ALEGORIAS PARA O ANO NOVO


Juntamente com as comemorações de ano novo emana a esperança de uma etapa melhor em cada pessoa, não importando sua cultura, raça ou sexo. Esse sentimento certamente habitava no povo babilônico há 2.800 a.C. (primeiras referências a uma comemoração de passagem de ano), passando pelo Imperador Júlio César em 46 d.C. até hoje, consolidado na maioria dos países. 

Ano novo, fogos e barulho. Essa é uma conbinação esperada no mundo inteiro. Podemos imaginar os fogos de artifício estourando em meio aos buzinaços dos carros, apitos e gritos de alegria da multidão. Há quem diga que tanto estardalhaço serve para espantar os maus espíritos (como se fosse possível!). Não é à toa que essa festa é considerada a mais barulhenta do mundo. Todavia, a grande verdade é que todos se reúnem para celebrar o novo. 

Ano novo, roupa nova. Tradições fazem parte desse tempo. Vestir uma peça de roupa que nunca tenha sido usada combina com o desejo de renovação no novo ano. Esse costume é universal e aparece em várias versões, como trocar os lençóis da cama e usar uma roupa de baixo nova. Muitos optam pelo branco. No final, todos querem celebrar a chegada de um novo tempo. 

Em muitas partes do mundo o ano novo será comemorado com esplendor. A Times Square americana, as pessoas nas janelas das casas portuguesas batendo panelas para festejar, a visão deslumbrante dos franceses frente a Torre Eiffel, as doze uvas sendo comidas por cada espanhol à meia-noite, a multidão brasileira na praia de Copacabana, etc... todos estarão felizes pelo novo ano que se aproxima. 

A Igreja de Jesus tem motivos muito mais excelentes para celebrar o novo, o ano novo. Valendo-me de uma alegoria bíblica, vejo Deus declarando a importância de um novo ano: “Este mês vos será o principal dos meses; será o primeiro mês do ano” (Ex 12.2). Janeiro poderá ser o principal mês de sua vida. Geralmente o temos como o mês do descanso. Mas, por que não fazer dele o mês do conserto com Deus? Do compromisso com Jesus? Da obediência ao Santo Espírito? 

Usando novamente um princípio alegórico, vejo Deus no primeiro mês destacando uma das principais festas de Israel: “no mês primeiro, aos catorze do mês, no crepúsculo da tarde, é a Páscoa do Senhor” (Lv 23.5). Quem sabe não será nesse tempo, no primeiro mês do ano, que você irá refletir sobre a importância da Páscoa, da saída do Egito, das trevas, da morte. O Cordeiro foi morto... Lembre-se! 

Alegorizando, lembro-me de Jesus declarando: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor” (Lc 4.18-19). Esse pode ser o ano aceitável do Senhor em sua vida; entenda que o Espírito Santo de Deus pode guiá-lo no cumprimento de Sua vontade e Missão. Sim, celebre o ano novo... Mas, o faça com determinação de mudança genuína. 

Rev. Ângelo Vieira da Silva

A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL


Eis uma breve reflexão sobre uma das estratégias educacionais da igreja protestante em geral: a Escola Bíblica Dominical, a EBD. Cabe ao pastor, junto ao Conselho e aos professores, observar e direcionar tal escola para produzir crescimento espiritual na vida dos amados irmãos, sejam crianças, adolescentes, jovens ou adultos. É importantíssimo discutir o currículo, sobre o espaço físico, faixas etárias, escalas, dentre outros. Tudo visa a melhoria da educação cristã e da EBD para a glória de Deus.

Pergunto: qual é a importância do professor na EBD? Ora, o professor cristão precisa entender que ele é um discipulador, um modelo para o aluno. Professor é aquele que professa, que põe em prática, o conteúdo de uma vida (Cristo), discipulando vidas (alunos) para formar vidas. Portanto, é aquele que ensina e professa como viver e agradar a Deus tendo como Modelo o Mestre dos mestres, o Senhor Jesus. Assim, é fundamental que o professor tenha experimentado a salvação em Cristo Jesus e se dedique na preparação das lições para que, agora, passe para outros a experiência de uma vida transformada, de tal modo que esses não possam negar que ele fala daquilo que tem visto, ouvido e vivido.

Em termos de “educação cristã”, participamos da EBD com o intuito de aprender. Qual é o significado disso? Certamente, aprender é mais do que guardar conteúdo na memória; é mais do que aquisição de conhecimento; mas, é colocar em prática o aprendizado em todos os aspectos da vida. “Conhecer é sentir a força do conteúdo conhecido de maneira que este atue na prática da vida” (C. B. Eavey). Por isso, não me esqueço do significado de “educação” que aprendi no seminário na ótica do moraviano J. A. Comenius: “a educação cristã precisa ser vista pelos cristãos como a busca do aperfeiçoamento integral do homem. A Educação cristã é o processo que visa desenvolver, de forma progressiva e contínua, o caráter de Cristo nos alunos”. Não podemos ter uma ótica diferente desta.

