Theology", declarando que “não é possível a um cristão de coração sincero viver uma vida sem gratidão”, pois a consciência da providência divina gera naturalmente ação de graças.

MURRAY & VAN TIL

No século XX, John Murray e Cornelius Van Til enriqueceram a visão reformada sobre a gratidão. Em seu livro "Redemption Accomplished and Applied", Murray associou a gratidão ao processo de santificação, afirmando que o crente se conforma à imagem de Cristo pela graça, respondendo com um coração grato. Van Til, em "Christian Apologetics", ensinou que “a gratidão é a pedra fundamental de uma cosmovisão cristã”, onde a vida toda é submetida ao senhorio de Cristo e vista como fruto de sua bondade. Ambos viam o Thanksgiving Day não apenas como um feriado, mas como uma oportunidade de reflexão sobre a dependência total da bondade divina.

TOZER & SPROUL

Os renomados teólogos A. W. Tozer e R.C. Sproul também abordaram o valor da gratidão para o cristão moderno. Em "The Pursuit of God", Tozer enfatizou que “um coração grato sempre encontra espaço para Deus em meio ao caos”, lembrando que a gratidão abre caminho para a presença divina. Sproul, em "The Holiness of God", demonstrou que “a ingratidão é uma afronta a Deus”, pois implica que o homem se vê como autossuficiente. Ora, um coração grato é a marca do verdadeiro seguidor de Cristo, pois compreende que “toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes” (Tg 1.17).

CARSON & MCGRATH

Teólogos contemporâneos como D. A. Carson e Alister McGrath continuam a destacar a gratidão como uma característica essencial da vida cristã. Carson, em "Praying with Paul", argumenta que a gratidão é um "antídoto para o individualismo moderno", ensinando ao cristão a necessidade de reconhecer as bênçãos que recebe. McGrath, por sua vez, em "The Reenchantment of Nature", enfatiza que o Thanksgiving Day é uma oportunidade de testemunhar a fé, revelando ao mundo que toda boa dádiva vem de Deus e não do esforço humano. Para ambos, o Thanksgiving é uma forma de resistir ao materialismo e redescobrir a essência da vida cristã.

Portanto, o Thanksgiving Day nos convida a adotar uma postura de gratidão contínua, honrando o Deus que nos abençoa de forma abundante e constante. Cada um dos teólogos acima mencionados, dentre tantos outros, entenderam o valor da gratidão à luz do texto bíblico. Paulo exortou: “em tudo, dai graças” (1 Ts 5.18). O salmista declarou: “rendei graças ao Senhor, porque ele é bom; porque a sua misericórdia dura para sempre” (Sl 136.1). Que sejamos lembrados a cada dia de “dar sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (Ef 5.20).

Rev. Ângelo Vieira da Silva

CELEBRAR OU EVITAR: UMA RESPOSTA CRISTÃ AO HALLOWEEN


Halloween. Para muitos, essa celebração parece inofensiva, um momento de trajes coloridos, abóboras iluminadas e doces que fazem a alegria das crianças. Mas será que, como cristãos, entendemos verdadeiramente o que estamos celebrando? Em meio às brincadeiras de “doces ou travessuras”, estamos brincando com o oculto e com símbolos que representam o contrário dos valores do evangelho. Enquanto o escritor ateu Richard Dawkins, no livro “The God Delusion”, descreve o Halloween como “uma divertida celebração da criatividade e da fantasia,” o apóstolo Paulo nos adverte: “Não vos conformeis com este século” (Rm 12.2). Será que é possível participar de uma festa que flerta com temas sombrios sem comprometer nosso compromisso com a luz de Cristo? 

(1) “A luz e as trevas nunca podem se misturar” – Charles Spurgeon

Para o autor ateu Neil Gaiman, em uma entrevista à “New York Times Magazine”, o Halloween é “um momento para celebrar a liberdade de imaginar e brincar com o que nos assusta.” Embora isso pareça inofensivo, o que parece ser uma festa leve para as crianças, com abóboras e fantasias, traz uma exposição precoce ao medo, ao terror e até ao sobrenatural. As crianças, com sua inocência e mente em formação, absorvem essas imagens e valores com facilidade. Em 2 Coríntios 6.14, Paulo pergunta: “Que comunhão pode ter a luz com as trevas?” Charles Spurgeon enfatizou que “nada é tão repelente ao coração do crente quanto misturar-se com as trevas.” Permitir que nossos filhos participem de uma festa que exalta o medo e o oculto compromete os princípios cristãos e não prepara as crianças para uma vida de fé e pureza. 

(2) “Quem caminha com Deus, rejeita as trevas” – Martinho Lutero

O crítico social Christopher Hitchens afirmou, em uma entrevista para a “Slate”, que o “Halloween é uma festa libertadora onde a superstição e a religião não têm lugar.” No entanto, tal festa é uma celebração que normaliza símbolos de bruxaria, fantasmas e seres macabros, tudo o que o cristianismo condena. Até mesmo a tradição de “doces ou travessuras” pode ter raízes em rituais pagãos, evocando uma troca condicional de paz ou vingança. Em Deuteronômio 18.10-12, Deus condena práticas de feitiçaria e invocação de espíritos. O verdadeiro discípulo de Cristo rejeita qualquer aparência de mal e afasta-se de tudo que o separa da santidade. 

(3) “Nosso Deus é Deus de vida, não de morte” – John MacArthur

Halloween celebra o sombrio, o grotesco e a morte, enquanto o cristianismo celebra a vida. A ativista ateísta Annie Laurie Gaylor argumentou em um artigo para a “Freedom From Religion Foundation” que “celebrar o macabro é uma forma de questionar e confrontar o medo da morte.” Mas, veja: os adornos comuns desta época, como fantasmas e esqueletos, promovem uma cultura de morte que contrasta diretamente com o caráter de Deus. Jesus declarou em João 10:10: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” John MacArthur nos lembra que devemos buscar tudo o que promove a vida e a paz, e evitar festividades que façam apologia da morte e do macabro. 

(4) “O coração das crianças é como um campo fértil” – John Wesley

O autor anticristão Anton LaVey, fundador da Igreja de Satã, disse em uma entrevista que o “Halloween é uma celebração de tudo que é tabu e marginalizado, algo que as crianças merecem explorar.” Embora alguns vejam essa exposição como uma forma de ampliar a imaginação, o simples ato de vestir uma fantasia ou pedir doces pode ter consequências profundas para as crianças. Expor os pequenos a certos personagens, assustadoramente incompatíveis com seu desenvolvimento emocional, e rituais disfarçados de brincadeiras os acostuma com o medo e a superstição. O apóstolo Paulo nos exorta, em 1 Tessalonicenses 5.22, a “abster-se de toda forma de mal”. John Wesley advertia que “o coração das crianças é como um campo fértil” — aquilo que semeamos hoje será colhido mais tarde. A responsabilidade de proteger a inocência das crianças é parte do chamado cristão. 

(5) “Quem anda em luz não se alimenta de trevas” – Matthew Henry

Para o filósofo ateu Friedrich Nietzsche, no livro “Beyond Good and Evil”, o Halloween representa “uma liberdade em explorar as sombras de nossa psique.” No entanto, o apóstolo Paulo exorta em Efésios 5.11: “Não vos associeis às obras infrutuosas das trevas; antes, porém, reprovai-as.” O Halloween, com suas abóboras esculpidas e decoração macabra, promove uma mentalidade que se opõe aos valores de renovação e pureza mental que a Palavra de Deus nos chama a cultivar. Matthew Henry escreveu que “quem anda em luz não se alimenta de trevas.” Participar de celebrações que exaltam a escuridão e o oculto vai contra o compromisso cristão de andar em santidade. 

(6) “Onde não há Deus, o medo impera” – Francis Schaeffer

Muitas vezes, o medo é o grande atrativo do Halloween, seja nas fantasias de monstros ou nas produções midiáticas. O cineasta e ateu Rob Zombie, em uma entrevista ao “Los Angeles Times”, afirmou que “o Halloween é um dia em que o medo é bem-vindo, até mesmo celebrado.” Contudo, a Palavra de Deus diz em 1 João 4.18: “No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo.” O Halloween glorifica o medo, enquanto a vida cristã é baseada na confiança e no amor perfeito de Deus. Francis Schaeffer enfatizou que “onde não há Deus, o medo impera.” Celebrar uma data que exalta o medo e o terror é incoerente com a confiança que recebemos em Cristo. 

