O sentido histórico da “Páscoa” não pode ser vedado ou omitido por judeus e cristãos. O “Pessach”remonta a principal festa do judaísmo em comemoração à libertação dos israelitas da escravidão do Egito, feito administrado por Moisés e selado com a “passagem” do povo hebreu pelo Mar Vermelho há mais de 3.200 anos (Ex 12.1-28; Lv 23.5-8, Nm 9.1-14). Igualmente, no pacto da graça, entre os cristãos, celebra-se a ressurreição de Jesus Cristo no chamado dia do Senhor, o domingo (Lc 24.1; At 20.7; 1 Co 16.2 e Ap 1.10). Esta “Páscoa de Cristo” é uma lembrança viva do “sacrifício do Cordeiro” de Deus na cruz, que possibilita a “libertação da escravidão do pecado”.
O parágrafo acima é uma síntese bíblica da Páscoa judaico-cristã, bem diferente do modelo alemão trazido pelos imigrantes no século XVIII ou do padrão mercadológico com ênfase no consumo do chocolate e afins ou, até mesmo, de referências históricas aos primeiros cristãos na história do cristianismo. O primeiro refere-se a uma tradição alemã na qual o coelho visitava as crianças e escondia os ovinhos para que fossem procurados; o segundo diz respeito à fabricação, venda, e consumo de um produto muito saboroso e rentável, tal como na cultura maia e asteca, que tornou o chocolate sua moeda de troca, devido seu valor sagrado equiparado ao ouro. Finalmente, o terceiro faz alusão à registros históricos de cristãos primitivos que tingiam diferentes ovos não comestíveis com cores da primavera para presentear os amigos, como um simbolismo de ressurreição, do início de uma vida nova.
Entre variados sentidos para a Páscoa, o cristão firmado nas Escrituas celebra sua festa pela fé (Hb 11.28), pois acredita em uma revelação progressiva de redenção do Antigo ao Novo Testamentos. Se algo pode bem representar o sentido da Páscoa é o termo correspondente hebreu: “Pessach”, isto é, passagem. No sentido judaico, a passagem refere-se ao dia que saíram do Egito rumo à terra que mana leite e mel, ao dia em que os escravos israelitas foram libertados por seu Deus. O sentido cristão aponta para o sacrifício do Cordeiro de Deus que possibilita a ressurreição daquele que está morto espiritualmente, a libertação daquele que é escravo do pecado. Assim, aplico à nossa Páscoa de hoje uma oportunidade de adoração ao nosso Deus por ter possibilitado a redenção de seu povo, por ter feito a “passagem”. Entenda assim:
1. PÁSCOA É A PASSAGEM DO PIOR PARA O MELHOR LUGAR.
Do Egito para Canaã, da grande Babilônia para a Nova Jerusalém… Páscoa é a passagem do pior que o ser humano pode viver e experimentar para uma nova e bendita realidade que só Deus pode proporcionar mediante nosso Cordeiro pascal, Jesus (1 Co 5.7).
2. PÁSCOA É PASSAGEM DAS TREVAS PARA A LUZ.
Deus trouxe luz ao que estava nas trevas, amando uma raça eleita, um sacerdócio real, uma nação santa, um povo de propriedade exclusiva do Senhor, que anuncia a Luz do Mundo aos homens (1 Pe 2.9; Mt 5.14).
3. PÁSCOA É PASSAGEM DA MORTE PARA A VIDA.
Os homens estão mortos em seus delitos e pecados, mas Jesus é vida e vida em abundância. Como ele declarou: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (Jo 11.25).
Pense nisso e feliz Páscoa!
Rev. Ângelo Vieira da Silva
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