Alguém pode questionar: para quê EBD? Respondo com as primeiras lições que recebi quando conheci a Cristo e iniciei meu desenvolvimento espiritual. A superintendente da EBD na Igreja Presbiteriana de Mutum/MG no final dos anos 90, minha querida professora Nilva Alves Teixeira, reportou a todos algumas razões para essa estratégia educacional:

(1) Ensinar a Revelação Bíblica (eis a tarefa principal. A Bíblia é o Livro-texto desde sua fundação em 1780 com Robert Rakes, na Inglaterra);

(2) Mostrar o propósito da Revelação Bíblica (levar o homem a uma relação pessoal com Deus por meio da fé em Jesus Cristo);

(3) Alcançar as multidões (por influência, levar o ensino da Palavra aos lares, aos locais de negócios, à sociedade, etc.); e

(4) Edificar a Igreja (não é uma mera rotina, mas um estudo focado que traz benefícios à vida espiritual).

Tal lembrança me faz atestar o objetivo da EBD que pessoalmente creio: buscar a excelência da transmissão da Palavra de Deus mediante uma estrutura leve e funcional. É o que se espera da classe de adultos, de jovens e novos membros, de todo o departamento infantil. 

Amados irmãos e irmãs, de fato, a Escola Bíblica Dominical, a EBD, tem sido um instrumento de grande importância para o conhecimento das Sagradas Escrituras e pregação do Evangelho nos últimos dois séculos. Valorize esse tempo. Participe da EBD, trabalhe por ela, seja assíduo todos os Domingos, estude as lições e a Bíblia, traga visitantes, ore por ela. Ensine seu filho a valorizar a EBD. Ora, a Escola Bíblica Dominical é uma agência da Palavra por excelência.

Assim, termino essa breve reflexão adaptando uma frase do luterano Franklin Clark Fry: “a pessoa que diz que crê em Deus, mas nunca vai à Escola Bíblica Dominical, é como a que diz que crê na educação, mas nunca vai à escola”. Pense nisso.

Rev. Ângelo Vieira da Silva

O PONTO FRACO DE DEUS


É praticamente impossível encontrar alguém que não tenha assistido ou lido algo a respeito do espetacular “Os Vingadores” (The Avengers, 2012), filme da Marvel Studios. Os mais antenados sabem que se trata de uma das maiores bilheterias do cinema, repleto de prêmios e indicações, de interligados conceitos e incríveis efeitos especiais. Há muita ação e emoção nessa obra de ficção, é verdade... Porém, é o humor que muitas vezes nos chama a atenção. No filme, esse atinge seu clímax na luta final entre Hulk (super-herói) e Loki (deus nórdico das trapaças, filho de Odin). Após cair, depois de esnobar a flecha lançada pelo Gavião Arqueiro, Loki é empurrado por Hulk para dentro da Torre Stark e brada arrogantemente: “Já chega! Vocês são todos inferiores a mim! Eu sou um deus, criatura ridícula! E eu não serei parado por um...”. O diálogo é interrompido por uma sequência de golpes do Gigante Esmeralda sobre o franzino deus que, arremessado de um lado para o outro, fica no chão, humilhado, quebrado e com dores. Hulk o deixa ali dizendo: “deus fraco”. Uma cena hilária!

Quem poderia imaginar que o conceito de um “deus fraco” não seria exclusivo da ficção. Ora, a realidade é que, ao longo da história, muitos homens tentaram diminuir o único e verdadeiro Senhor, Aquele que é chamado de Todo-poderoso, o Altíssimo de Israel, o Deus do Cristianismo. Suscitaram a controvérsia da encarnação do Verbo, na qual Deus teria se enfraquecido por se tornar homem. Incitaram o engano modalista, na qual Deus teria se enfraquecido por ser triúno. Argumentaram a favor do livre-arbítrio pelagiano, na qual Deus teria se enfraquecido por sua graça ser resistível ao homem. Pregaram uma teologia de prosperidade, na qual Deus teria se enfraquecido por ser obrigado à abençoar. Enfim, muitas foram as controvérsias que, essencialmente, fazem o El Shaddai parecer um “deus fraco”.

Não se surpreenda, portanto, se alguém mencionar que “Deus tem um ponto fraco”. Infelizmente, na sincera tentativa de aproximar o sentido das Escrituras Sagradas para os cristãos incautos dessa geração, muitos incorrem no erro teológico, no ensino danoso, fundamentados em uma interpretação superficial do texto bíblico. Para esses, quando se trata de você, se trata do ponto fraco de Deus. “Ah, irmão... Vai ler Bíblia!”. Seria o Salmo 51.17b uma declaração da fraqueza divina? Será que Deus derramar sua graça e perdão após nosso arrependimento constitui seu ponto fraco? Não o creio.

“Coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus”, registra o pecador Davi (as traduções mais comuns são “não desprezarás” e “não rejeitarás”). Ao que parece, um coaching aqui vê um ponto fraco de Deus, mas um cristão estudioso só vê pontos de sua força e poder. Comecemos pelo cerrado coração humano (Sl 17.10). Ele é enganoso, desesperadamente corrupto (Jr 17.9). Ora, para Deus não rejeitar esse coração, precisa transformá-lo (Hb 10.22), fazê-lo novo (Ez 11.19; Ez 36.26). Ele é maior (1 Jo 3.20)! É a força de sua misericórdia em ação! É por isso que o cristão verdadeiro é bem-aventurado (Mt 5.8). Se um coração é compungido e contrito o arrependimento é uma realidade. Ora, o homem pecador tem dura cerviz (Dt 10.16; Jr 7.26; At 7.51), seus pensamentos e caminhos não são os mesmos do Senhor (Is 55.7). Entretanto, quando a graça irresistível de Deus lhe toca, a fé salvadora lhe proporciona um arrependimento genuíno (At 11.18; Rm 2.4; 2 Co 7.9). Tudo veio de um Deus forte, que sustenta os fracos por sua graça (2 Co 12.9-10). Finalmente, Deus não despreza ou rejeita o que Ele mesmo planejou e executou, criou e amou. O homem natural despreza a Deus, rejeita os seus profetas. O novo homem, nascido de Deus, glorifica Aquele que o alcançou. Simples assim. Davi sabia que era pecador, que não podia se salvar. Ele compreendia que Deus não rejeitaria um coração arrependido. Por isso, basta-nos compreender a petição anterior do rei: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro” (Sl ‭51.10‬a).

Há muitos heróis, anti-heróis e vilões que humanamente podem ser vistos como “deuses fracos”. Ah, o calcanhar de Aquiles, a kryptonita ou a magia para o Superman,  um Thor distante do seu martelo Mjolnir, o medo de amarelar para os Lanternas-verdes, a poluição para o Capitão Planeta, os olhos abertos do Ciclope, as mãos atadas/submissão da Mulher-Maravilha, o reator Arc do Homem de Ferro, a humanidade do Batman... Enfim, todos são altamente poderosos como o deus nórdico da trapaça. Todos podem ser subjugados por outros. Não são deuses. Não são eternos. Não são onipresentes, oniscientes ou onipotentes. Possuem limitações. O Deus que mudou nosso coração não é assim. Leia o Salmo 139 e aprenda. Ele é um Deus Forte.

Rev. Angelo Vieira da Silva

DESABAFOS DE UM JOVEM PASTOR


Sou um pastor presbiteriano típico, como muitos outros de nossa nação cristã. Convertido, fui batizado e professei a fé. Chamado e vocacionado, fui aprovado pela igreja local e pelo respectivo Presbitério, sendo enviado ao Seminário para melhor preparo. Terminados os estudos teológicos, a árduos exames presbiteriais fui submetido e, benevolentemente, aprovado. O resultado foi a ordenação ao Sagrado Ministério da Palavra. A partir daquele dia era mais um Ministro do Evangelho na Igreja Presbiteriana do Brasil. Pastorei e estudei um pouco mais. Validei os créditos de Teologia. Pastoreei e também conclui o mestrado. Enfim, muitos viveram o mesmo que eu. Aponto uma trajetória comum com a esperança de ser ouvido pelos companheiros. São reflexões pessoais sobre temas incomuns à tal distinta jornada. É incrível como um jovem pastor já tem muito a desabafar.

"Desabafos", essa foi a palavra que escolhi para expressar os principais pensamentos e sentimentos que me embaraçam no exercício franco do Ministério da Palavra desde que me formei em Teologia, há quase quatorze anos. São tantas declarações, aconselhamentos, visitas, leituras, ultrajes, visões, gestos, perseguições e percepções do mundo ao redor que qualquer jovem pastor ficará assustado, isso é, aqueles que queiram, sinceramente, se dedicar ao Reino. Receio por onde iniciar, mas devo desabafar.

Desabafo...No meu tempo (nem há quinze anos atrás!) havia uma legítima atmosfera pelo exercício pastoral fiel. Dela exalei, me preparei, estudei, formei e pastoreei desde então. Como num fenômeno climático devastador, a atmosfera mudou; os ares são outros. Não se pensa tanto em pastorear, "cuidar de", a não ser de si mesmo. As inspirações são a obtenção de títulos, cargos eclesiásticos de expressão, as igrejas maiores, os grandes centros; como se isso fosse ajudar a "Maria" cheia de fé que jaz no esquecimento da congregação porque o Pastor simplesmente não pastoreia. Opa! Não me julgue rápidamente... Eu mesmo estudo e encorajo a todos no caminho da busca pelo conhecimento. Minha crítica é focada em pastores desobrigados com o Ministério, que se escondem no slogan "meu dom é o de ensino". Ah, por favor! Não me venha com "xurumelas"!* Se és Pastor, és Mestre - ou deveria ser - é possível conceber a ideia de um Pastor que não ensine?

Já me sinto afadigado por ver gente despreparada usar o pastorado como trampolim para um Mestrado, Doutorado, para as Capitais e os Reais. Fazem da Teologia o "carro-chefe" e nem mesmo leram completamente a Regra, uma única vez sequer. As igrejas? Só enfraquecem. Enquanto desejam ouvir uma mensagem bíblica que lhes seja relevante, os ditos pastores preferem doutrinar a Confissão, o Credo e a Sistemática que podem ser errantes - são boas, mas não a primazia. Vigio, por mim. Não quero ser assim. Dona "Maria", precisas de mim?