Finalmente, o Halloween pode parecer uma celebração inofensiva, mas para o cristão é uma oportunidade de escolher entre as trevas e a luz. Efésios 5.8 nos chama a “andar como filhos da luz.” Recusar participar de festividades que exaltam o oculto e o sombrio é reafirmar nossa identidade como filhos de Deus, chamados para sermos diferentes. Que nossa decisão seja uma declaração de fé, um testemunho da luz de Cristo em um mundo que tanto necessita da verdadeira esperança e paz. 

Rev. Ângelo Vieira da Silva

UMA OPINIÃO SOBRE AS SUPERSTIÇÕES NO FIM DE ANO


Deliberadamente, o cristão comprometido com as Escrituras se vê diante de muitos dilemas culturais os quais necessita ler à luz de sua fé. As superstições no fim de ano são um bom exemplo disso, pois, aparentemente, são muitos que estabelecem um apego e crença exagerados (até infundados) em coisas – roupas, alimentos, pessoas, atitudes, simpatias – puramente casuais.

Muito ligado à religiosidade ou à “sabedoria popular”, o conceito de superstição aborda as atitudes recorrentes que induzem ao conhecimento de falsos deveres, ao receio de coisas fantásticas e à confiança em coisas ineficazes, seja pelo temor ou pela ignorância, o que também pode ser chamado de crendice. Por isso, trago aqui uma singela opinião sobre o assunto, a fim de ajudar cristãos que necessitem de mais esclarecimentos e ainda não souberam como lidar com as superstições “obrigatórias” para o êxito na vida. Observe algumas delas:

(1) AS CORES OBRIGATÓRIAS

É sabido que o branco é a cor mais popular no Réveillon, mas as superstições quanto às cores são inúmeras. Muitos julgam que o branco trará paz, o vermelho/rosa guiará a um novo amor ou paixão, o verde/amarelo/laranja atrairá dinheiro e o violeta proporcionará estabilidade, etc.. Todavia, o tom que confere sucesso na vida envolve a matiz do trabalho, caráter e sabedoria, crendo que Deus opera em cada uma das nuances.

(2) AS COMIDAS OBRIGATÓRIAS

Assim como o peru está para o Natal, vários alimentos aparecem na lista de superstições para o novo ano. Na crendice popular, entre animais e frutos, o porco ajudará na prosperidade, o peixe fisgará fertilidade, o carneiro trará vitalidade, as sementes de romã, uvas (comer doze à meia-noite) e maçãs plantarão abundância que, ao lado das lentilhas (também devem ser consumidas à meia-noite), atrairão riquezas. É assim que a ilusão se torna um doce alimento para a alma faminta e ávida por propósito.

(3) OS GESTOS OBRIGATÓRIOS

Há uma série de gestos supersticiosos que remontam ao novo ano que se inicia. Muitos acreditam que bolsos vazios, guardar uma rolha da garrafa de champanhe ou três sementes de romã na carteira (esse último no dia 06/01, principalmente, jogando em água corrente no final do ano), trarão o tão sonhado e desejado dinheiro. Li que dar três "pulinhos" com a referida garrafa na mão sem derramar nenhuma gota e, depois, jogar o resto para trás, sem olhar, de uma vez só, é bom para deixar para trás tudo de ruim. Usar roupas novas, jogar moedas da rua para dentro de casa, beber três goles de vinho, acender velas na praia, abraçar alguém do sexo oposto à meia-noite, jogar rosas na água, fazer barulho à meia-noite, enfim, ter pensamento positivo... Inutilmente, esses gestos prometem afugentar o mau do mundo.

Biblicamente, o cristão é impelido a evitar superstições, simpatias e crendices quando reflete sobre o posicionamento divino em relação aos adivinhadores, prognosticadores e agoureiros (Dt 18.9-14; Ez 13.23; Mq 5.12), que praticavam abominação ao observar sinais para predizer o futuro e aconselharem os israelitas. Estas “mágicas” devem ser abandonadas por amor a Cristo (At 19.19). Além disso, confiar em superstições é envolver-se com um engano cultural em detrimento a fé real pela qual nos movemos e vivemos (Hc 2.4; Rm 1.17; Gl 3.11). 

O mundo é mais carente a cada dia. Promessas para conquistar um novo amor, prosperidade, fortuna e felicidade a partir de superstições são um convite ao engano. O cristão comprometido com a Palavra de Deus sabe que é o Senhor Jesus quem suprirá cada uma de suas necessidades (Fp 4.9-20). Deus pode fazer-nos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, super abundemos em toda boa obra (2 Co 9.8). Entregue e confie sua vida a Ele, a Jesus, não às superstições. Deus é quem te guarda (1 Tm 1.12). E assim, com o advento do novo ano, coma e beba para a glória de Deus (1 Co 10.31; Cl 3.17), não por causa das superstições.

Feliz ano novo!
Rev. Ângelo Vieira da Silva

A REFORMA DE JESUS


Desde meio milênio atrás almejava-se uma reforma na igreja, manchada por ritos e tradições não referendadas na Escritura. Se voltarmos os olhos para as Escrituras encontraremos Jesus realizando sua própria reforma no templo de Jerusalém. Gostaria de aproveitar essa época, demonstrando que o que ocorrera ali deve fundamentar a reforma contínua que almejamos em nossa vida como Templo do Espírito Santo. Ouça e compartilhe com seus contatos. Deus nos abençoe.

PREPARATIVOS PARA UMA PÁSCOA BÍBLICA


Em um contexto de tratamento com o pecado, o apóstolo Paulo aplica o sentido essencial da festa da Páscoa (com seus Pães Asmos): a santidade. Medito sobre (1) lembrarmos da Páscoa corretamente, (2) purificar-nos na Páscoa verdadeiramente e (3) celebrarmos a Páscoa sinceramente. Ouça e compartilhe com seus contatos. Deus nos abençoe.

8 EXPLICAÇÕES PROTESTANTES SOBRE O DIA DE FINADOS


Recentemente, elaborei uma breve lista com oito explicações sobre o "dia de finados". Assim, resumi alguns princípios bíblicos sobre esse tema para as redes sociais de nossa igreja (link do post). Leia e medite:

(1) É uma celebração da Igreja Católica Romana.

Com a origem remetida aos séculos V, X e XIII, o chamado “Dia dos fiéis defuntos”, “dos mortos” ou “de finados” é uma celebração da Igreja Católica Romana na qual se rememora aqueles que já faleceram, rezando-se por eles com velas e homenagens, preferencialmente pelas almas que estão no purgatório.

(2) É um dia associado à doutrina romana do purgatório.

O purgatório não é uma doutrina protestante. Desde o Concílio de Lyon (1274), a Igreja Católica Romana definiu ser possível purificar uma alma após a morte, o que seria a misericórdia de Deus. Através das intercessões dos vivos as almas seriam purificadas e entrariam no paraíso.

(3) É um dia fundamentado principalmente em textos apócrifos.

Ainda que se utilize más interpretações de textos verdadeiramente bíblicos (Jó 1.18-20; Mt 12.32), o fundamento para tal prática é extraído, principalmente, de textos apócrifos (Tobias 12.12; II Macabeus 12.43-46). O cristão protestante entende que os livros apócrifos não são a Palavra de Deus.

(4) É uma ação dos vivos que não muda a condição dos mortos.

A Igreja Católica Romana acredita nas penitências e intercessões em favor dos mortos. Entretanto, a Escritura ensina que há apenas o juízo após a morte (Hb 9.27; 2 Tm 4.1; 2 Co 5.10). Portanto, não há qualquer ação no mundo dos vivos que modifique as consequências espirituais após a morte (Ec 9.5; Sl 146.3-4; Lc 16.10-31).

(5) É um doloroso engano em virtude da saudade dos que se foram.

As pessoas amadas que já partiram deixaram saudades profundas. Por um lado, a doutrina do purgatório quer oferecer misericórdia antibíblica aos que já se foram, através das obras dos pecadores vivos; por outro lado, o bíblico, a misericórdia para os vivos que morrerão está apenas em Jesus, em se crer nele (Jo 11.25).

(6) É insignificante, pois os mortos serão ressuscitados um dia.

A Bíblia apresenta muitos textos bíblicos que descrevem como os mortos em Cristo ressuscitarão para a vida eterna, bem como os incrédulos ressuscitarão para a perdição eterna (1 Co 15.52; 1 Ts 4.16; Ap 20.12-14).

(7) É desesperançoso, pois se celebra a morte e não a vida.

O dois de Novembro no Brasil é marcado por milhões de pessoas que visitam os túmulos de entes queridos. No México, o “Día de los Muertos” é uma festa característica da cultura nacional que atrai turistas de todo mundo. Nós, porém, trazemos à memória o que dá esperança, celebrando a vida em Jesus (Lc 20.38; Ec 9.4).

