O fim de ano é marcado por algumas certezas e incertezas. Exemplifico: é certa a vasta utilização de um símbolo que passa a iluminar residências, lojas e lugares públicos: a árvore de Natal. Entretanto, a recorrente incerteza dos cristãos se devem ou não participar de tal tradição também é notória. Entre o sim e o não, muita desinformação acaba por formar opiniões desajustadas à Bíblia. Pretendo, mais uma vez, tentar esclarecer o assunto a fim de que celebremos o Natal como um memorial simbólico do nascimento do Rei dos Reis, do Senhor dos Senhores, Jesus Cristo.
Muitos defendem que a árvore de Natal (ou o pinheiro enfeitado) desempenha um papel importante na referida data relembrando que os cristãos da antiga Europa ornamentavam suas casas com pinheiros no Natal, a única árvore que permanece verde nas imensidões da neve. Algumas fontes descrevem que na Alemanha do século XVI* havia o costume das famílias decorarem árvores com papel colorido, frutas e doces, tradição que teria se espalhado pelo Velho Mundo e, consequentemente, aos Estados Unidos.
Outras fontes sugerem um contexto ainda mais distante para a tradição, anterior ao próprio Cristianismo. Nesse contexto à árvore do Natal seria um símbolo da vida, o que não seria exclusividade da religião cristã. Antes de Cristo, no antigo Egito, algumas fontes descrevem que os egípcios costumavam trazer galhos verdes de palmeiras para dentro de suas casas no dia mais curto do ano em dezembro como um símbolo de triunfo da vida sobre a morte. Outros mencionam os druidas, que teriam o costume de decorar velhos carvalhos com maçãs douradas para as festividades desse mesmo dia do ano.
Já dentro de uma visão intolerante, muitos asseveram a ilegitimidade desse símbolo para o Natal. Poderiam citar, por exemplo, a Enciclopédia Barsa que descreve a origem germânica da árvore de Natal “datando do tempo de São Bonifácio. [Ela] foi adotada para substituir os sacrifícios ao carvalho sagrado de Odim, adorando-se uma árvore, em homenagem ao Deus-menino”. Outros opositores citam uma lenda babilônica na qual um pinheiro nasceu de um velho tronco. O velho tronco morto era Ninrod, que a Bíblia descreve como um neto de Ham (Cam), filho de Noé, "um poderoso caçador contra o Senhor" (Gn 10.9), isso é, em posição contrária a Deus, e fundador de Babel.**
Como os argumentos supracitados são mais difíceis de se comprovar, muitos apelam para interpretações anacrônicas de textos bíblicos. Por exemplo, muitos cristãos acham que em Jeremias 10.2-4 Deus, explicitamente, condena o uso de árvores de Natal. Há uma semelhança entre a coisa descrita no livro de Jeremias e a árvore de Natal, é verdade. Semelhança, no entanto, não é o mesmo que identidade. O que o profeta descreveu era um ídolo, uma representação de um falso deus: “como o espantalho num pepinal, não podem falar; necessitam de que os levem, pois não podem andar. Não tenhais receio deles; não podem fazer o mal, nem podem fazer o bem” (Jr 10.5). As referências bíblicas paralelas ao texto de Jeremias (Is 40.18-20; Is 10.18-20) esclarecem que o profeta tem em mente um objeto de adoração e não uma árvore de Natal. A semelhança é meramente superficial.
Assim como não há evidências que a árvore de Natal se origine da adoração pagã de árvores do contexto acima, também não há mandamentos bíblicos claros que aprovem o seu o uso. Fundamentar-se no "cipreste" (Os 14.8) ou no “tronco/renovo” (Is 11.1; Is 53.2; Jr 33.15) para aprovar o uso desse símbolo é forçar o texto bíblico. Obviamente, os autores inspirados não falam da árvore de Natal. Seria mais coerente concordar com a Enciclopédia Britânica, que menciona a origem da moderna árvore de Natal no principal esteio de uma peça medieval sobre Adão e Eva, na antiga Alemanha Ocidental. Nela, uma árvore de pinheiro com maças representava a "Árvore do Paraíso", uma encenação do jardim do Éden. Os alemães montavam tal árvore nos seus lares no dia 24 de dezembro, por ocasião da festa religiosa em torno de Adão e Eva. A Enciclopédia ainda revela que eles penduravam bolinhos delgados e biscoitos de vários formatos no pinheiro, além do uso de velas que simbolizavam a luz de Cristo.
