A DÍVIDA DO APÓSTOLO PAULO


A epístola de Paulo ao amigo íntimo e convertido Filemom é especialíssima. Possivelmente, esse último era um homem de grandes recursos, conhecido por sua generosidade para com os irmãos necessitados. Também é verdade que tinha muitos escravos (nos constrage que algo assim fosse tão comum naquela época). Um deles era Onésimo.

Presume-se que Onésimo tinha fugido provavelmente com algum dinheiro do seu patrão; indo, então, para uma das cidades onde se encontrava preso o apóstolo Paulo, foi levado ao verdadeiro arrependimento e fé em Cristo. Assim se iniciou a relação de amor e gratidão entre Paulo e Onésimo. Esse, por sua vez, prestava ao apóstolo o serviço pessoal que podia. Paulo, por sua vez, observava a mudança de Onésimo a cada dia, até que o persuadiu a voltar para seu mestre.

É justamente nesse ínterim que surge a epístola de Paulo a Filemom, uma carta explicativa para informar ao rico cristão de que Onésimo se arrependera, objetivando, portanto, a reconciliação completa entre senhor e escravo. Como explicado pelo Novo Comentário da Bíblia, “ a epístola não deve ser considerada parte de uma campanha política organizada por Paulo, nem como espécie de propaganda subversiva contra a instituição da escravidão. Ele não se preocupa aqui com as considerações dos aspectos positivos ou negativos do sistema, mas com o bem-estar espiritual de Filemom e Onésimo, e a promoção da fraternidade cristã entre eles”.

Paulo faz o que pode para seu objetivo ser alcançado. Ele diz: “E, se algum dano te fez ou se te deve alguma cousa, lança tudo em minha conta” (Fm 18). Paulo assume a dívida, se colocando como garantia nessa complicada questão por dois motivos essenciais:

1. ELE CONHECIA O CRISTÃO FILEMOM (Fm 4-7)

O apóstolo dava graças e sempre orava pelo cristão Filemom. Ele conhecia todas as virtudes, a história, a conversão, a família desse cristão. O apóstolo sabia que ele decidiria conforme o amor e fé no Senhor Jesus e todos os santos (v. 5), a partir da comunhão da fé, eficiente no pleno conhecimento de todo bem que há nos crentes, para com Cristo (v. 6) e de acordo com o desejo de que o coração dos santos se reanimasse (v. 7).

2. ELE CONHECIA O ARREPENDIDO ONÉSIMO (Fm 8-20)

Ainda que Paulo pudesse ordenar, ele prefere solicitar, em nome do amor, que Filemom se reconcilie com seu filho Onésimo, gerado entre algemas. Paulo assegura sua mudança. Onésimo, antes, era inútil, ladrão, escravo; atualmente, porém, é útil, irmão caríssimo, arrependido. Paulo afirma: “Se, portanto, me consideras companheiro, recebe-o, como se fosse a mim mesmo” (v. 17). O apóstolo deseja ardentemente esta reconciliação. Ele diz: “Eu pagarei” (v. 19).

A certeza do apóstolo quanto à obediência de Filemom está no desfecho da carta: “certo, como estou, da tua obediência, eu te escrevo, sabendo que farás mais do que estou pedindo” (v. 21). Mas, e você? O que faria na posição de Paulo? Assumiria essa responsabilidade em favor da restauração de alguém? Diria “lança tudo em minha conta”? Assumiria a dívida de outrem? Sem dúvidas, uma das principais características do cristianismo puro e simples é a abnegação. Pense nisso.

Rev. Ângelo Vieira da Silva



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