(8) É uma oportunidade de exortação para os vivos.

Deus é fonte de consolo para todo aquele que se aproxima mediante Cristo. Nele, encontramos toda a misericórdia, intercessão, graça e salvação que precisamos. Aqueles que se foram já creram ou não no Salvador. E você, que lê essa postagem? Já entregou a sua vida a Jesus (Hb 7.24-27; At 4.12; 1 Jo 1.7-10)?

Concorda com essas verdades? Então, curta, compartilhe, comente e participe de nossa igreja, a Christ The King United Presbyterian Church.

Rev. Ângelo Vieira da Silva

O VERDADEIRO SENTIDO DA PÁSCOA

É inegável... A educação cristã quanto ao verdadeiro sentido da Páscoa é vedada, contestada e/ou  omitida. Não podemos esquecer que a Páscoa, a principal festa do judaísmo em comemoração à libertação dos israelitas da escravidão do Egito pelo mar Vermelho há mais de 3.200 anos através de Moisés (Ex 12.1-28; Lv 23.5-8, Nm 9.1-14), no Pacto da Graça celebra unicamente a ressurreição de Jesus Cristo no dia do Senhor, o domingo (Lc 24.1; At 20.7; I Co 16.2 e Ap 1.10). Na Páscoa de Cristo a lembrança viva precisa ser o sacrifício de Jesus na cruz que nos liberta da escravidão do pecado. Nosso Senhor, suficientemente, se ofereceu como Cordeiro de Deus para tirar o pecado do mundo, vencer a morte e ressuscitar ao terceiro dia. 

O mundo não é o mesmo nas últimas décadas. Tanto as tecnologias como o livre pensamento fizeram de nossa época um mar de relativismo e consumismo que afeta muitos princípios bíblicos frontalmente. Profanados, memoriais como o Natal e a Páscoa perdem seus sentidos originais. Considerando a época atual, pensemos nos símbolos da Páscoa... 

1. Os ovos:

Ainda que na antiguidade e entre cristãos primitivos encontremos o uso de ovos tingidos com cores da primavera para presentear os amigos, os ovos não eram comestíveis, como se conhece hoje. Era mais um presente original simbolizando a ressurreição como início de uma vida nova. Atualmente, em alguns lugares as crianças montam seus próprios ninhos e acreditam que o coelhinho da Páscoa coloca seus ovinhos (coelho bota ovo?). Em outros, as crianças procuram os ovinhos escondidos pela casa, a exemplo dos Estados Unidos. Lembre-se: a Páscoa é a festa magna da cristandade e por ela celebramos a ressurreição de Jesus, sua vitória, sua morte e sua ressurreição (Rm 6.9). Por Cristo somos participantes dessa nova vida (Rm 6.5), que nada tem a ver com os ovos de hoje... Entende? Mas, pessoalmente, não vejo nenhum problema em se comer ovos de chocolate. 

2. O chocolate:

Essa história tem seu início com as civilizações Maias e Astecas, que consideravam o chocolate algo sagrado, tal como o ouro, até mesmo usando-o como moeda. O chocolate, ao longo dos séculos, foi consumido como bebida; é considerado afrodisíaco e gera vigor. Por isso, era reservado em muitos lugares aos governantes e soldados. Os bombons e ovos, tal como conhecemos, surgiram no século XX simplesmente pela visão industrial... ou você comeria ovos sabor jiló? 

3. Os coelhos ou O Cordeiro?

No antigo Egito o coelho simbolizava o nascimento, a vida. Em outros pontos da terra era símbolo da fertilidade, pelo grande número de filhotes que nasciam. A recente tradição do coelho da Páscoa foi levada para as Américas pelos imigrantes alemães em meados do século XVIII. O coelho visitava as crianças e escondiam os ovinhos para que elas os procurassem. Qual a ligação com o Cristo morto e ressurreto? Nenhuma.

Pensemos no cordeiro, símbolo mais antigo da Páscoa. No Antigo Testamento, a Páscoa era celebrada com os pães asmos (sem fermento) e com o sacrifício de um cordeiro como recordação do grande feito de Deus em prol de seu povo: a libertação da escravidão do Egito. No Novo Testamento, Cristo é o Cordeiro de Deus sacrificado, de uma vez por todas, em prol da salvação de todos. É a nova Aliança de Deus realizada por Seu Filho, agora não só com um povo, mas com gente de todos os povos. 

Os hebreus tinham um dia definido para comemorar a Páscoa (dia quatorze do mês de Nisan, mais ou menos, primeiro de abril). Também temos o nosso dia. Os hebreus comemoravam a Páscoa, o Pessach, a passagem. Nós também comemoramos a passagem das trevas à luz, do pecado à santidade, do inferno ao céu, da morte para a vida, mediante a ressurreição de Cristo Jesus.

Eduque seu filho.
É sua responsabilidade ensiná-lo o verdadeiro sentido da Páscoa de Jesus. 

Rev. Ângelo Vieira da Silva

Para descontrair:






SANTA CLAUS, O PAPAI NOEL DO NATAL

Com chegada do Natal nota-se um nítido incômodo entre muitos cristãos sobre a tradição do “Papai Noel”. As objeções para essa tradição incluem o seguinte: (1) Papai Noel é uma figura mística com atributos divinos, tais como a onisciência e a onipotência; (2) quando as crianças aprendem que “Papai Noel” não é real, elas perdem a fé nas palavras dos seus pais e em seres sobrenaturais; (3) “Papai Noel” distrai a atenção de Cristo; (4) a estória de “Papai Noel” ensina as crianças a serem materialistas, etc. Em face de tais objeções, entretanto, pode-se dizer algo bom do "Papai Noel"? Imagino que sim.

Antes de examinar o cerne de tais objeções, deve se notar que o Natal pode ser celebrado sem o “Papai Noel”. Retire-o e o Natal permanece intacto. Por outro lado, se retirarmos Jesus o que sobrará é uma festa comum. Sejam quais forem nossas posições individuais no trato do assunto, é mister reconhecer algumas verdades sobre “Santa Claus”:

(1) Não existe dúvida alguma de que o “Papai Noel”, na sua presente forma, é um mito ou conto de fada. Sim, há indícios que houve realmente um “Papai Noel” com o nome de “Santa Claus”; essa é uma forma anglo-saxã do holandês “Sinter Klaas” que, por sua vez, significa “São Nicolau”. Ele, Nicolau, foi um bispo cristão, no quarto século, sobre quem pouco sabemos. Aparentemente, assistia ao Concílio de Nicéia (325 d.C.). Uma forte tradição sugere que ele demonstrava uma singular bondade para com as crianças. Por outro lado, o velho vestido de vermelho puxando um trenó conduzido por veado voador é puro mito, ainda mais com as “novas mitologias” sugeridas em novas adaptações do conto em séries e filmes.

Deve-se admitir que contar às crianças que “Papai Noel” pode vê-los em todo tempo, que sabe se elas foram boas ou más em seu comportamento, etc., está errado. Também é verdade que os pais não deveriam contar a seus filhos a estória de “Papai Noel” como se fosse verdade. Contudo, as crianças com menos de sete ou oito anos podem brincar de “fazer de conta” e tirar disso divertimento como se elas pensassem que é real. De fato, nessa idade elas estão aprendendo a diferença entre o “faz de conta” e a realidade. Crianças mais jovens ficarão fascinadas pelos presentes que são descobertos na manhã de Natal, debaixo de uma árvore na qual lhes foi dito que são do “Papai Noel”; porém, não tirarão conclusões sobre a realidade de “Papai Noel” por meio dessas descobertas.

2) Quando as crianças aprenderem que Papai Noel não é real isso poderá perturbá-las um pouco. É, por isso, que se deve dizer às crianças que “Papai Noel” é “faz de conta”, tão logo elas tenham idade suficiente para fazer perguntas a respeito da realidade. Antes de ser uma pedra de tropeço para acreditar no sobrenatural, Noel pode ser um trampolim. Diga às crianças que enquanto Papai Noel é uma faz de conta, Deus e Jesus não os são. Diga-lhes que, enquanto Papai Noel só pode trazer coisas que os pais podem comprar ou fazer, Jesus pode lhes dar o que ninguém pode – um amigo que sempre estará com eles, perdão para as coisas erradas que eles fazem, vida num lugar maravilhoso com Deus, para sempre, etc.