Desabafo... Nos dias de aspirantado** ouvi de um mentor que pastorearia em tempos difíceis. Profecia? Revelação Celestial? Não, foi pura percepção de uma realidade onde o Ministério é acusado de Profissão, onde o Pastor é ladrão e o Ladrão é pastor, onde o Protestante é travestido de Evangélico (no sentido pejorativo do termo), onde o Culto Solene adquire status de comércio e busca por prosperidade, onde a quantidade sem qualidade é melhor do que a qualidade com quantidade.

Há dias em que penso em desistir, abandonar tudo. Seria apenas eu? Duvido. O pastor dedicado ao chamado genuíno sofre, é perseguido, incompreendido, cobrado como um empregado. Se vê espreitado entre satisfazer o Senhor que o arregimentou ou amaciar o ego da liderança que o pagou. Enquanto ora para o Senhor abrir os olhos do pecador, vê ao seu redor a hipocrisia dos fariseus pós-modernos, cegos e guias de cegos. Todavia, lembro-me do Supremo Pastor e as nuvens escuras se desfazem. Tudo se dissipa. Os olhos são descerrados e a mente recorda: o “Chamado”. Sim, a vocação sustenta nestes dias maus. A convicção de que Deus chamou dá força para seguir em frente e, mesmo angustiados na alma, tentamos ser pastores segundo o coração de Deus. Afinal, Ele tem um propósito para cada um de nós neste Ministério.

Imagino quantos desabafos poderia descrever... muitos seriam! Mas, quem ouvirá ou lerá sobre eles? Quem os reproduziria ou os subscreveria? Penso em mim mesmo. Escrevo para mim, para me lembrar. Não posso me conformar. Será possível mudar esta realidade? Quem sabe, melhorá-la, pelo menos? Enquanto há vida, há esperança, devo rememorar. Os desabafos são a oportunidade de dizer o que muitos escondem, de revelar que somos apenas simples homens. Todos precisamos desabafar. Me resta registrar: quero trazer a memória o que me pode dar esperança.

Rev. Ângelo Vieira da Silva

______________________________________

* Expressão humorística bem conhecida.
* Na Igreja Presbiteriana do Brasil, ser Aspirante é o primeiro passo no ingresso ao Ministério Pastoral.

COMEMORAR O NATAL É BÍBLICO?



Um simples estudo dirigido é suficiente para revelar que não existem ordenanças bíblicas especificas para a celebração do nascimento de Cristo. De fato, o Natal não era observado como uma festividade até muito após o período bíblico. Ao que parece, não foi antes de meados do século V – ou durante o VI – que a data recebeu algum reconhecimento oficial. Entretanto, a pergunta permanece ecoando entre os cristãos no fim de cada ano: podemos comemorar o Natal?

Entenda: a maioria dos cristãos protestantes compreende que celebrar o Natal não é uma questão de certo ou errado. Leia Romanos 14.5-6, por exemplo. Esse texto nos fornece a liberdade para decidir se observaremos ou não dias especiais: "um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente convicto em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz. E quem come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come, para o Senhor não come, e dá graças a Deus". Logo, um cristão pode, legitimamente, separar qualquer dia — incluindo o Natal — como um dia para o Senhor. Sim, creio que essa comemoração proporciona aos crentes uma grande oportunidade para exaltar Jesus e sua obra. Assim, comemore o Natal! Não se deixe pastorear pelo medo que muitos líderes criam ao inventar teorias conspiratórias como se tudo fosse "do diabo". Pelo contrário, estabeleça que "este é o dia que o SENHOR fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nele" (Sl 118.24).

Gostaria de apresentar outras razões para a celebração do Natal. Primeiro, essa temporada enfatiza a lembrança das grandes verdades da encarnação do Deus Filho. Recordar Cristo e as boas novas é um tema prevalecente no Novo Testamento (1 Co 11.25; 2 Pe 1.12-15; 2 Ts 2.5). Veja o Natal em uma perspectiva didática, na qual a verdade é repetida para não ser esquecida. Assim, a celebração dessa data será uma grande oportunidade para recordar o nascimento de Cristo e nos maravilharmos ante o mistério da encarnação do Verbo de Deus.

Segundo, o Natal pode ser um tempo de adoração reverente. O que a Igreja precisa manifestar todos os dias, pode ser conclamado com mais vivacidade nas comemorações de Natal, afinal, os pastores glorificaram e louvaram a Deus pelo nascimento de Jesus, o Messias; eles se regozijaram quando os anjos proclamaram que em Belém havia nascido o Salvador, o Cristo e Senhor (Lc 2.11). O bebê deitado na manjedoura é o Senhor, o “Senhor dos senhores e Rei dos reis” (Mt 1.21; Ap 17.14). Assim, a celebração dessa data será uma grande oportunidade de adoração ao nosso Deus.

