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UMA OPINIÃO SOBRE AS SUPERSTIÇÕES NO FIM DE ANO


Deliberadamente, o cristão comprometido com as Escrituras se vê diante de muitos dilemas culturais os quais necessita ler à luz de sua fé. As superstições no fim de ano são um bom exemplo disso, pois, aparentemente, são muitos que estabelecem um apego e crença exagerados (até infundados) em coisas – roupas, alimentos, pessoas, atitudes, simpatias – puramente casuais.

Muito ligado à religiosidade ou à “sabedoria popular”, o conceito de superstição aborda as atitudes recorrentes que induzem ao conhecimento de falsos deveres, ao receio de coisas fantásticas e à confiança em coisas ineficazes, seja pelo temor ou pela ignorância, o que também pode ser chamado de crendice. Por isso, trago aqui uma singela opinião sobre o assunto, a fim de ajudar cristãos que necessitem de mais esclarecimentos e ainda não souberam como lidar com as superstições “obrigatórias” para o êxito na vida. Observe algumas delas:

(1) AS CORES OBRIGATÓRIAS

É sabido que o branco é a cor mais popular no Réveillon, mas as superstições quanto às cores são inúmeras. Muitos julgam que o branco trará paz, o vermelho/rosa guiará a um novo amor ou paixão, o verde/amarelo/laranja atrairá dinheiro e o violeta proporcionará estabilidade, etc.. Todavia, o tom que confere sucesso na vida envolve a matiz do trabalho, caráter e sabedoria, crendo que Deus opera em cada uma das nuances.

(2) AS COMIDAS OBRIGATÓRIAS

Assim como o peru está para o Natal, vários alimentos aparecem na lista de superstições para o novo ano. Na crendice popular, entre animais e frutos, o porco ajudará na prosperidade, o peixe fisgará fertilidade, o carneiro trará vitalidade, as sementes de romã, uvas (comer doze à meia-noite) e maçãs plantarão abundância que, ao lado das lentilhas (também devem ser consumidas à meia-noite), atrairão riquezas. É assim que a ilusão se torna um doce alimento para a alma faminta e ávida por propósito.

(3) OS GESTOS OBRIGATÓRIOS

Há uma série de gestos supersticiosos que remontam ao novo ano que se inicia. Muitos acreditam que bolsos vazios, guardar uma rolha da garrafa de champanhe ou três sementes de romã na carteira (esse último no dia 06/01, principalmente, jogando em água corrente no final do ano), trarão o tão sonhado e desejado dinheiro. Li que dar três "pulinhos" com a referida garrafa na mão sem derramar nenhuma gota e, depois, jogar o resto para trás, sem olhar, de uma vez só, é bom para deixar para trás tudo de ruim. Usar roupas novas, jogar moedas da rua para dentro de casa, beber três goles de vinho, acender velas na praia, abraçar alguém do sexo oposto à meia-noite, jogar rosas na água, fazer barulho à meia-noite, enfim, ter pensamento positivo... Inutilmente, esses gestos prometem afugentar o mau do mundo.

Biblicamente, o cristão é impelido a evitar superstições, simpatias e crendices quando reflete sobre o posicionamento divino em relação aos adivinhadores, prognosticadores e agoureiros (Dt 18.9-14; Ez 13.23; Mq 5.12), que praticavam abominação ao observar sinais para predizer o futuro e aconselharem os israelitas. Estas “mágicas” devem ser abandonadas por amor a Cristo (At 19.19). Além disso, confiar em superstições é envolver-se com um engano cultural em detrimento a fé real pela qual nos movemos e vivemos (Hc 2.4; Rm 1.17; Gl 3.11). 

O mundo é mais carente a cada dia. Promessas para conquistar um novo amor, prosperidade, fortuna e felicidade a partir de superstições são um convite ao engano. O cristão comprometido com a Palavra de Deus sabe que é o Senhor Jesus quem suprirá cada uma de suas necessidades (Fp 4.9-20). Deus pode fazer-nos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, super abundemos em toda boa obra (2 Co 9.8). Entregue e confie sua vida a Ele, a Jesus, não às superstições. Deus é quem te guarda (1 Tm 1.12). E assim, com o advento do novo ano, coma e beba para a glória de Deus (1 Co 10.31; Cl 3.17), não por causa das superstições.