Siga as sugestões acima e não mais será Papai Noel um motivo para distraí-los de Cristo. Diga a seus filhos porque Papai Noel dá presentes e porque Deus nos deu o presente mais maravilhoso, Cristo. E lembre-se: a estória de Papai Noel só é melhor contada quando é usada para encorajar as crianças a serem abnegadas e generosas.

Rev. Ângelo Vieira da Silva
Texto adaptado.

UM DIA PARA PENSAR NA TEOLOGIA


No dia trinta de novembro comemora-se o dia do teólogo. No sentido lato, é a data que recorda o trabalho dos estudiosos de questões referentes à (s) divindade (s). No sentido estrito, protestante (que aqui pretendo abordar), refere-se àqueles que estudam as Sagradas Escrituras (Antigo e Novo Testamentos) em várias perspectivas (histórica, gramatical, crítica, cultural, etc). Examinadas, a interpretação é sistematizada,  recebe o nome de teologia (bíblica, sistemática, contemporânea, etc.) e é especificamente definida nos diversos contextos doutrinários de cada seguimento cristão protestante.

Como Protestante Presbiteriano, gosto de pensar na teologia como a rainha das matérias porque Deus é o Senhor de toda a criação. É verdade que "teologia" pode ser sinônimo de divisão para alguns, se tornando a desculpa ideal para o não aprofundamento no estudo bíblico e para a falta de conhecimento da fé num determinado grupo cristão. Daqui justifico esse breve comentário: como teólogo, vejo o imenso desafio de ensinar meus irmãos da fé a se aprofundarem em Teologia. É um ideal distante por muitos motivos. Citarei alguns.

Questione-se, primeiramente, sobre Teologia e Bíblia, sobre o objeto de estudo e o resultado do estudo do objeto. Para alguns, parece ser possível desassociar estes conceitos. Muitos são tão hostis à teologia que almejam somente o objeto, estático, intocável. Esses rechaçarão a Teologia. Dirão: Não precisamos dela! Respondo: pura ingenuidade... Se a premissa cristã protestante é que a Bíblia é sua "Regra de Fé e Prática" (notem: prática), tanto a fé como a prática serão o resultado da observação do objeto, isto é, do estudo dinâmico das Escrituras; e estudá-las é dedicar-se à teologia. Tal estudioso, ainda que não seja um teólogo clássico (por esse termo me refiro àqueles que se preparam em instituições acadêmicas), será um teólogo prático.

Devo também disputar sobre "Dogma" e "Regra". A primeira se refere ao resultado do estudo, doutrina teológica, e a segunda ao objeto em si, a Bíblia. É extremamente perigosa a premissa de que a interpretação é superior ao texto bíblico em si; e são muitos que assim doutrinam nos púlpitos de viés protestante. Prefiro compreender que as Escrituras interpretam as próprias Escrituras. A teologia poderá concordar ou não. Caberá ao estudioso decidir a melhor interpretação ao justapor seu estudo pessoal com a doutrina confessional. Seria o ideal, mas, até isso penso estar distante em nosso tempo.

Os cristãos protestantes não têm sequer investido no estudo comprometido da sua "Regra de Fé e Prática". Por que se aventurariam na teologia que "divide"? Aparentemente, não se quer nem o objeto nem o resultado de seu estudo; preterindo-os, muitos estão apenas interessados em uma experiência mística que aparentemente os liberte de uma existência que os aflige, dando-lhes algum sentido nos caminhos áridos da vida. Que tempos!

Enfim, refletindo sobre a importância da teologia em nosso tempo e a livre oferta de cursos, creio que um aluno dedicado possa fazer um curso valer. Mas é revoltante contemplar cursos teológicos insignificantes sendo oferecidos como a "rainha das matérias". É vergonhoso! Existem muitas instituições de ensino teológico sérias e aquele que pretende ser um teólogo deve procurar por elas. Apesar dos pesares, recomendo: estude TEOLOGIA.

Parabéns aos teólogos de plantão!

Rev. Angelo Vieira da Silva

O CRISTÃO PROTESTANTE E A FESTA JUNINA


Perguntam-me: pode o cristão protestante participar das comemorações alusivas à festa junina? Bem, creio que membros de igrejas protestantes não deve participar das chamadas festas juninas ou “festa dos santos populares”. Esse último nome exprime tudo. A partir do ensino das Escrituras Sagradas, os cristãos protestantes não celebram, homenageiam, louvam, cultuam, exaltam ou adoram seus conservos (Cl 4.7), mas unicamente a Deus. Nem mesmo anjos merecem esse tipo de veneração (Ap 19.10; Ap 22.9). Essa comemoração é cristã romana e não se enquadra nos princípios de fé protestantismo histórico. É celebrada por católicos romanos e não por presbiterianos, por exemplo. É cultura? Sim, porém, “romanizada”. A mistura, o sincretismo religioso, é perigoso e danoso.

Comemorada em muitas partes do mundo, tal festa, aparentemente pagã, foi cristianizada na Idade Média, direcionada a João, por isso, “Festa de São João” (festejado em 24/06). O conceito cristão romano incorporou ainda “São Pedro”, “São Paulo” (ambos celebrados em 29/06, festa litúrgica também chamada “Solenidade dos Santos Pedro e Paulo”) e “Santo Antônio” (comemorado em 13/06).

A veneração de santos é parte fundamental da teologia católica romana. Protestantes não veneram ou preiteiam santos. Fogem da idolatria disfarçada de homenagem. Seguem os mandamentos de Deus em Ex 20.3-5: “Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem”. Portanto, a festa junina remete à teologia romana dos santos. Protestantes enaltecem Cristo como o único mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2.5). Como ensinou o Mestre em Lucas 4.8, “está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele darás culto”.

O próprio homenageado nas festas juninas, o conservo Paulo, ao abordar a mistura entre os cristãos de Corinto e as festas pagãs celebradas a outros ídolos, ensinou: “Que digo, pois? Que o sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Ou que o próprio ídolo tem algum valor? Antes, digo que as coisas que eles sacrificam, é a demônios que as sacrificam e não a Deus; e eu não quero que vos torneis associados aos demônios. Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios” (1 Co 10.19-22). 

Pense... O secularismo tem sido o responsável pela minimização da não-participação de evangélicos nesse “lazer”, incluindo até chamados “arraiais gospel”. Se é lazer, é desdourado pela teologia romana. Se é “estratégia” não é coerente com o ensino bíblico. No ambiente familiar, por exemplo, os pais devem orientar os filhos sobre o significado desta Festa. Como Protestantes, devem ensinar e não permitir a participação ou participarem desta festa cultural romana. É verdade que as festas juninas pós-modernas não enfatizam tanto a veneração aos santos como antes, todavia, não é mentira que a festa é destinada a venerá-los. Cristãos protestantes devem fugir destes festejos. 

E uma festa caipira? Bom, realizar esta festa nesse tempo criará uma associação com a festa romana. Protestantes precisam ser associados aos valores bíblicos eternos e não a festas romanas universais. O ideal é que a festa caipira, como uma festa temática, aconteça em outros meses do ano. Essa é uma posição moderada, prudente, ideal.

Fogueiras, pipoca, pé-de-moleque, danças, bolos de fubá, quebra-queixo, canções, canjicão e outros símbolos foram incorporados à festa romana, mas, em si, não deveriam ser vedados. São resultado da obra criativa de Deus em nós. Devem ser recebidos com ações de graças (1 Tm 4.3-4). O único cuidado necessário é recebê-los fora do ambiente das festas juninas. É um princípio de fé, a partir da regra de fé, com temor e tremor.

Rev. Ângelo Vieira da Silva

PÁSCOA É PASSAGEM...


O sentido histórico da “Páscoa” não pode ser vedado ou omitido por judeus e cristãos. O “Pessach”remonta a principal festa do judaísmo em comemoração à libertação dos israelitas da escravidão do Egito, feito administrado por Moisés e selado com a “passagem” do povo hebreu pelo Mar Vermelho há mais de 3.200 anos (Ex 12.1-28; Lv 23.5-8, Nm 9.1-14). Igualmente, no pacto da graça, entre os cristãos, celebra-se a ressurreição de Jesus Cristo no chamado dia do Senhor, o domingo (Lc 24.1; At 20.7; 1 Co 16.2 e Ap 1.10). Esta “Páscoa de Cristo” é uma lembrança viva do “sacrifício do Cordeiro” de Deus na cruz, que possibilita a “libertação da escravidão do pecado”.