Finalmente, a terceira razão é essa: acredito que as pessoas tendem ser mais abertas ao evangelho durante as festividades de Natal. Perfeitamente natural! Logo, crendo na ação sobrenatural do Espírito Santo, devemos aproveitar dessa abertura para testemunhar da graça salvadora de Deus, através de Jesus Cristo: "portai-vos com sabedoria para com os que são de fora; aproveitai as oportunidades" (Cl 4.5). O Natal é sobre o Messias prometido, que veio para salvar seu povo dos seus pecados. Assim, a celebração dessa data será uma grande oportunidade para compartilharmos essa mensagem graciosa.

Embora nossa sociedade tenha deturpado a mensagem do Natal através do consumismo, dos mitos e das tradições vazias, não devemos deixar que esses erros nos atrapalhem apreciar o real significado da festividade. Deite fora o Papai Noel! Entronize Jesus no centro de seu Natal, no alto de sua árvore de Natal, com seus familiares na ceia de Natal! Aproveitemo-nos dessa data para lembrarmos dEle, adorá-Lo e fielmente testemunhar dEle.

Feliz natal!
Rev. Ângelo Vieira da Silva

A ORGANIZAÇÃO DOS SERES ANGELICAIS


Os anjos existem e servem a Deus continuamente. A compreensão bíblica desse tema é essencial diante de tantos enganos, como os conceitos de “anjos cabalísticos” (conexão de anjos com signos) ou “anjos da guarda” (como protetores de criancinhas), por exemplo. Porém, você saberia dizer quantos anjos existem?

Ainda que a Bíblia não contenha nenhuma informação definida sobre o número dos anjos (Hb 12.22), há algumas indicações. Moisés destacou a expressão miríades (multidão ou dez mil) para os anjos. O salmista indicava milhares (Sl 68.17), assim como Elias pôde ver (II Re 6.17). A Palavra de Deus designa a existência de exércitos ou milícias celestiais (Sl 103.20-21; Lc 2.13). Jesus confrontou uma legião de anjos reprovados (Mc 5.9, 15) e declarou que poderia ser auxiliado por mais de doze legiões se precisasse (Mt 26.53). Finalmente, a revelação dada a João aponta a existência de milhões e milhões, milhares e milhares de seres angelicais (Ap 5.11).

É natural verificar pelas Escrituras que os “incontáveis” anjos criados por Deus são seres organizados. Eles precisam estar organizados de algum modo para serem os espíritos ministradores que as Escrituras descrevem (Hb 1.14). Assim, é importante entender que a Bíblia emprega certos nomes específicos para indicar diferentes classes de anjos.

Mesmo com poucas informações, a leitura da Palavra de Deus nos guiará à classe dos Querubins, que guardaram a entrada do paraíso (Gn 3.24) e observavam o propiciatório (Ex 25.18, 20; Hb 9.5). A visão do profeta Isaías revelou outra classe, a dos Serafins, que são representados simbolicamente: figura em forma humana, mas com seis asas, duas cobrindo o rosto, duas os pés, e duas para a pronta execução das ordens do Senhor (“voava”). Eles serviam em torno do Trono do Rei. Os apóstolos Paulo e Pedro apresentam nomes de poderes cósmicos pelo Novo Testamento sem, contudo, discutirem os pormenores. Somente interessa o fato que todos estão subordiandos a Cristo. Descrevem os Principados (Rm 8.38), as Potestades (1 Co 15.24; Ef 3.10; Cl 2.10; Cl 2.15), Tronos (Cl 1.16), Domínios ou Soberanias (Ef 1.21; Cl 1.16) e Poderes (1 Pe 3.22; Ef 1.21).

Além desses, dois anjos eleitos tem lugar especial nas revelações bíblicas. O primeiro é Gabriel que parece ter a função principal de servir como intermediário e intérprete de revelações divinas. Afinal, trouxe a Daniel a noticia do futuro de Israel, avisou Zacarias do nascimento de João Batista e declarou ao mundo a notícia do nascimento de Jesus Cristo. O segundo é Miguel, o único ser angelical descrito como Arcanjo (chefe dos anjos) na Bíblia. No livro do Profeta Daniel é retratado como Príncipe e ajudou o mensageiro celestial na luta espiritual contra as trevas (Dn 10.12, 21; Dn 12.1). No Novo Testamento Miguel é o anjo que contende com o Diabo acerca do corpo de Moisés (Jd 9) e quem o expulsa do céu, lugar onde não poderia mais acusar os cristãos. É maravilhoso destacar que o Arcanjo Miguel, o guardião de Israel, surge em Ap 12.7-9 como defensor da igreja; ninguém poderá condená-la (Rm 8.33). Aleluia.