Feliz ano novo!
Rev. Ângelo Vieira da Silva

QUEM É JESUS PRA VOCÊ?


“Também sabemos que o Filho de Deus é vindo e nos tem dado entendimento para reconhecermos o verdadeiro; e estamos no verdadeiro, em seu Filho, Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1 Jo 5.20).

É possível verificar como a heresia gnóstica tentava arrebatar a mente de muitos cristãos nos primeiros séculos da cristandade. O gnosticismo, dentre outros sofismas, apresentava um Jesus "diferente", afirmando que a encarnação do Verbo era impossível. Por que? Pela crença da "matéria" (carne) ser, essencialmente, "má". A leitura atenta do Evangelho e Cartas joaninas comprovará a postura apologética frente a esta percepção de quem era o Cristo. Ora, o Espírito Santo inspirou as Escrituras, armando a defesa do povo de Deus naqueles dias. 

Surpreendentemente, não é tão diferente em nossos dias. Se pergunta fosse "quem diz o povo ser o Filho do Homem?" (Mt 16.13), a resposta irá além de João Batista, Elias, Jeremias ou algum dos profetas. Com novas “roupagens”, estilos e ensinos deturpantes, muitas pessoas e religiões apresentam Jesus como um simples judeu, outro profeta, um avatar, uma espécie de fantasma, um anjo, o irmão de “Lúcifer”, um santo iluminado, a primeira criação de Deus, o Oxalá novo ou, até mesmo, um simples homem. Tempos estranhos…

Pense comigo: se os discípulos amados de Jesus propuseram pastorear os cristãos frente as investidas heréticas contra a verdade da encarnação do Verbo de Deus, precisamos da mesma atitude urgentemente. No meio de tantas “ideias” sobre Jesus necessitamos aprsentá-lo como Ele é. São tantas caricaturas do “Cristo”, que mesmo cristãos podem se confundir, enveredando-se em caminhos tortuosos. Daí esta pequena reflexão no texto joanino. Assim, o Espírito que habita na Igreja se instrumenta de Sua Palavra para esclarecer sobre:

(1) JESUS E SUA VINDA

O texto registra: “Também sabemos que o Filho de Deus é vindo...”. Esta frase demonstra convicção. Certo que o mundo jaz no maligno (1 Jo 5.19), João reconhece que a vinda de nosso Senhor é certa: Ele veio. Jesus foi enviado: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17.3). Agora, resta retornar para concluir sua obra. Como disse Agostinho de Hipona, “quem ama a vinda do Senhor não é aquele que afirma que ela ainda está distante nem aquele que diz que está perto. É aquele que, esteja distante ou próxima, aguarda-a com fé sincera, esperança firme e amor fervoroso”.

(2) JESUS E SEU RECONHECIMENTO

O discípulo amado escreve: “...e nos tem dado entendimento para reconhecermos o verdadeiro...”. Esta frase denota urgência. Como o tempo é findo e vivemos os últimos dias, reconhecer Jesus como nosso Senhor e Salvador, como nosso Deus, é imprescindível. Este reconhcimento é impostergável. “Nunca nos esqueçamos de que a mensagem da Bíblia dirige-se em especial à mente, ao entendimento” (D. Martyn Lloyd-Jones). O entendimento é este: discernir (dianoia, gr.) quem é Jesus. “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido” (1 Jo 5.1).

(3) JESUS E SUA GRAÇA

Atribui-se ao físico francês Blaise Pascal a seguinte frase: “A felicidade não está apenas dentro de nós nem fora de nós, mas sim em nossa união com Deus”. Ora, estar unido a Cristo é prova do favor divino: “...e estamos no verdadeiro, em seu Filho, Jesus Cristo”. Tal expressão bíblica comunica graça. Estar, permanecer no Filho de Deus, é estar ligado à Videira Verdadeira, é ser guardado nas mãos fiéis do Pai. Nada poderá nos separar. Portanto, “permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim” (Jo 15.4).