O parágrafo acima é uma síntese bíblica da Páscoa judaico-cristã, bem diferente do modelo alemão trazido pelos imigrantes no século XVIII ou do padrão mercadológico com ênfase no consumo do chocolate e afins ou, até mesmo, de referências históricas aos primeiros cristãos na história do cristianismo. O primeiro refere-se a uma tradição alemã na qual o coelho visitava as crianças e escondia os ovinhos para que fossem procurados; o segundo diz respeito à fabricação, venda, e consumo de um produto muito saboroso e rentável, tal como na cultura maia e asteca, que tornou o chocolate sua moeda de troca, devido seu valor sagrado equiparado ao ouro. Finalmente, o terceiro faz alusão à registros históricos de cristãos primitivos que tingiam diferentes ovos não comestíveis com cores da primavera para presentear os amigos, como um simbolismo de ressurreição, do início de uma vida nova. 

Entre variados sentidos para a Páscoa, o cristão firmado nas Escrituas celebra sua festa pela fé (Hb 11.28), pois acredita em uma revelação progressiva de redenção do Antigo ao Novo Testamentos. Se algo pode bem representar o sentido da Páscoa é o termo correspondente hebreu: “Pessach”, isto é, passagem. No sentido judaico, a passagem refere-se ao dia que saíram do Egito rumo à terra que mana leite e mel, ao dia em que os escravos israelitas foram libertados por seu Deus. O sentido cristão aponta para o sacrifício do Cordeiro de Deus que possibilita a ressurreição daquele que está morto espiritualmente, a libertação daquele que é escravo do pecado. Assim, aplico à nossa Páscoa de hoje uma oportunidade de adoração ao nosso Deus por ter possibilitado a redenção de seu povo, por ter feito a “passagem”. Entenda assim: 

1. PÁSCOA É A PASSAGEM DO PIOR PARA O MELHOR LUGAR.

Do Egito para Canaã, da grande Babilônia para a Nova Jerusalém… Páscoa é a passagem do pior que o ser humano pode viver e experimentar para uma nova e bendita realidade que só Deus pode proporcionar mediante nosso Cordeiro pascal, Jesus (1 Co 5.7). 

2. PÁSCOA É PASSAGEM DAS TREVAS PARA A LUZ.

Deus trouxe luz ao que estava nas trevas, amando uma raça eleita, um sacerdócio real, uma nação santa, um povo de propriedade exclusiva do Senhor, que anuncia a Luz do Mundo aos homens (1 Pe 2.9; Mt 5.14). 

3. PÁSCOA É PASSAGEM DA MORTE PARA A VIDA.

Os homens estão mortos em seus delitos e pecados, mas Jesus é vida e vida em abundância. Como ele declarou: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (Jo 11.25). 

Pense nisso e feliz Páscoa!

Rev. Ângelo Vieira da Silva

CARNAVAL NA HISTÓRIA, NO BRASIL E ENTRE OS CRISTÃOS


É chegada aquela semana marcada por uma celebração pomposa. Precedendo a “Quaresma”, que são aqueles quarenta dias de penitência entre a quarta-feira de cinzas e o domingo da Páscoa de católicos e ortodoxos, a festa ganha o título de carnaval. Ao que parece, o nome e a festa equivalem ao propósito pessoal do esbaldar o que a carne permite, pelo menos, antes do momento de consagração e jejum que precede a Páscoa católica e ortodoxa. O carnelevarium, ou “eliminação da carne”, ou “adeus à carne”, ou “festa da carne”, precisa ser melhor reconhecido na história, no Brasil e nos cristãos, isso se são comprometidos com uma santidade real, não meramente ritual.

1. O CARNAVAL NA HISTÓRIA

O carnaval antecede a cultura brasileira. Provavelmente, exista desde a Antiguidade. Já se falava em carnaval na Grécia antiga (século IV), em agradecimento pela fertilidade e produtividade da agricultura. No sexto século, a igreja romana adotou a festa e, um milênio depois, o Concílio de Trento reconheceu o carnaval como uma manifestação popular. Foi nesse tempo, por vola de 1582, que o Papa Gregório XIII estabeleceu as datas da festa no calendário gregoriano. Antes, porém, o carnaval tinha conotações extremamente pagãs no culto ao deus Dionísio, com cerimônias recheadas de danças em torno de fogueiras e uso de disfarces simbolizando a inexistência de classes sociais. Por outro lado, em Veneza o carnaval tradicionalizou-se sofisticadamente pelo uso atual de fantasias, carros alegóricos, desfiles, etc..

2. O CARNAVAL NO BRASIL

Culturalmente, o carnaval é uma das festas mais populares do Brasil. Estima-se que portugueses da Ilha Madeira, dentre outras, trouxeram o Carnaval ao Brasil em 1723, apesar de serem festas inofensivas em torno de jogar água nos outros. Adiante, registra-se em 1840 o primeiro baile carnavalesco e, em 1855, os primeiros grandes clubes destinados à comemoração do carnaval, como as atuais escolas de samba. A primeira escola de samba na história do Brasil foi a “Deixa falar”, fundada em 1928 no Rio de Janeiro.

3. O CARNAVAL ENTRE OS CRISTÃOS?

Um cristão acessa a internet e lê em um site da Bahia o seguinte convite aos foliões: "Pule o carnaval Carnal, lúdico, dilacerador, espiritualizado, físico, o Carnaval da Bahia é a maior festa urbana do Brasil, criada e mantida pelo povo. Uma manifestação espontânea, criadora, livre, pura, onde todos são - com maior ou menor competência -sambistas, frevistas, loucos dançarinos, na emoção suada atrás do som estridente, eletrizante, do trio. Ou no ritmo calmo, forte, tranqüilizante, orientalizado, do afoxé, incorporado num só movimento. Um ato de entrega, de transe e êxtase, de liberação de todas as tensões reprimidas e da envolvência absoluta entre o real e o fantástico, capaz de, num único e frenético impulso, balançar o chão da praça."

Ele deve refletir um instante e questionar: deve um cristão participar de uma festa cujo o propósito único e exclusivo é saciar os mais profundos, e até mesmo depravados, desejos carnais? Os cristãos devem lembrar o ensino da Escritura Sagrada, pois "os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz” (Rm 8.5-8,12-14), “porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade par dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor. Os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências” (Gl 5. 13, 24), “porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna” (Gl 6.8).

Rev. Ângelo Vieira da Silva

PARABÉNS, HOMEM PRESBITERIANO!


‘Aleluia! Bem-aventurado o homem que teme ao SENHOR e se compraz nos seus mandamentos’
(Sl 112.1)

O calendário de festividades da Igreja Presbiteriana do Brasil reserva o primeiro domingo de fevereiro para a comemoração do Dia do Homem Presbiteriano. Tal homenagem foi oficializada no primeiro Congresso Nacional de Homens Presbiterianos, realizado em Campinas/SP, em 1966. Hoje, portanto, é um dia oportuno para refletirmos a respeito dos privilégios e das responsabilidades do homem presbiteriano.

As Escrituras Sagradas revelam que Deus concedeu ao homem grandes privilégios e responsabilidades. Ao homem foi concedido o privilégio da iniciativa na formação de seu lar, pois lhe foi dito: “Deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gn 2.24). Por outro lado, também ao homem foi dada a responsabilidade de cuidar da saúde emocional e espiritual da esposa: “Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, porque sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas orações” (1 Pe 3.7).

Entre privilégios e responsabilidades, da mesma forma, ao homem foi concedido a missão de liderar o lar, o que fica manifesto nas palavras do apóstolo Paulo: “As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor; porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo. Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido” (Ef 5.22-24). Igualmente, ao homem foi ordenado amar sua esposa com o mais elevado amor: “Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela” (Ef 5.25).

O homem ainda deve se comprometer com a vida espiritual de seus filhos. Dirigindo-se aos israelitas, Moisés declarou: “Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas” (Dt 6.6-9). Soma-se a esse princípio vétero-testamentário o que o apóstolo Paulo exortou aos cristãos de Éfeso: “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor” (Ef 6.4). Sim, o pai tem a responsabilidade de conduzir seus filhos ao Senhor, de educá-los na fé em Cristo. 

Outrossim, é verdade que a sociedade moderna impõe ao homem grandes responsabilidades e obrigações. Diante disso, os homens precisam receber um tratamento especial. Nos países mais desenvolvidos já estão sendo montados centros de ajuda específicos para homens. No Canadá, por exemplo, já existem programas de assistência aos jovens do sexo masculino. A medida pretende evitar gastos previdenciários futuros com famílias que perderão, cedo demais, pais e maridos. No Brasil já estão surgindo grupos de amparo aos homens.

