Adoração… Muito mais
que um mero tema, adoração é um estilo de vida. A partir da Palavra de Deus podemos fazer associações, mostrar a
influência e a organização da música em relação ao ser humano, uma vez
que todos os homens ouvem e cantam música. Contudo, a partir do contexto
hodierno, encontrar-se-ão perigos em relação à adoração, à música como
poder de persuasão “substituindo”, por exemplo, a atuação do Espírito
Santo e tocando apenas parte das pessoas. Assim, o objetivo dessa breve pastoral é conclamar os cristãos a cuidarem de suas vidas em relação à música,
com suas nuances, na adoração ao nosso Deus. A verdade é que “uma igreja consciente
sempre procurará selecionar suas canções, canalizando-as sempre à
adoração do Senhor”.
Segundo o reformador Martinho Lutero a música é um dos mais
magníficos e deleitáveis presentes que Deus nos tem dado. João Calvino
não ignorava o poder da música; antes, compreendia que o cantar tem uma
conotação de lembrança e estímulo espiritual para aquele que canta, como
o “falar entre vós com salmos” recomendado por Paulo em Efésios 5.19. O
reformador seguia o pensamento de Agostinho que demonstrava de forma
enfática a preocupação em não se deixar conduzir pela melodia, sem a
devida meditação na letra, ou seja, ter a consciência daquilo que se
fala, se canta e se ouve. “Os nossos améns não podem ser
transformados em vãs repetições desconexas, antes devem ser fruto da fé e
da compreensão do que foi falado e cantado”. É por isso que os cânticos
na adoração precisam ter um grande apelo didático, objetivando,
inclusive, a fixação das Escrituras Sagradas.
Notamos que nossa época está repleta do que significa worship. Esse termo vem do anglo-saxão
(ainda que tenha sofrido muitas mudanças ao longo dos anos)
significando “atribuir valor, mérito a alguém ou alguma coisa”.
Espera-se que os cristãos possam, verdadeira e espiritualmente, atribuir
valor e mérito ao único que é digno de receber: o Deus trino. O culto é
para Ele e deve ser fruto de uma nova vida, gratidão e louvor, sendo
sempre embasado na Palavra do Senhor. Portanto, podemos declarar: o
culto e a adoração ao nosso Deus são caracterizados pela submissão às
Escrituras: “procurai progredir, para a edificação da igreja. Que
farei pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com a mente;
cantarei com o espírito, mas também cantarei com a mente” (1 Co 14.12b, 15).
Entenda também que:1) A ADORAÇÃO É UMA DECLARAÇÃO, NÃO UMA SENSAÇÃO.
É evidente que o “sentimento” está e precisa estar presente na adoração de um Deus amoroso e misericordioso. Mas, por que a adoração não é uma sensação? Diferencio sentimento de sensação. Basicamente, por definição, uma sensação é “uma grande impressão devido a um acontecimento raro”. Seria rara
a sensação da presença de Deus quando nós o adoramos? Creio que não,
pois é no processo de adoração que Deus comunica sua presença aos
homens. É por isso que a adoração é uma declaração, isso é, através dela
declaramos que o Senhor reina, sua graça é manifesta e está presente em
todos nós (como costumamos cantar). Na adoração declaramos nossa fé,
nossas convicções. Na adoração declaramos a glória de Deus. Pergunto: o
que você mais vê hoje na adoração: declaração ou sensação?
2) A ADORAÇÃO É UMA REAÇÃO, NÃO UM CLIMA.
Clima pode
ser definido como ”o conjunto de características de um ambiente”. É triste reconhecer a possibilidade de cristãos desejarem criar uma atmosfera propícia para que as pessoas
chorem e lamentem exacerbadamente, sem, contudo, trazerem mudanças
genuínas em suas vidas. É possível tocar as emoções sem trazer mudança real nos corações. O clima é tremendo para Deus, mas não há almas temendo a Deus. Assim, toca-se os sentidos e não a razão. Creio que a adoração é uma reação ao entendimento do ser de
Deus (razão e emoção juntas), isso é, adoramos ao Senhor pelo o que Ele é, pelo o que Ele fez,
faz e fará em nós. Em suma, adoramos a Deus porque entendemos que só Ele
é digno de ser adorado emocional e racionalmente.
Pense nisso.
Rev. Ângelo Vieira da Silva
Comente essa postagem aqui:
EmoticonEmoticon