Rev. Ângelo Vieira da Silva

A PEDAGOGIA DE JESUS


Jesus não pertenceu às classes que inter­pretavam minuciosamente a Lei, mas ensinou com profundidade. Note que Cristo Não se distinguiu como "agitador das massas". Ele não comprometeu sua mensagem com apelos em reuniões populares, práticas ritualistas ou manobras políticas. O Mestre confiou sua Causa aos prolongados e pacientes processos de ensino e de treinamento. Sim! Ele não se distinguiu primeiramente como orador, reformador, ou chefe... Mas, como Mestre: "a principal ocupação de Jesus foi o ensino. Algumas ve­zes ele agiu como curador, outras vezes operou milagres, pre­gou frequentemente; mas foi sempre o Mestre. Ele não se pôs a ensinar porque não tivesse outra coisa a fazer; mas, quando não estava ensinando, estava fazendo qualquer outra coisa. Sim, ele fez do ensino o agente principal da redenção” (J. M. Price).

A ênfase que Jesus deu ao ensino ressalta do fato de ser reconhecido como Mestre, chamado de Mestre, Professor ou Rabi; a mesma idéia geral expressada por Nicodemos quando disse: "Rabi, sabemos que és mestre vindo da parte de Deus" (Jo 3.2). Nos Evangelhos, Jesus é cha­mado Mestre nada menos que 45 vezes. Somando-se todos os termos equivalentes a Mestre, temos o total de 61. Fala-se em Jesus ensinando 45 vezes; e 11 pregando. E, assim mesmo, pregando e ensinando (Mt 4.23): "ensinando em suas sinagogas e pregando o evangelho do reino". Outrossim, Jesus a si mesmo se chamava Mestre (Jo 13.13). Também dizia ser "a luz", vocábulo que traz a idéia de instrução.

Outra indicação dessa ênfase sobre o ensino é a termino­logia empregada para descrever os seguidores e a mensagem de Jesus. Não são eles chamados súditos, servidores ou camara­das. A palavra cristão só é empregada três vezes no Novo Testamento para caracterizá-los e, assim mesmo, uma vez, como zombaria. No entanto, vemos a palavra discípulo, que significa aluno ou aprendiz, empregada 243 vezes para referir-se aos seguidores de Jesus. A mensagem de Jesus diz-se ser ensino (39 vezes) e sabedoria (06 vezes).

Também se revela a ênfase do Mestre em ensinar no modo entusiasta e até agressivo pelo qual externou sua atividade educadora. Ele ensinava no Templo, nas sinagogas, no monte, nas praias, na estrada, junto ao poço, nas casas, em reuniões sociais, em pú­blico e em particular. "Relutava mesmo em curar, preferindo aproveitar a oportunidade para apresentar sua mensagem" (Price). Ma­teus ressalta: "andava Jesus por toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas deles, e proclamando as boas-novas do reino, e curando todas as doenças e enfermidades entre o povo" (Mt 4.23).

Toda a obra de Jesus estava envolta numa atmosfera didática, não tanto em preleções unilaterais, pois observamos que os ouvintes se sentiam à vontade para lhe fazer perguntas e ele, por sua vez, lhes propunha questões e problemas. Assim, Cristo preparou um grupo de Mestres para que levassem avante sua obra: "no decorrer dos últimos dias de sua traba­lhosa vida, ele se dedicou ao ensino e preparo do pequeno grupo de discípulos que a ele se agregara” (Price). Assim, Jesus enviou seus discípulos aos confins da terra para que fizessem novos discípulos (se matriculassem na Escola de Cristo), para batizá-los (uma orde­nança educadora) e para instruí-los na observância de todas as coisas que o Mestre tinha mandado (Mt 28.19-20).

Pensemos sobre nossa dedicação ao aprendizado em Cristo... Quanto tempo semanal dedicamos para aprender aos pés do Mestre? Jesus viu no ensino a gloriosa oportunidade de formar os ideais, as atitudes e a conduta dos seus seguidores. Não pensemos diferente.

Rev. Ângelo Vieira da Silva
Adaptado do livro "A pedagogia de Jesus", de J. M. Price

A NATUREZA DOS SERES ANGELICAIS



Estudar angelologia, ramo da teologia que estuda os seres angelicais, é um grande desafio. Ainda mais hoje, quando o ensino bíblico nos púlpitos é escasso e muitos cristãos podem ser facilmente iludidos por fundamentos teológicos dissimulados. Para evitar um desvio da verdade quanto ao tema, pretendo colaborar com a compreensão bíblica acerca da natureza dos seres angelicais nesse breve  texto.

Por “natureza” busca-se compreender a essência, o conjunto de características próprias dos anjos, isto é, o que os constitui em seu cerne, bojo, âmago. Dentro desse aspecto fundamental, a angelologia bíblica oferece fundamentos para crermos que os anjos são seres criados, espirituais, incorpóreos, poderosos, imortais, racionais e morais, sejam eles eleitos ou reprovados. Vejamos mais detalhes:

1.1. Os Anjos são Seres Criados. Os anjos não são deuses nem uma raça. São criaturas distintas, seres mais elevados que o homem, razão pela qual também não devem ser interpretados como seres humanos glorificados. Ora, o “exército do céu”, as “legiões celestes” foram criadas pelo Senhor (Sl 148.2, 5; Cl 1.16). Deus fez todas as coisas segundo seu propósito, “conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1.11). Saiba mais aqui.