Dito isso, enfim, aos homens presbiterianos os nossos parabéns pelo transcurso do seu dia, a nossa saudação respeitosa e a nossa fraterna mão estendida. Que Deus os abençoe em tão sagrada missão e responsabilidades. Parabéns!

Rev. Ângelo Vieira da Silva

UM DIA MUNDIAL DA RELIGIÃO?


O 21 de janeiro de cada ano é o Dia Mundial da Religião. Do grego “threskeia” e do latim “religare”, o termo designa a ligação do homem com seu “Deus”. Aparentemente, desde sua criação em 1949 por uma assembléia da religião persa Bahá’í, o objetivo seria a unidade entre todas as religiões do mundo. Beiraria a utopia essa aspiração? Creio que sim.

A maioria das religiões chama para si a verdade e são fontes de muitos conflitos políticos, éticos, morais, filosóficos, dentre outros. Entre elas a verdade se torna relativa. Se as tradições e textos sagrados das religiões ditam a fé em cada sistema é fácil compreender que a maioria dos princípios religiosos serão desiguais entre si; haverá óbvias divergências entre a Bíblia, o Rig-Veda, a Tradição Romana, a Torá, o Alcorão, o Livro dos Espíritos, os Vedas (como o Mahabharata), o Zend Avesta, etc... Poucos serão os preceitos comuns. 

Neste texto, entretanto, pretendo não criticar essa ou aquela religião, apesar de crer e ter uma cosmovisão protestante reformada. Sim, é difícil falar de religião nesse escopo, mas arriscarei, uma vez que a reflexão sobre o papel das religiões no mundo é abundantemente atraente nesse dia e mês. Sugiro como palavra-chave desta meditação o RESPEITO. 

É extremamente perigoso pensar que as pessoas de uma religião diferente da qual adotamos não mereçam nossa atenção, respeito e até amor. Muitos agem assim. Por considerarem sua religião a verdadeira, fogem do campo legítimo da discussão saudável de idéias e preceitos para afrontar o próximo, guerrear e esmagá-lo com jugos que, na maioria dos casos, nem mesmo sua religião endossa. Isso não é humano e não pode ou deveria ser “religião”. A doutrinação tolerante precisa ser essencial às religiões. 

Creio que o Dia Mundial da Religião, para alguém religioso como eu (e muitíssimo outros pelo mundo), precisa ser um dia de respeito e reflexão, um momento de enfatizar as inúmeras contribuições excelentes que religiões prestaram à humanidade ao longo dos séculos e lembrança dos seus pecados e erros – sim, por que não? – a serem esclarecidos e abandonados para a posteridade. Sinceramente, não acho que exista religião perfeita. 

Tolerância? Prefiro a palavra respeito, apesar de ouvirmos muito sobre a intolerância religiosa. O Dia da Tolerância é outro e devo lembrá-lo, afinal, “todas as pessoas têm direito à liberdade de pensamento, consciência e religião” (art. 18 da Declaração de Paris em 1995; instituído pela UNESCO). 

Quanto aos cristãos, especificamente os protestantes reformados como eu, relembro os ensinamentos na carta de Tiago 1.26-27: “Se alguém supõe ser religioso, deixando de refrear a língua, antes, enganando o próprio coração, a sua religião é vã. A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo”. Admitindo as relações entre fé e ações legítimas que a Igreja precisa demonstrar, compreendam, a religião pura e sem mácula envolve ortodoxia e ortopraxia. O grande conflito que vejo entre nós, cristãos protestantes reformados, é a incoerência entre a mensagem que pregamos e os caminhos que tomamos. Muitos outros são melhores do que nós nesta relação; e nem são cristãos... Pense nisto! 

Rev. Ângelo Vieira da Silva


DEZ DISPOSIÇÕES PESSOAIS PARA OS CRISTÃOS

Todo dia, e bem cedo, levantam-se homens e mulheres para trabalhar. Faça chuva, faça sol, lá estão todos se afadigando no penoso trabalho. Nele algo não pode faltar: disposição. Se não a tivermos diariamente, não sairemos de nossa confortável cama em um dia frio para trabalhar; não deixaremos o aconchego de nosso lar em um domingo para ir a Escola Dominical, depois de uma semana dura de labor. É a disposição que nos move a fazer ou não algo para o nosso próprio bem. Disposição é o mesmo que “propósito, desígnio, determinação”.

Na vida cristã não é diferente. O servo de Deus precisa ter disposições que levarão não apenas ao seu próprio crescimento, mas também o da Igreja do Senhor Jesus. Será que você estaria preparado para cumprir dez disposições básicas no novo ano que se inicia? Eis a primeira:

1) AME A DEUS COM TODAS AS FORÇAS, ENTENDIMENTO E CORAÇÃO.

Moisés expressou isto ao povo de Israel desta forma: “Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força; Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, e todos os dias guardarás os seus preceitos, os seus estatutos, os seus juízos e os seus mandamentos" (Dt 6.5 e Dt 11.1).

2) TENHA CERTEZA QUE SEU CORAÇÃO FOI TRANSFORMADO.

Ezequiel conclamou o povo a esta disposição: “Lançai de vós todas as vossas transgressões com que transgredistes e criai em vós coração novo e espírito novo; pois, por que morreríeis, ó casa de Israel? Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne" (Ez 18.31 e Ez 36.26).

3) EMPENHE-SE NA MEDITAÇÃO DAS SAGRADAS LETRAS.

O sábio apóstolo dos gentios sabia no que seu filho na fé deveria se empenhar: “e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (2 Tm 3.15).

4) APROFUNDE-SE NA INTIMIDADE COM DEUS PELA ORAÇÃO.

O salmista entende esta verdade: “A intimidade do SENHOR é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança. Os meus olhos se elevam continuamente ao SENHOR, pois ele me tirará os pés do laço” (Sl 25.14-15).

5) SEJA OBEDIENTE ÀS AUTORIDADES CONSTITUÍDAS POR DEUS.

Romanos 13.1 ensina: “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas”.

6) TORNA-TE FIEL NOS DÍZIMOS E NAS OFERTAS.

Antes de haver lei instituída, Abraão deu o dízimo a Melquisedeque (Gn 14.20). Paulo mostra aos coríntios que, no tocante a oferta, “cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria” (2 Co 9.7).

7) ABANDONE O DESEJO CARNAL DA DIFAMAÇÃO.

2 Pedro 2.10 enfatiza: “especialmente aqueles que, seguindo a carne, andam em imundas paixões e menosprezam qualquer governo. Atrevidos, arrogantes, não temem difamar autoridades superiores”.

8) PARTICIPE DE TODAS AS ATIVIDADES DA IGREJA QUE PUDER.

Joel 2.16: ”Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, reuni os filhinhos e os que mamam; saia o noivo da sua recâmara, e a noiva, do seu aposento”.

9) EVANGELIZE AS PESSOAS QUE ESTÃO AO SEU REDOR.

Ordenança de Jesus é “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15).

10) AME AO PRÓXIMO COMO A TI MESMO.

Lembre-se que: “o que amar a Deus de todo o coração e de todo o entendimento e de toda a força, e amar ao próximo como a si mesmo excede a todos os holocaustos e sacrifícios” (Mc 12.33).

Pense nisso e se disponha.

Rev. Ângelo Vieira da Silva

ALEGORIAS PARA O ANO NOVO


Juntamente com as comemorações de ano novo emana a esperança de uma etapa melhor em cada pessoa, não importando sua cultura, raça ou sexo. Esse sentimento certamente habitava no povo babilônico há 2.800 a.C. (primeiras referências a uma comemoração de passagem de ano), passando pelo Imperador Júlio César em 46 d.C. até hoje, consolidado na maioria dos países. 

Ano novo, fogos e barulho. Essa é uma conbinação esperada no mundo inteiro. Podemos imaginar os fogos de artifício estourando em meio aos buzinaços dos carros, apitos e gritos de alegria da multidão. Há quem diga que tanto estardalhaço serve para espantar os maus espíritos (como se fosse possível!). Não é à toa que essa festa é considerada a mais barulhenta do mundo. Todavia, a grande verdade é que todos se reúnem para celebrar o novo. 

Ano novo, roupa nova. Tradições fazem parte desse tempo. Vestir uma peça de roupa que nunca tenha sido usada combina com o desejo de renovação no novo ano. Esse costume é universal e aparece em várias versões, como trocar os lençóis da cama e usar uma roupa de baixo nova. Muitos optam pelo branco. No final, todos querem celebrar a chegada de um novo tempo. 