(4) JESUS E UMA CONFISSÃO

João conclui: “...Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna”. Esta frase é uma confissão. O discípulo amado declara sua fé inalterável ao afirmar que Jesus é verdadeiramente Deus e verdadeiramente a Vida eterna. Eis um testemunho necessário nestes dias maus. Li que “testemunhar não é algo que fazemos; é algo que somos”. Ora, por que não amas as atitudes? Aquele que é testemunha, testemunha; aquele que tem fé, confessa, declara. “Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; E nós temos visto e testemunhamos que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo” (1 Jo 4.2, 14). 

Finalmente, gostaria apenas de assinalar que o tempo verbal grego utilizado por João neste versículo (presente) representa que os quatro aspectos supracitados envolvem progressividade, continuidade, proximidade e urgência na ação. Afinal, vivemos os últimos dias. Não deixe para amanhã; busque o Jesus verdadeiro hoje. É urgente! 

Rev. Ângelo Vieira da Silva

ESPIRITISMO: UMA REFLEXÃO PASTORAL


É inevitável! Mais cedo ou mais tarde, pastores protestantes se depararão com questionamentos acerca das doutrinas espíritas, sejam aquelas de origem europeia (como o kardecismo), sejam aquelas provindas da África (como a Umbanda), sejam elas correntes esotéricas (como a Teosofia), sejam elas correntes científicas (como o estudo da paranormalidade).

Lembro-me como se fosse ontem… Em 01/04/2011 estreava em todo Brasil mais uma produção espírita: “As mães de Chico Xavier”. Sob o danoso problema da saudade dos parentes falecidos, o longa apresentava três mães em busca do conforto no principal médium brasileiro, Francisco Cândido Xavier. Um pouco antes (2010), o filme “Nosso lar” apresentava uma dimensão de paz além do purgatório e, antes destes, películas famosas revelavam como os vivos e mortos poderiam se ajudar mutuamente, tais como “O sexto sentido” e “Ecos do além” (ambos de 1999). Reflitamos a partir deste pequeno recorte histórico…

O crescente e amplo espectro de produções espiritistas devem levar o cristão a uma reflexão bíblica profunda. Apesar de muitas declarações espíritas se adornarem com certo encanto, à luz da Escritura não vemos na caridade a base da salvação, não aprendemos a pluralidade de divindades ou entidades que nos evoluem, não conectamos valores morais ao universo, não explicamos o mundo espiritual como forças psíquicas. Resumidamente, portanto, o espiritismo não é um caminho libertador; “porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho que se deve prestar em tempos oportunos” (1 Tm 2.5-6).

Tal síntese soteriológica de Paulo deveria ser suficiente para a mais fundamental das atitudes cristãs: a defesa da fé. Entretanto, esse tema é bem mais complexo no cuidado pastoral diário. Já me deparei com cristãos protestantes atraídos pelo espiritismo em razão do amor familiar, por exemplo. Ora, não são poucas as pessoas que participam de sessões espíritas desejando conversar com seus entes falecidos mais queridos. Afinal, para esses, um recado do além pode ser bem consolador em muitos casos dramáticos.

Utilizando-se de conceitos bíblico-cristãos, como uma postura ecumênica, mensageiros espíritas também ensinam um caminho ou destino imitantes, como se espiritismo e cristianismo fossem fundamentos da mesma verdade ou simplesmente se completassem mutuamente. Tal método gera confusão em alguns cristãos. A mensagem espírita, todavia, não compreende corretamente o pecado original, suas consequências judiciais e o inferno; prefere apontar um caminho abarrotado de oportunidades de melhoramento e evolução diante de si e por si mesmo.  Note que o princípio espírita não se harmoniza com as Escrituras Sagradas.