1.2. Os Anjos são Seres Espirituais e Incorpóreos. Extraordinariamente, algumas passagens bíblicas apresentam alguns anjos assumindo uma forma física (Gn 18.2, 8; Gn 19.1, 3; Hb 13.2). Ao que parece, esses acontecimentos se deram para uma melhor compreensão da revelação divina e convencimento da realidade da presença angelical. Entretanto, ordinariamente, a maioria dos textos bíblicos apresenta que os anjos não possuem estrutura física como os homens, pois são incorpóreos; são seres espirituais. Eis os argumentos principais: são chamados de espíritos, de forças espirituais, não têm carne nem ossos, não se casam, muitos cabem num espaço limitado e são invisíveis. Saiba mais aqui.

1.3. Os Anjos são Seres Poderosos e Imortais. Apesar de limitados, os seres angelicais possuem poder e, uma vez criados, viverão para sempre. Saiba mais aqui.

1.4. Os Anjos são Seres Racionais e Morais. Esse duplo aspecto fundamenta a vontade angelical, suas escolhas e decisões, seus propósitos e interesses, suas disposições e aspirações, seja para o bem ou para o mal (abordarei esse último aspecto adiante). Saiba mais aqui.

1.5. Os Anjos são Seres Eleitos ou Reprovados. O entendimento deste último aspecto da natureza angelical envolve o reconhecimento de um estado original beatífico desses seres que, testados, se constituem como eleitos ou reprovados. Como já referido, é aqui que se estabelece a dicotomia santos anjos e demônios, anjos do céu e caídos, espíritos ministradores e espíritos malignos, anjos bons e maus. É fato que: todos os anjos tiveram um estado original, os anjos que pecaram foram condenados e s anjos que não pecaram são chamados de eleitos. Saiba mais aqui.

De um jeito ou de outro, os anjos sempre estiveram ao nosso redor. Seja na história ou nas estórias, na Bíblia ou em outros escritos religiosos, em filmes ou séries de televisão, os anjos estão lá. Assim, em meio a esse vasto e observável universo angelical, oro para que a Igreja de Jesus veja os seres angelicais como eles realmente são: seres criados, espirituais, incorpóreos, racionais, morais, poderosos, imortais, sejam eles eleitos ou reprovados. Eis a base da natureza angelical.

Rev. Ângelo Vieira da Silva


--------------------------------------------------------------------------------------
Leia mais sobre angelologia bíblica clicando aqui. 

UMA OPINIÃO SOBRE A ÁRVORE DE NATAL


O fim de ano é marcado por algumas certezas e incertezas. Exemplifico: é certa a vasta utilização de um símbolo que passa a iluminar residências, lojas e lugares públicos: a árvore de Natal. Entretanto, a recorrente incerteza dos cristãos se devem ou não participar de tal tradição também é notória. Entre o sim e o não, muita desinformação acaba por formar opiniões desajustadas à Bíblia. Pretendo, mais uma vez, tentar esclarecer o assunto a fim de que celebremos o Natal como um memorial simbólico do nascimento do Rei dos Reis, do Senhor dos Senhores, Jesus Cristo.

Muitos defendem que a árvore de Natal (ou o pinheiro enfeitado) desempenha um papel importante na referida data relembrando que os cristãos da antiga Europa ornamentavam suas casas com pinheiros no Natal, a única árvore que permanece verde nas imensidões da neve. Algumas fontes descrevem que na Alemanha do  século XVI* havia o costume das famílias decorarem árvores com papel colorido, frutas e doces, tradição que teria se espalhado pelo Velho Mundo e, consequentemente, aos Estados Unidos.

Outras fontes sugerem um contexto ainda mais distante para a tradição, anterior ao próprio Cristianismo. Nesse contexto à árvore do Natal seria um símbolo da vida, o que não seria exclusividade da religião cristã. Antes de Cristo, no antigo Egito, algumas fontes descrevem que os egípcios costumavam trazer galhos verdes de palmeiras para dentro de suas casas no dia mais curto do ano em dezembro como um símbolo de triunfo da vida sobre a morte. Outros mencionam os druidas, que teriam o costume de decorar velhos carvalhos com maçãs douradas para as festividades desse mesmo dia do ano.

Já dentro de uma visão intolerante, muitos asseveram a ilegitimidade desse símbolo para o Natal. Poderiam citar, por exemplo, a Enciclopédia Barsa que descreve a origem germânica da árvore de Natal “datando do tempo de São Bonifácio. [Ela] foi adotada para substituir os sacrifícios ao carvalho sagrado de Odim, adorando-se uma árvore, em homenagem ao Deus-menino”. Outros opositores citam uma lenda babilônica na qual um pinheiro nasceu de um velho tronco. O velho tronco morto era Ninrod, que a Bíblia descreve como um neto de Ham (Cam), filho de Noé, "um poderoso caçador contra o Senhor" (Gn 10.9), isso é, em posição contrária a Deus, e fundador de Babel.**

Como os argumentos supracitados são mais difíceis de se comprovar, muitos apelam para interpretações anacrônicas de textos bíblicos. Por exemplo, muitos cristãos acham que em Jeremias 10.2-4 Deus, explicitamente, condena o uso de árvores de Natal. Há uma semelhança entre a coisa descrita no livro de Jeremias e a árvore de Natal, é verdade. Semelhança, no entanto, não é o mesmo que identidade. O que o profeta descreveu era um ídolo, uma representação de um falso deus: “como o espantalho num pepinal, não podem falar; necessitam de que os levem, pois não podem andar. Não tenhais receio deles; não podem fazer o mal, nem podem fazer o bem” (Jr 10.5). As referências bíblicas paralelas ao texto de Jeremias (Is 40.18-20; Is 10.18-20) esclarecem que o profeta tem em mente um objeto de adoração e não uma árvore de Natal. A semelhança é meramente superficial.

