PRINCIPADOS, POTESTADES, PODERES, TRONOS E DOMINIOS/SOBERANIAS


“pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele” (Cl 1.16).

Estudar angelologia, ramo da teologia que estuda os seres angelicais, é um grande desafio. Ainda mais hoje, quando o ensino bíblico nos púlpitos é escasso e muitos cristãos podem ser facilmente iludidos por fundamentos teológicos dissimulados. Para evitar um desvio da verdade quanto ao tema, pretendo colaborar com a compreensão bíblica acerca da organização dos seres angelicais em breves pastorais.

Por “organização” busca-se compreender o “sistema”, “o modo pela qual se organizam” os seres angelicais, isto é, a estrutura na qual são designados. Dentro desse aspecto fundamental, a angelologia bíblica oferece fundamentos para crermos que Deus organizou os seres angelicais em classes ou categorias, ordens ou graus, multidões ou companhias, como uma hierarquia. Após aprendermos sobre os querubins e serafins, continuemos o estudo pelos Principados, Potestades, Poderes, Tronos e Domínios/Soberanias.

Se querubins e serafins são descritos em certas funções que os distinguem uns dos outros, outras classes angelicais que Paulo e Pedro apresentam são um mistério em termos funcionais. Ora, esses apóstolos apresentam nomes de poderes cósmicos pelo Novo Testamento sem, contudo, discutir os pormenores das classes, apenas expondo que todos estão subordinados a Cristo Jesus. Sabemos que esses nomes se referem a classes angelicais pelas expressões utilizadas e relacionadas a anjos. Abaixo, tentarei identificar melhor essas classes, reconhecendo que tais textos bíblicos não tratam de um número específico de ordens, de diferentes tipos de seres angelicais ou uma descrição exata de gradação ascendente ou decrescente dos anjos.

a) Os Principados.

O apóstolo Paulo cita “os principados” em oito oportunidades (Rm 8.38; 1 Co 15.24; Ef 1.21; Ef 3.10; Ef 6.12; Cl 1.16; Cl 2.10, 15). O sentido grego da palavra remete ao “começo, origem”. Aplicada por Paulo aos seres angelicais, ganha o conceito “daquele que vem primeiro”, “que tem proeminência sobre os demais”. É possível que seja uma ordem elevada, pois o sentido bíblico aponta para os primeiros anjos numa série, isto é, os primeiros ou líderes.

b) As Potestades.

São nove menções bíblicas ao todo (1 Co 15.24; Ef 1.21; Ef 2.2; Ef 3.10; Ef 6.12; Cl 1.16; Cl 2.10; Cl 2.15; 1 Pe 3.22). O mesmo termo grego é aplicado desde a primeira referência na carta aos coríntios, palavra que remete ao “poder, autoridade”. É fato que todos os anjos são poderes cósmicos, repletos de autoridade derivada do seu Criador. Ao citar as potestades, entretanto, parece-nos que alguns possuem uma função especial dentro desse contexto.

c) Os Poderes.

Tanto Pedro como Paulo citam essa classe angelical, seja no plural, “poderes”, seja no singular, “poder” (1 Pe 3.22; Rm 8.38; Ef 1.21; 1 Co 15.24). São quatro menções bíblicas ao todo. O mesmo termo grego é aplicado em todos os textos, com sentido de “à força, ao poder”. Aparentemente, a classe “poderes” poderia ser sinônima de “potestades”. Mas, se o fosse, porque usar uma conjunção aditiva, com função acumulativa? De qualquer maneira, não dispomos de informações suficientes para diferenciarmos uma classe da outra.

d) Os Tronos.

Apenas o apóstolo Paulo, em única menção, cita “tronos” dentro da esfera de classes angelicais (Cl 1.16). O termo grego utilizado remete ao “assento nobre, a cadeira estatal, ao ato de sentar”. Geralmente, o termo é usado para a cadeira de um rei ou como uma metáfora da própria realeza. Assim como os “Poderes”, é difícil atestar o sentido de “Tronos”.

e) Os Domínios ou Soberanias. 

O apóstolo Paulo cita “os domínios” ou “soberanias” em duas oportunidades (Ef 1.21; Cl 1.16). Ambas as traduções remetem a mesma palavra no texto original, o que as referenda como a mesma classe angelical. O termo remete a “alguém que possui domínio”, “que é portador de poder governamental”. Alguns estudiosos acreditam na possibilidade desta ser uma classe de anjos responsável por atuar sobre a criação, debaixo das ordens do Soberano Senhor. Mas, tudo é muito incerto.