Em muitas partes do mundo o ano novo será comemorado com esplendor. A Times Square americana, as pessoas nas janelas das casas portuguesas batendo panelas para festejar, a visão deslumbrante dos franceses frente a Torre Eiffel, as doze uvas sendo comidas por cada espanhol à meia-noite, a multidão brasileira na praia de Copacabana, etc... todos estarão felizes pelo novo ano que se aproxima. 

A Igreja de Jesus tem motivos muito mais excelentes para celebrar o novo, o ano novo. Valendo-me de uma alegoria bíblica, vejo Deus declarando a importância de um novo ano: “Este mês vos será o principal dos meses; será o primeiro mês do ano” (Ex 12.2). Janeiro poderá ser o principal mês de sua vida. Geralmente o temos como o mês do descanso. Mas, por que não fazer dele o mês do conserto com Deus? Do compromisso com Jesus? Da obediência ao Santo Espírito? 

Usando novamente um princípio alegórico, vejo Deus no primeiro mês destacando uma das principais festas de Israel: “no mês primeiro, aos catorze do mês, no crepúsculo da tarde, é a Páscoa do Senhor” (Lv 23.5). Quem sabe não será nesse tempo, no primeiro mês do ano, que você irá refletir sobre a importância da Páscoa, da saída do Egito, das trevas, da morte. O Cordeiro foi morto... Lembre-se! 

Alegorizando, lembro-me de Jesus declarando: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor” (Lc 4.18-19). Esse pode ser o ano aceitável do Senhor em sua vida; entenda que o Espírito Santo de Deus pode guiá-lo no cumprimento de Sua vontade e Missão. Sim, celebre o ano novo... Mas, o faça com determinação de mudança genuína. 

Rev. Ângelo Vieira da Silva

A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL


Eis uma breve reflexão sobre uma das estratégias educacionais da igreja protestante em geral: a Escola Bíblica Dominical, a EBD. Cabe ao pastor, junto ao Conselho e aos professores, observar e direcionar tal escola para produzir crescimento espiritual na vida dos amados irmãos, sejam crianças, adolescentes, jovens ou adultos. É importantíssimo discutir o currículo, sobre o espaço físico, faixas etárias, escalas, dentre outros. Tudo visa a melhoria da educação cristã e da EBD para a glória de Deus.

Pergunto: qual é a importância do professor na EBD? Ora, o professor cristão precisa entender que ele é um discipulador, um modelo para o aluno. Professor é aquele que professa, que põe em prática, o conteúdo de uma vida (Cristo), discipulando vidas (alunos) para formar vidas. Portanto, é aquele que ensina e professa como viver e agradar a Deus tendo como Modelo o Mestre dos mestres, o Senhor Jesus. Assim, é fundamental que o professor tenha experimentado a salvação em Cristo Jesus e se dedique na preparação das lições para que, agora, passe para outros a experiência de uma vida transformada, de tal modo que esses não possam negar que ele fala daquilo que tem visto, ouvido e vivido.

Em termos de “educação cristã”, participamos da EBD com o intuito de aprender. Qual é o significado disso? Certamente, aprender é mais do que guardar conteúdo na memória; é mais do que aquisição de conhecimento; mas, é colocar em prática o aprendizado em todos os aspectos da vida. “Conhecer é sentir a força do conteúdo conhecido de maneira que este atue na prática da vida” (C. B. Eavey). Por isso, não me esqueço do significado de “educação” que aprendi no seminário na ótica do moraviano J. A. Comenius: “a educação cristã precisa ser vista pelos cristãos como a busca do aperfeiçoamento integral do homem. A Educação cristã é o processo que visa desenvolver, de forma progressiva e contínua, o caráter de Cristo nos alunos”. Não podemos ter uma ótica diferente desta.

Alguém pode questionar: para quê EBD? Respondo com as primeiras lições que recebi quando conheci a Cristo e iniciei meu desenvolvimento espiritual. A superintendente da EBD na Igreja Presbiteriana de Mutum/MG no final dos anos 90, minha querida professora Nilva Alves Teixeira, reportou a todos algumas razões para essa estratégia educacional:

(1) Ensinar a Revelação Bíblica (eis a tarefa principal. A Bíblia é o Livro-texto desde sua fundação em 1780 com Robert Rakes, na Inglaterra);

(2) Mostrar o propósito da Revelação Bíblica (levar o homem a uma relação pessoal com Deus por meio da fé em Jesus Cristo);

(3) Alcançar as multidões (por influência, levar o ensino da Palavra aos lares, aos locais de negócios, à sociedade, etc.); e

(4) Edificar a Igreja (não é uma mera rotina, mas um estudo focado que traz benefícios à vida espiritual).

Tal lembrança me faz atestar o objetivo da EBD que pessoalmente creio: buscar a excelência da transmissão da Palavra de Deus mediante uma estrutura leve e funcional. É o que se espera da classe de adultos, de jovens e novos membros, de todo o departamento infantil. 

Amados irmãos e irmãs, de fato, a Escola Bíblica Dominical, a EBD, tem sido um instrumento de grande importância para o conhecimento das Sagradas Escrituras e pregação do Evangelho nos últimos dois séculos. Valorize esse tempo. Participe da EBD, trabalhe por ela, seja assíduo todos os Domingos, estude as lições e a Bíblia, traga visitantes, ore por ela. Ensine seu filho a valorizar a EBD. Ora, a Escola Bíblica Dominical é uma agência da Palavra por excelência.

Assim, termino essa breve reflexão adaptando uma frase do luterano Franklin Clark Fry: “a pessoa que diz que crê em Deus, mas nunca vai à Escola Bíblica Dominical, é como a que diz que crê na educação, mas nunca vai à escola”. Pense nisso.

Rev. Ângelo Vieira da Silva

COMEMORAR O NATAL É BÍBLICO?



Um simples estudo dirigido é suficiente para revelar que não existem ordenanças bíblicas especificas para a celebração do nascimento de Cristo. De fato, o Natal não era observado como uma festividade até muito após o período bíblico. Ao que parece, não foi antes de meados do século V – ou durante o VI – que a data recebeu algum reconhecimento oficial. Entretanto, a pergunta permanece ecoando entre os cristãos no fim de cada ano: podemos comemorar o Natal?

Entenda: a maioria dos cristãos protestantes compreende que celebrar o Natal não é uma questão de certo ou errado. Leia Romanos 14.5-6, por exemplo. Esse texto nos fornece a liberdade para decidir se observaremos ou não dias especiais: "um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente convicto em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz. E quem come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come, para o Senhor não come, e dá graças a Deus". Logo, um cristão pode, legitimamente, separar qualquer dia — incluindo o Natal — como um dia para o Senhor. Sim, creio que essa comemoração proporciona aos crentes uma grande oportunidade para exaltar Jesus e sua obra. Assim, comemore o Natal! Não se deixe pastorear pelo medo que muitos líderes criam ao inventar teorias conspiratórias como se tudo fosse "do diabo". Pelo contrário, estabeleça que "este é o dia que o SENHOR fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nele" (Sl 118.24).

Gostaria de apresentar outras razões para a celebração do Natal. Primeiro, essa temporada enfatiza a lembrança das grandes verdades da encarnação do Deus Filho. Recordar Cristo e as boas novas é um tema prevalecente no Novo Testamento (1 Co 11.25; 2 Pe 1.12-15; 2 Ts 2.5). Veja o Natal em uma perspectiva didática, na qual a verdade é repetida para não ser esquecida. Assim, a celebração dessa data será uma grande oportunidade para recordar o nascimento de Cristo e nos maravilharmos ante o mistério da encarnação do Verbo de Deus.

Segundo, o Natal pode ser um tempo de adoração reverente. O que a Igreja precisa manifestar todos os dias, pode ser conclamado com mais vivacidade nas comemorações de Natal, afinal, os pastores glorificaram e louvaram a Deus pelo nascimento de Jesus, o Messias; eles se regozijaram quando os anjos proclamaram que em Belém havia nascido o Salvador, o Cristo e Senhor (Lc 2.11). O bebê deitado na manjedoura é o Senhor, o “Senhor dos senhores e Rei dos reis” (Mt 1.21; Ap 17.14). Assim, a celebração dessa data será uma grande oportunidade de adoração ao nosso Deus.

Finalmente, a terceira razão é essa: acredito que as pessoas tendem ser mais abertas ao evangelho durante as festividades de Natal. Perfeitamente natural! Logo, crendo na ação sobrenatural do Espírito Santo, devemos aproveitar dessa abertura para testemunhar da graça salvadora de Deus, através de Jesus Cristo: "portai-vos com sabedoria para com os que são de fora; aproveitai as oportunidades" (Cl 4.5). O Natal é sobre o Messias prometido, que veio para salvar seu povo dos seus pecados. Assim, a celebração dessa data será uma grande oportunidade para compartilharmos essa mensagem graciosa.