Assim como não há evidências que a árvore de Natal se origine da adoração pagã de árvores do contexto acima, também não há mandamentos bíblicos claros que aprovem o seu o uso. Fundamentar-se no "cipreste" (Os 14.8) ou no “tronco/renovo” (Is 11.1; Is 53.2; Jr 33.15) para aprovar o uso desse símbolo é forçar o texto bíblico. Obviamente, os autores inspirados não falam da árvore de Natal. Seria mais coerente concordar com a Enciclopédia Britânica, que menciona a origem da moderna árvore de Natal no principal esteio de uma peça medieval sobre Adão e Eva, na antiga Alemanha Ocidental. Nela, uma árvore de pinheiro com maças representava a "Árvore do Paraíso", uma encenação do jardim do Éden. Os alemães montavam tal árvore nos seus lares no dia 24 de dezembro, por ocasião da festa religiosa em torno de Adão e Eva. A Enciclopédia ainda revela que eles penduravam bolinhos delgados e biscoitos de vários formatos no pinheiro, além do uso de velas que simbolizavam a luz de Cristo.

Dito isso, não creio que as Escrituras Sagradas condenem o uso da árvore de Natal. Acredito que o uso ou não desse símbolo deve ser avaliado na premissa individual do cristão frente à Palavra de Deus. Não a tenho como símbolo pagão, mas de um dia muito especial, memorável, profético, o nascimento do Salvador. Ela simplesmente marcará um tempo: a chegada do natal. Ora, se esse tão antigo símbolo não foi objeto de profundas discussões ao longo dos séculos, por que seria agora? O que mudou? O silêncio dos reformadores parece-nos direcionador.

Observando as devidas proporções, não há nada essencialmente maligno sobre a árvore de Natal. Como o mito moderno de Papai Noel, trata-se de uma tradição relativamente recente. Durante séculos as pessoas celebraram o Natal sem a tal árvore e sem o semi-divino residente do Pólo Norte. O que é essencial ao Natal é Cristo! No entanto, isso não quer dizer que devemos jogar fora as árvores. Aprenda a usar a liberdade cristã para adotar tradições sadias e usá-las para ensinar os filhos sobre Cristo, ou para celebrar seu nascimento. Sejamos sábios e sóbrios; não sejamos extremistas. Vejamos o Natal com consciência de seu significado, independentemente dos símbolos que adotarmos para o encenar.

Pense nisso e feliz Natal!

Rev. Ângelo Vieira da Silva

___________________________________________

* Alguns mencionam um registro de Martinho Lutero que, caminhando à noite, teria olhado para o céu estrelado atrás de um pinheiro. Pensava em uma forma de celebrar o Natal com a família. De repente, ao olhar aquele pinheiro com as estrelas brilhando ao fundo, pensou em uma árvore com velas brilhando, imitando estrelas. Lutero, então, teria cortado um pinheiro, o levado para casa e, juntamente com os filhos, decorado com frutas, laços coloridos e finalmente, com velas que acendiam as noites enquanto falavam sobre a vinda de Jesus, que trouxe luz às nossas trevas. Ess história é bela, mas admito que ainda não a encontrei nos escritos de Lutero.

** Dentro desta visão, vêem Ninrod como o homem que criou a instituição de ajuntamentos (cidades); construiu a torre de Babel (Gn 11.1-9) como um quádruplo desafio a Deus (ajuntamento, tocar aos céus, fama eterna, adoração aos astros); fundou Nínive e muitas outras cidades; e organizou o primeiro reino deste mundo. Segundo a lenda, e alguns escritos antigos, Ninrod casou-se com sua própria mãe, cujo nome era Semíramis. Depois de ele ter morrido, sua mãe-esposa propagou que Ninrod teria renascido (a doutrina da reencarnação) em seu filho Tamuz. Portanto, o velho tronco morto (Ninrod) teria renascido no pinheirinho chamado Tamuz! Daí, todo um culto pagão (muito antigo) começou: Semíramis se converteu na "rainha do céu" e Ninrod (encarnado em seu filho Tamuz) se tornou o "divino filho do céu"! Esta veneração de "a Madona e seu filho" (o par "mãe influente, filho poderoso e obediente à mãe") se estendeu por todo o mundo, com variação de nomes segundo os países e línguas. Que paralelo com a moderna adoração à Maria (a "Rainha do céu" nos dias de hoje), e muitos anos antes do nascimento de Jesus Cristo.