É preciso dizer que ir além destas informações é mera especulação... "Por que tantos nomes dentro desta hierarquia angelical?", pergunta alguém. Bem, creio que posso responder como como o reformador João Calvino: “uma vez que também, por meio deles, o Senhor expressa e manifesta maravilhosamente a força e a pujança de sua mão, daí os anjos serem chamados poderes. Porque, acima de tudo, através deles Deus exerce e administra sua soberania no universo, por isso ora são chamados principados, ora potestades, ora domínios. Finalmente, porque neles, de certo modo, reside a glória de Deus, por esta razão são também chamados tronos”.

De um jeito ou de outro, os anjos sempre estiveram ao nosso redor. Seja na história ou nas estórias, na Bíblia ou em outros escritos religiosos, em filmes ou séries de televisão, os anjos estão lá. Assim, em meio a esse vasto e observável universo angelical, oro para que a Igreja de Jesus veja os seres angelicais como eles realmente são: seres criados, espirituais, incorpóreos, racionais, morais, poderosos, imortais, numerosos e organizados (querubins, serafins, principados, potestades, poderes, tronos e domínios/soberanias, etc.), sejam eles eleitos ou reprovados.

Rev. Ângelo Vieira da Silva
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OS SERAFINS


“Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas...” (Is 6.2).

Estudar angelologia, ramo da teologia que estuda os seres angelicais, é um grande desafio. Ainda mais hoje, quando o ensino bíblico nos púlpitos é escasso e muitos cristãos podem ser facilmente iludidos por fundamentos teológicos dissimulados. Para evitar um desvio da verdade quanto ao tema, pretendo colaborar com a compreensão bíblica acerca da organização dos seres angelicais em breves pastorais.

Por “organização” busca-se compreender o “sistema”, “o modo pela qual se organizam” os seres angelicais, isto é, a estrutura na qual são designados. Dentro desse aspecto fundamental, a angelologia bíblica oferece fundamentos para crermos que Deus organizou os seres angelicais em classes ou categorias, ordens ou graus, multidões ou companhias, como uma hierarquia. Após os querubins, continuemos o estudo pelos serafins.

Pouco se sabe acerca dos “serafins” (saraph, heb.). O termo hebraico tem origem no verbo “queimar, abrasar”, ação que representou uma de suas atividades na única passagem bíblica que menciona esses seres angelicais: a visão do Trono celestial pelo profeta Isaías (Is 6.2-7). A partir desse texto podemos observar algumas características desses seres.

Serafins são anjos nobres, afinal, estavam por cima daquele que estava assentado do alto e sublime Trono (Is 6.1-2), o Senhor, o próprio Jesus (Jo 12.39-41; Is 6.9-10). Assim como os querubins, os serafins ladeiam o trono do Deus Todo-Poderoso.

Além de serem representados simbolicamente em figura humana, os serafins possuem seis asas que, evidentemente, também representam valores: nem mesmo os serafins resistem ao brilho da glória divina (duas cobriam o rosto), até mesmo os serafins demonstram sua humildade diante do Rei (duas cobriam os seus pés) e também os serafins existem para servir o Todo-Poderoso (com duas voavam), assim como os demais seres angelicais (Hb 1.14).

Assim como os quatro seres viventes da visão joanina (Ap 4.8-9), os serafins ainda comunicaram a santidade de Deus em louvor, pois diziam uns para os outros: “santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos; toda a terra está cheia da sua glória” (Is 6.3). O “clamar” (qara', heb.) refere-se às sonoras proclamações antifônicas que denotam o louvor ao Santíssimo Rei.

Isaías viu as bases do limiar se moverem à voz dos seres que clamavam (Is 6.4). O fato dos alicerces do templo celestial tremerem ao som coro angelical demonstra o poder dos serafins, assim como a casa se encher de fumaça remete à presença do poderoso Deus (Ap 15.8).

A gloriosa visão fez com que o profeta reconhecesse seu pecado (Is 6.5). Ali, um dos serafins tocou a sua boca com uma brasa viva que tirara do altar, uma mensagem de purificação e reconciliação. Os serafins serviram como mensageiros dessa verdade sobre a vida do profeta. Não são eles quem purificam, mas o Senhor que os envia com essa mensagem (Is 43.25). 

De um jeito ou de outro, os anjos sempre estiveram ao nosso redor. Seja na história ou nas estórias, na Bíblia ou em outros escritos religiosos, em filmes ou séries de televisão, os anjos estão lá. Assim, em meio a esse vasto e observável universo angelical, oro para que a Igreja de Jesus veja os seres angelicais como eles realmente são: seres criados, espirituais, incorpóreos, racionais, morais, poderosos, imortais, numerosos e organizados (querubins, serafins, etc.), sejam eles eleitos ou reprovados.

Rev. Ângelo Vieira da Silva
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