Dito isso, não creio que as Escrituras Sagradas condenem o uso da árvore de Natal. Acredito que o uso ou não desse símbolo deve ser avaliado na premissa individual do cristão frente à Palavra de Deus. Não a tenho como símbolo pagão, mas de um dia muito especial, memorável, profético, o nascimento do Salvador. Ela simplesmente marcará um tempo: a chegada do natal. Ora, se esse tão antigo símbolo não foi objeto de profundas discussões ao longo dos séculos, por que seria agora? O que mudou? O silêncio dos reformadores parece-nos direcionador.
Observando as devidas proporções, não há nada essencialmente maligno sobre a árvore de Natal. Como o mito moderno de Papai Noel, trata-se de uma tradição relativamente recente. Durante séculos as pessoas celebraram o Natal sem a tal árvore e sem o semi-divino residente do Pólo Norte. O que é essencial ao Natal é Cristo! No entanto, isso não quer dizer que devemos jogar fora as árvores. Aprenda a usar a liberdade cristã para adotar tradições sadias e usá-las para ensinar os filhos sobre Cristo, ou para celebrar seu nascimento. Sejamos sábios e sóbrios; não sejamos extremistas. Vejamos o Natal com consciência de seu significado, independentemente dos símbolos que adotarmos para o encenar.
Pense nisso e feliz Natal!
Outras fontes sugerem um contexto ainda mais distante para a tradição, anterior ao próprio Cristianismo. Nesse contexto à árvore do Natal seria um símbolo da vida, o que não seria exclusividade da religião cristã. Antes de Cristo, no antigo Egito, algumas fontes descrevem que os egípcios costumavam trazer galhos verdes de palmeiras para dentro de suas casas no dia mais curto do ano em dezembro como um símbolo de triunfo da vida sobre a morte. Outros mencionam os druidas, que teriam o costume de decorar velhos carvalhos com maçãs douradas para as festividades desse mesmo dia do ano.
Já dentro de uma visão intolerante, muitos asseveram a ilegitimidade desse símbolo para o Natal. Poderiam citar, por exemplo, a Enciclopédia Barsa que descreve a origem germânica da árvore de Natal “datando do tempo de São Bonifácio. [Ela] foi adotada para substituir os sacrifícios ao carvalho sagrado de Odim, adorando-se uma árvore, em homenagem ao Deus-menino”. Outros opositores citam uma lenda babilônica na qual um pinheiro nasceu de um velho tronco. O velho tronco morto era Ninrod, que a Bíblia descreve como um neto de Ham (Cam), filho de Noé, "um poderoso caçador contra o Senhor" (Gn 10.9), isso é, em posição contrária a Deus, e fundador de Babel.**
Como os argumentos supracitados são mais difíceis de se comprovar, muitos apelam para interpretações anacrônicas de textos bíblicos. Por exemplo, muitos cristãos acham que em Jeremias 10.2-4 Deus, explicitamente, condena o uso de árvores de Natal. Há uma semelhança entre a coisa descrita no livro de Jeremias e a árvore de Natal, é verdade. Semelhança, no entanto, não é o mesmo que identidade. O que o profeta descreveu era um ídolo, uma representação de um falso deus: “como o espantalho num pepinal, não podem falar; necessitam de que os levem, pois não podem andar. Não tenhais receio deles; não podem fazer o mal, nem podem fazer o bem” (Jr 10.5). As referências bíblicas paralelas ao texto de Jeremias (Is 40.18-20; Is 10.18-20) esclarecem que o profeta tem em mente um objeto de adoração e não uma árvore de Natal. A semelhança é meramente superficial.
Assim como não há evidências que a árvore de Natal se origine da adoração pagã de árvores do contexto acima, também não há mandamentos bíblicos claros que aprovem o seu o uso. Fundamentar-se no "cipreste" (Os 14.8) ou no “tronco/renovo” (Is 11.1; Is 53.2; Jr 33.15) para aprovar o uso desse símbolo é forçar o texto bíblico. Obviamente, os autores inspirados não falam da árvore de Natal. Seria mais coerente concordar com a Enciclopédia Britânica, que menciona a origem da moderna árvore de Natal no principal esteio de uma peça medieval sobre Adão e Eva, na antiga Alemanha Ocidental. Nela, uma árvore de pinheiro com maças representava a "Árvore do Paraíso", uma encenação do jardim do Éden. Os alemães montavam tal árvore nos seus lares no dia 24 de dezembro, por ocasião da festa religiosa em torno de Adão e Eva. A Enciclopédia ainda revela que eles penduravam bolinhos delgados e biscoitos de vários formatos no pinheiro, além do uso de velas que simbolizavam a luz de Cristo.