Nesta breve reflexão pastoral quis apontar um problema inevitável, uma realidade observável e uma conclusão indubitável. O embaraço de muitos cristãos diante das doutrinas espíritas deve acentuar a missão pastoral: “prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina” (2 Tm 4.2). A mídia continua e acentua a difusão do espiritismo no Brasil e no mundo: em séries (“Vida após a morte”, “Outros”), em novelas (“A Viagem”, “Além do tempo”), em livros (Chico Xavier e Jorge Amado), etc..

Ora, a Igreja de Jesus ainda precisa lutar pela Verdade. Preparados para responder a qualquer um (1 Pe 3.15), os santos devem batalhar por tudo que receberam do seu Salvador (Jd 3). Aproveito para relembrar que a Palavra de Deus condena a consulta aos mortos (Is 8.19-20; Dt 18.9-12) e ressalta ser impossível ao homem a comunicação com os mesmos (II Sm 12.22-23). A mediunidade é abominação (II Re 23.24) e as adivinhações são obras das trevas (At 16.16). A Bíblia é clara ao demonstrar que depois da morte só há juízo (Hb 9.27). 

Pense nisto e que Deus nos abençoe.

Rev. Ângelo Vieira da Silva

TONS ESSENCIAIS PARA UM NOVO ANO


O que uma “palavra” pode transmitir mesmo sendo uma unidade mínima, solitária? A resposta é: muito! Aliás, tanto bênçãos como maldições. A advertência está em Tiago 3.10: “De uma só boca procede bênção e maldição”. Popularmente, ouvimos que nossa palavra tem poder, poder para levantar pessoas e derrubá-las, para alegrar pessoas e entristecê-las, para ajuntar e separar. Com o advento de um novo ano, é mister que repensemos nossas ações e façamos uma santa transição, substituindo o uso de maléficas palavras por abençoadoras falas.

Voltemos ao Reino Unido de Israel nos dias finais do homem segundo o coração de Deus. A nação vivia um tempo de transição quando se aproximavam os dias da morte de Davi. Salomão assumiria o trono. Diante dessa questão, Adonias veio a Bate-seba, mãe de Salomão, e disse: “Uma palavra tenho que dizer-te. Ela disse: fala” (I Re 2.14). Naquela época as pessoas se preocupavam com as transições e uma palavra sempre se fazia necessária; elas influenciariam um continente inteiro. Assim como Adonias tinha uma palavra para Bate-seba sobre o reino de Davi, Deus tem uma Palavra sobre Seu Reino para Sua Igreja; uma Palavra de três tons fundamentais para o novo ano (neste sentido, tom é o modo de se expressar). A preocupação com transições precisa ser recíproca no povo de Deus. Deus tem uma palavra a nos dizer e precisamos responder: “Fala Senhor, que teus servos estão ouvindo”!

1. UM TOM DE BUSCA DO SENHOR (Is 55.6)

O que a Palavra de Deus nos ensina a priorizar em nossa busca? Não são os bens desta terra, com certeza. Na verdade, Isaías diz: “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto”. Paulo fala para buscarmos as coisas do alto, não as que são da terra (Cl 3.1-2). Jesus nos ensinou a buscar o Reino de Deus e sua Justiça e todas as demais coisas serão acrescentadas (Mt 6.33).

2. UM TOM DE TEMOR DO SENHOR (Pv 9.10)

Um homem sábio pode dizer: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria...”. Temer é respeitar e até ter medo de Deus, no sentido bíblico. Diplomas de terceiro grau, mestrados ou doutorados não podem ser equiparados à sabedoria que só vem de Deus. Essa é a sabedoria que Salomão pediu para conduzir o reino de seu pai (I Re 3) e que Tiago nos incentiva a pedir a nosso Pai (Tg 1.5-6).

3. UM TOM DE TESTEMUNHO DO SENHOR (At 1.8):

Para que estamos aqui senão para testemunharmos do maior acontecimento já ocorrido na Terra (a encarnação do Verbo de Deus)? Nosso Mestre disse: “mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra... [e até onde você está!]”. Somos embaixadores de Cristo (2 Co 5.20), luz do mundo (Mt 5.14) e sal da terra (Mt 5.13).

Pense nisso e tenha um abençoado ano novo.

Rev. Ângelo Vieira da Silva