O QUE É “SHEKINAH”?

Boa parte dos cristãos traduz ou entende que o termo “shekinah” é ou se refere à “glória de Deus manifesta”. Outros sugerem que a “shekinah” é o equivalente judaico mais próximo do Espírito Santo, o que não parece ser correto. Porém, é possível que poucos saibam que esse termo não está na Bíblia. Afinal, a palavra é extra-bíblica, aparecendo nos Targuns e no Talmude.

O vocábulo hebraico mais próxima de “shekinah” seria o verbo “shakan” que é utilizado em muitas passagens bíblicas traduzido como “habitar, morar ou residir”. Em Êxodo 3.22 e Rute 4.17, por exemplo, o verbo “shaken” é traduzido por “vizinho”. Nesse sentido, é estranho enfatizar que o termo seja usado para a habitação de Deus na coluna de fogo e/ou sua glória manifesta no Monte Sinai, no Propiciatório (entre os querubins), no Tabernáculo, no Templo. Bom, todas essas expressões no hebraico têm outras palavras que a designam. Vejamos quatro exemplos principais:

Coluna de Fogo - amud esh 
Glória de Deus - kabod yahweh 
Coluna de Nuvem - amud hamud 
Fumaça - hasan 

Entenda: se alguém definir “shekinah” como a manifestação visível da glória de Deus não está descrevendo a “shekinah”, mas sim “teofanias”, que possuem várias formas e propósitos, assunto para outra pastoral; foquemos na “shekinah”.

A relevância dessa informação fundamenta-se nos muitos problemas de interpretação e aplicação que lemos e vemos por aí. O termo tem uso esotérico, por exemplo. De acordo com a concepção cabalística e do ramo hassidismo do judaísmo, a Shekinah é uma energia cósmica poderosíssima, que habita no "interior" do Universo e vivifica-o, sendo a sua "alma" ou "espírito". Na cabala esotérica, “shekinah” é a essência do “Ain Soph” que, emanado, ficou preso ou enroscado em Malkuth, sendo correspondente à Shakti ou Kundalini na tradição esotérica oriental da Yoga. Segundo o livro cabalístico Zohar, a evolução do homem é o processo em que o pólo feminino do Divino (shekinah), presente potencialmente na criação e no homem (malkuth), se une ao pólo masculino da Divindade (kether). Tal reunião é apresentada na tradição “rosacruz” pelas Núpcias Alquímicas de Christian Rosenkreutz. Segundo a tradição da cabala, a reunião dos dois pólos da Divindade resulta em uma consciência cósmica ou crística, de união do homem e do divino, resultando no “Homem-Deus ou Cristo”. Tal estado de consciência é equivalente na Yoga, ao Samadhi, a consciência produto de quando Shakti, o pólo feminino do divino, presente no Chakra da base Muladhara, se une a Shiva, o pólo masculino do divino presente no chakra sahasrara, no topo da cabeça, resultando no Avatar, a encarnação humana do Divino, do Cósmico. Na tradição esotérica egípcia, o equivalente é a união entre Ísis e Osíris, resultando em Hórus, o Homem-Deus. Tal união é em muitas tradições, a iluminação, a iniciação.

Outro problema é o uso judaizante do termo “shekinah”, inda que menos problemático do que o parágrafo anterior. O termo aparece no meio de, pelo menos, um "minyan" de adoradores quando eles oram na congregação, e de dois ou mais judeus quando eles se ocupam no estudo da Torah, ou em um homem quando ele recita o Shema. O shekinah habita no puro, no benevolente, no hospitaleiro e no marido e esposa quando eles vivem em paz e harmonia.

Bom, entendo que a “shekinah” só representa a presença majestosa de Deus e sua decisão de "habitar" (shakan) entre os homens enquanto podemos poesia, não como doutrina, justamente pelas passagens que dizem respeito à presença de Deus na qualidade de residente no Tabernáculo terrestre entre o povo de Israel (Ex 5.8; Ex 29.45-46; Nm 5.3; Nm 35:34; I Re 6.13; Ez 43.9; Zc 2.14). Teriam os cristãos esse discernimento? Portanto, creio ser irrelevante usá-la visto que a habitação máxima de Deus em nós, hoje, é manifestada pelo Espírito Santo e não mais por meio das figuras do Antigo Testamento.

Rev. Ângelo Vieira da Silva

8 comments

oi gostaria de saber se você aceita parceria?

Olá Marcelo. Que tipo de parceria?

muito esclarecedora sua explicação sobre este tema, pois quase não vemos ninguem falar sobre ele

Muito bom, já tentei ensinar isso há alguns anos, mas o povo prefere acreditar em falácias mais do que na Palavra.

Gostei muito do seu blog, divulgarei ele no meu: www.creionoamanha.blogspot.com

Muito boa a exposição. Quero só acrescentar(desculpe-me a intromissão), que a palavra Shekkinah, também é usada como "a manifestação feminina de deus"(parece aquela música do Pepeu Gomes). Bom, não dá para usar essa palavra para designar a glória de Deus em nossas igrejas!

Muito boa a exposição. Porém, deixe-me acrescentar algo(desculpe-me a intromissão). A palavra Shekkinah também é usada como sendo "a manifestação feminina de Deus"(parece até a música do Pepeu Gomes). Não dá para utilizar essa palavra para se referir à glória de Deus!

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