Dito isso, não creio que as Escrituras Sagradas condenem o uso da árvore de Natal. Acredito que o uso ou não desse símbolo deve ser avaliado na premissa individual do cristão frente à Palavra de Deus. Não a tenho como símbolo pagão, mas de um dia muito especial, memorável, profético, o nascimento do Salvador. Ela simplesmente marcará um tempo: a chegada do natal. Ora, se esse tão antigo símbolo não foi objeto de profundas discussões ao longo dos séculos, por que seria agora? O que mudou? O silêncio dos reformadores parece-nos direcionador.
Observando as devidas proporções, não há nada essencialmente maligno sobre a árvore de Natal. Como o mito moderno de Papai Noel, trata-se de uma tradição relativamente recente. Durante séculos as pessoas celebraram o Natal sem a tal árvore e sem o semi-divino residente do Pólo Norte. O que é essencial ao Natal é Cristo! No entanto, isso não quer dizer que devemos jogar fora as árvores. Aprenda a usar a liberdade cristã para adotar tradições sadias e usá-las para ensinar os filhos sobre Cristo, ou para celebrar seu nascimento. Sejamos sábios e sóbrios; não sejamos extremistas. Vejamos o Natal com consciência de seu significado, independentemente dos símbolos que adotarmos para o encenar.
Pense nisso e feliz Natal!
Rev. Ângelo Vieira da Silva
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* Alguns mencionam um registro de Martinho Lutero que, caminhando à noite, teria olhado para o céu estrelado atrás de um pinheiro. Pensava em uma forma de celebrar o Natal com a família. De repente, ao olhar aquele pinheiro com as estrelas brilhando ao fundo, pensou em uma árvore com velas brilhando, imitando estrelas. Lutero, então, teria cortado um pinheiro, o levado para casa e, juntamente com os filhos, decorado com frutas, laços coloridos e finalmente, com velas que acendiam as noites enquanto falavam sobre a vinda de Jesus, que trouxe luz às nossas trevas. Ess história é bela, mas admito que ainda não a encontrei nos escritos de Lutero.
** Dentro desta visão, vêem Ninrod como o homem que criou a instituição de ajuntamentos (cidades); construiu a torre de Babel (Gn 11.1-9) como um quádruplo desafio a Deus (ajuntamento, tocar aos céus, fama eterna, adoração aos astros); fundou Nínive e muitas outras cidades; e organizou o primeiro reino deste mundo. Segundo a lenda, e alguns escritos antigos, Ninrod casou-se com sua própria mãe, cujo nome era Semíramis. Depois de ele ter morrido, sua mãe-esposa propagou que Ninrod teria renascido (a doutrina da reencarnação) em seu filho Tamuz. Portanto, o velho tronco morto (Ninrod) teria renascido no pinheirinho chamado Tamuz! Daí, todo um culto pagão (muito antigo) começou: Semíramis se converteu na "rainha do céu" e Ninrod (encarnado em seu filho Tamuz) se tornou o "divino filho do céu"! Esta veneração de "a Madona e seu filho" (o par "mãe influente, filho poderoso e obediente à mãe") se estendeu por todo o mundo, com variação de nomes segundo os países e línguas. Que paralelo com a moderna adoração à Maria (a "Rainha do céu" nos dias de hoje), e muitos anos antes do nascimento de Jesus Cristo.
2 comments
Muita imaginação, pouca realidade...
Os presentes, o presépio e a árvore na nossa sala?
A primeira associação de pinheiros com o natal vem de São Bonifácio, no século VII, quando ele cortou uma árvore dedicada a Thor para provar que o deus pagão não tinha poder.
A tradição foi se modificando aos poucos e, no século XV, elas já tinham a configuração atual, sendo enfeitadas até com doces.
E, acredite ou não, os presentes de natal não são uma invenção capitalista, mas uma tradição que vem desde o tempo dos romanos. No fim de todos os anos, eles trocavam presentes no dia de Strenia, uma deusa pagã. Como, mesmo com a mudança de religião, o hábito não morreu, a troca de presentes continua até hoje, mas com um motivo diferente.
E o presépio, como o conhecemos hoje – aquela cena bonita com Maria e José ao redor de Jesus, os Reis Magos, os animais e o pastor – foi criado por São Francisco de Assis, apenas no século XIII.
Uma outra opinião, Roberto. Obrigado pelo comentário.
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