Estudar angelologia, ramo da teologia que estuda os seres angelicais, é um grande desafio. Ainda mais hoje, quando o ensino bíblico nos púlpitos é escasso e muitos cristãos podem ser facilmente iludidos por fundamentos teológicos dissimulados. Para evitar um desvio da verdade quanto ao tema, pretendo colaborar com a compreensão bíblica acerca do ministério dos anjos eleitos em breves pastorais.
Após a série de estudos sobre a natureza e a organização angelicais, bem como a adoração dos anjos em relação ao Criador e seu serviço à Igreja, ofereço uma breve meditação acerca da visão geral das mensagens proferidas pelos anjos eleitos na Escritura. Trata-se de verificarmos como os anjos serviram como mensageiros, a essência e propósito do significado do hebraico “mal’ak” e do grego “angelos”, a saber, aquele “mensageiro ou representante” que vem da parte de Deus. Afinal, as criaturas angelicais têm uma mensagem divina cheia de propósito aos homens. “Que os anjos são espíritos celestiais, de cujo ministério e serviço Deus se utiliza para efetuar tudo que decretou, isso se lê em muitos lugares na Escritura” (Calvino).
Os anjos eleitos servem como mensageiros em muitas anunciações. Anunciar é um termo que se refere à comunicação, à divulgação de um fato. Dentre os muitos exemplos bíblicos, relembremos que um anjo (Gabriel) anunciou o nascimento profético de João (Lc 1.11, 13, 19), um anjo anunciou o nascimento virginal de Jesus a José em sonho (Mt 1.20) e à Maria através de Gabriel (Lc 1.26-27), um anjo anunciou o nascimento profético de Jesus aos pastores no campo (Lc 2.8, 10, 17) e, o mais difícil, os anjos anunciaram/administraram a Lei no Monte Sinai (At 7.53; Gl 3.19; Hb 2.2). Quanto a esse último fato, creio que a menção bíblica tem o fim de acusar os judeus na presença dos santos anjos, testemunhas naquela promulgação, provando que são culpados por terem transgredido a santa Lei de Deus.
Os anjos eleitos também servem como mensageiros em advertências. Advertir é o mesmo que chamar a atenção no intuito de avisar, de prevenir; como representado na expressão bíblica neotestamentária “acautelai-vos”. Relembre: um anjo intérprete advertiu Zacarias da maldição, da iniquidade humana e as consequências que viriam sobre a nação no contexto pós-exílico (Zc. 5.1-11). Um anjo do Senhor apareceu a José, em sonho, e o advertiu (Mt 2.13). Um anjo poderoso advertiu o apóstolo João que não tardará o fim (Ap 10.5-7). Inclusive, na sequência dos sete selos, sete trombetas, sete taças, sete flagelos e sete trovões, João vê um anjo que adverte a iminência do fim, do juízo.
Os anjos eleitos servem igualmente como mensageiros para instruções (ou revelações). Instruir, em termos gerais, engloba a transmissão de conhecimentos que formarão as bases decisórias de alguém. Nas Escrituras, geralmente, muitas instruções angelicais são de caráter revelatório. Vejamos alguns exemplos: Gabriel instruiu Daniel acerca do futuro de Israel. O proeminente anjo aparece em duas passagens bíblicas no livro do profeta Daniel (Dn 8.16; Dn 9.21). Já no Novo Testamento, a visão do centurião Cornélio é repleta de instruções. Aquele servo de Deus, um importante oficial romano que comandava cem homens (coorte), observou claramente, cerca da hora nona do dia (hora da oração judaica, 15h, At 3.1), um anjo de Deus que se aproximou dele e lhe deu orientações quanto ao apóstolo Pedro.
Os anjos eleitos servem como mensageiros para encorajamento. Encorajar é uma palavra que envolve estímulo, incentivo, ânimo. Obviamente, o encorajamento espiritual é aquele que nos suprirá em todas as esferas da vida... Há um ditado que diz: “se quiser ficar desapontado, olhe para os outros; se quiser ficar desanimado, olhe para si mesmo, se quiser ficar encorajado, olhe para Jesus”. Dito isso, rememore: a angústia da aproximação do sacrifício do Cordeiro de Deus revela um anjo confortando Jesus no Getsêmani (Lc 22.42-44). Um anjo encorajou o apóstolo Paulo frente ao seu comparecimento perante César (At 27.22-25); antes, diante de uma tempestade marítima e todos os medos e perdas que poderiam sobrevir, Paulo recebeu o encorajamento divino através de um anjo (At 23.11; At 18.9-10; At 22.17-19).
De um jeito ou de outro, os anjos sempre estiveram ao nosso redor. Seja na história ou nas estórias, na Bíblia ou em outros escritos religiosos, em filmes ou séries de televisão, os anjos estão lá. Assim, em meio a esse vasto e observável universo angelical, oro para que a Igreja de Jesus veja os seres angelicais como eles realmente são: seres criados, espirituais, incorpóreos, racionais, morais, poderosos, imortais, numerosos e organizados (querubins, serafins, principados, potestades, poderes, tronos e domínios/soberanias), nomeados ou não (Gabriel, o arcanjo Miguel, Satanás), sejam eles eleitos (anjos que guardam) ou reprovados. Os anjos eleitos adoram a Deus audivelmente, ministram aos cristãos diversificadamente e servem como mensageiros propositadamente.
Rev. Ângelo Vieira da Silva
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