Embora nossa sociedade tenha deturpado a mensagem do Natal através do consumismo, dos mitos e das tradições vazias, não devemos deixar que esses erros nos atrapalhem apreciar o real significado da festividade. Deite fora o Papai Noel! Entronize Jesus no centro de seu Natal, no alto de sua árvore de Natal, com seus familiares na ceia de Natal! Aproveitemo-nos dessa data para lembrarmos dEle, adorá-Lo e fielmente testemunhar dEle.

Feliz natal!
Rev. Ângelo Vieira da Silva

UMA OPINIÃO SOBRE A ÁRVORE DE NATAL


O fim de ano é marcado por algumas certezas e incertezas. Exemplifico: é certa a vasta utilização de um símbolo que passa a iluminar residências, lojas e lugares públicos: a árvore de Natal. Entretanto, a recorrente incerteza dos cristãos se devem ou não participar de tal tradição também é notória. Entre o sim e o não, muita desinformação acaba por formar opiniões desajustadas à Bíblia. Pretendo, mais uma vez, tentar esclarecer o assunto a fim de que celebremos o Natal como um memorial simbólico do nascimento do Rei dos Reis, do Senhor dos Senhores, Jesus Cristo.

Muitos defendem que a árvore de Natal (ou o pinheiro enfeitado) desempenha um papel importante na referida data relembrando que os cristãos da antiga Europa ornamentavam suas casas com pinheiros no Natal, a única árvore que permanece verde nas imensidões da neve. Algumas fontes descrevem que na Alemanha do  século XVI* havia o costume das famílias decorarem árvores com papel colorido, frutas e doces, tradição que teria se espalhado pelo Velho Mundo e, consequentemente, aos Estados Unidos.

Outras fontes sugerem um contexto ainda mais distante para a tradição, anterior ao próprio Cristianismo. Nesse contexto à árvore do Natal seria um símbolo da vida, o que não seria exclusividade da religião cristã. Antes de Cristo, no antigo Egito, algumas fontes descrevem que os egípcios costumavam trazer galhos verdes de palmeiras para dentro de suas casas no dia mais curto do ano em dezembro como um símbolo de triunfo da vida sobre a morte. Outros mencionam os druidas, que teriam o costume de decorar velhos carvalhos com maçãs douradas para as festividades desse mesmo dia do ano.

Já dentro de uma visão intolerante, muitos asseveram a ilegitimidade desse símbolo para o Natal. Poderiam citar, por exemplo, a Enciclopédia Barsa que descreve a origem germânica da árvore de Natal “datando do tempo de São Bonifácio. [Ela] foi adotada para substituir os sacrifícios ao carvalho sagrado de Odim, adorando-se uma árvore, em homenagem ao Deus-menino”. Outros opositores citam uma lenda babilônica na qual um pinheiro nasceu de um velho tronco. O velho tronco morto era Ninrod, que a Bíblia descreve como um neto de Ham (Cam), filho de Noé, "um poderoso caçador contra o Senhor" (Gn 10.9), isso é, em posição contrária a Deus, e fundador de Babel.**

Como os argumentos supracitados são mais difíceis de se comprovar, muitos apelam para interpretações anacrônicas de textos bíblicos. Por exemplo, muitos cristãos acham que em Jeremias 10.2-4 Deus, explicitamente, condena o uso de árvores de Natal. Há uma semelhança entre a coisa descrita no livro de Jeremias e a árvore de Natal, é verdade. Semelhança, no entanto, não é o mesmo que identidade. O que o profeta descreveu era um ídolo, uma representação de um falso deus: “como o espantalho num pepinal, não podem falar; necessitam de que os levem, pois não podem andar. Não tenhais receio deles; não podem fazer o mal, nem podem fazer o bem” (Jr 10.5). As referências bíblicas paralelas ao texto de Jeremias (Is 40.18-20; Is 10.18-20) esclarecem que o profeta tem em mente um objeto de adoração e não uma árvore de Natal. A semelhança é meramente superficial.

Assim como não há evidências que a árvore de Natal se origine da adoração pagã de árvores do contexto acima, também não há mandamentos bíblicos claros que aprovem o seu o uso. Fundamentar-se no "cipreste" (Os 14.8) ou no “tronco/renovo” (Is 11.1; Is 53.2; Jr 33.15) para aprovar o uso desse símbolo é forçar o texto bíblico. Obviamente, os autores inspirados não falam da árvore de Natal. Seria mais coerente concordar com a Enciclopédia Britânica, que menciona a origem da moderna árvore de Natal no principal esteio de uma peça medieval sobre Adão e Eva, na antiga Alemanha Ocidental. Nela, uma árvore de pinheiro com maças representava a "Árvore do Paraíso", uma encenação do jardim do Éden. Os alemães montavam tal árvore nos seus lares no dia 24 de dezembro, por ocasião da festa religiosa em torno de Adão e Eva. A Enciclopédia ainda revela que eles penduravam bolinhos delgados e biscoitos de vários formatos no pinheiro, além do uso de velas que simbolizavam a luz de Cristo.

Dito isso, não creio que as Escrituras Sagradas condenem o uso da árvore de Natal. Acredito que o uso ou não desse símbolo deve ser avaliado na premissa individual do cristão frente à Palavra de Deus. Não a tenho como símbolo pagão, mas de um dia muito especial, memorável, profético, o nascimento do Salvador. Ela simplesmente marcará um tempo: a chegada do natal. Ora, se esse tão antigo símbolo não foi objeto de profundas discussões ao longo dos séculos, por que seria agora? O que mudou? O silêncio dos reformadores parece-nos direcionador.

Observando as devidas proporções, não há nada essencialmente maligno sobre a árvore de Natal. Como o mito moderno de Papai Noel, trata-se de uma tradição relativamente recente. Durante séculos as pessoas celebraram o Natal sem a tal árvore e sem o semi-divino residente do Pólo Norte. O que é essencial ao Natal é Cristo! No entanto, isso não quer dizer que devemos jogar fora as árvores. Aprenda a usar a liberdade cristã para adotar tradições sadias e usá-las para ensinar os filhos sobre Cristo, ou para celebrar seu nascimento. Sejamos sábios e sóbrios; não sejamos extremistas. Vejamos o Natal com consciência de seu significado, independentemente dos símbolos que adotarmos para o encenar.

Pense nisso e feliz Natal!

Rev. Ângelo Vieira da Silva

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* Alguns mencionam um registro de Martinho Lutero que, caminhando à noite, teria olhado para o céu estrelado atrás de um pinheiro. Pensava em uma forma de celebrar o Natal com a família. De repente, ao olhar aquele pinheiro com as estrelas brilhando ao fundo, pensou em uma árvore com velas brilhando, imitando estrelas. Lutero, então, teria cortado um pinheiro, o levado para casa e, juntamente com os filhos, decorado com frutas, laços coloridos e finalmente, com velas que acendiam as noites enquanto falavam sobre a vinda de Jesus, que trouxe luz às nossas trevas. Ess história é bela, mas admito que ainda não a encontrei nos escritos de Lutero.

** Dentro desta visão, vêem Ninrod como o homem que criou a instituição de ajuntamentos (cidades); construiu a torre de Babel (Gn 11.1-9) como um quádruplo desafio a Deus (ajuntamento, tocar aos céus, fama eterna, adoração aos astros); fundou Nínive e muitas outras cidades; e organizou o primeiro reino deste mundo. Segundo a lenda, e alguns escritos antigos, Ninrod casou-se com sua própria mãe, cujo nome era Semíramis. Depois de ele ter morrido, sua mãe-esposa propagou que Ninrod teria renascido (a doutrina da reencarnação) em seu filho Tamuz. Portanto, o velho tronco morto (Ninrod) teria renascido no pinheirinho chamado Tamuz! Daí, todo um culto pagão (muito antigo) começou: Semíramis se converteu na "rainha do céu" e Ninrod (encarnado em seu filho Tamuz) se tornou o "divino filho do céu"! Esta veneração de "a Madona e seu filho" (o par "mãe influente, filho poderoso e obediente à mãe") se estendeu por todo o mundo, com variação de nomes segundo os países e línguas. Que paralelo com a moderna adoração à Maria (a "Rainha do céu" nos dias de hoje), e muitos anos antes do nascimento de Jesus Cristo.