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DEUS NÃO É "DEUSA": UMA RESPOSTA À TENTATIVA DE RESSIGNIFICAÇÃO DO DEUS BÍBLICO


A teologia progressista insiste em reinterpretar a natureza e os atributos de Deus, o que representa um afastamento significativo da ortodoxia cristã. Recentemente, vozes como Ed René Kivitz, Brian McLaren e Nadia Bolz-Weber têm proposto adaptações na forma como entendemos a revelação divina, inclusive sugerindo que Deus seja referido como “Deusa mãe”. Em um sermão polêmico recente, Kivitz defendeu o uso de termos femininos para Deus a partir do Salmo 131. Tal abordagem pode tornar a mensagem cristã mais relevante para a sociedade moderna e menos vinculada a tradições que ele considera ultrapassadas. Sem dúvidas, essa postura desafia conceitos tradicionais, alavanca o engajamento na internet e compromete a verdade revelada nas Escrituras, que afirmam a imutabilidade e a transcendência de Deus (Ml 3.6; Tg 1.17; Sl 102.27). Como João Calvino defende em suas "Institutas da Religião Cristã", a Bíblia é a fonte última e suficiente de nossa teologia, e não deve ser moldada pela cultura humana (2Tm 3.16-17).

(1) A revelação de Deus como Pai

A Bíblia revela Deus como Pai e não meramente por uma questão cultural. Em um esforço para redefinir essa imagem, Kivitz sugeriu que a figura de Deus poderia ser vista sob uma perspectiva materna, abrindo espaço para títulos como “Deusa mãe” e sagazes aplicações como "colo de Deus, do deus peito amamentando". Ele argumenta que a figura feminina ajuda a contrabalançar o que considera uma perspectiva excessivamente patriarcal da fé. Contudo, Calvino, nas Institutas, lembra que a escolha de Deus em Se revelar como Pai é um elemento central da fé cristã, não uma construção cultural arbitrária. Outro teólogo, Herman Bavinck, em sua "Dogmática Reformada", reforça que a paternidade divina serve de modelo para toda relação paterna humana, fundamentando-a em sua essência teológica. Alterar esse entendimento compromete a estrutura e unidade das Escrituras, que consistentemente revelam Deus como Pai eterno (Mt 6.9; Jo 1.18; Rm 8.15).

(2) A revelação de Jesus como Filho

A teologia feminista, por exemplo, redefine o Deus das Escrituras como "Deusa", "Mãe" e "Sofia", por exemplo. O mesmo ocorre com o Cristo. Redefinir Jesus como “criança de Deus” em vez de “Filho de Deus” enfraquece a doutrina da Trindade e a relação eterna entre Pai e Filho (Jo 14.10-11). No mesmo sermão, Kivitz sugeriu que a paternidade de Deus é um conceito culturalmente condicionado, que poderia ser substituído por títulos neutros ou femininos para melhor atender às demandas modernas de igualdade. Ora, B.B. Warfield, em "A Doutrina da Trindade", argumenta que a auto-revelação de Deus como Pai e Filho é uma verdade essencial, que não pode ser alterada sem comprometer a compreensão da Trindade. Redefinir essa relação é não só distorcer a teologia trinitária, mas também comprometer a fé reformada em sua essência.

(3) A atualização da Bíblia é liberalismo teológico

Kivitz também argumenta que a Bíblia precisa ser “atualizada” para evitar legitimidade a conceitos que ele considera ultrapassados, como a submissão feminina e a condenação da homossexualidade. Em outro momento, ele chegou a afirmar que a Bíblia é insuficiente para o mundo atual e que precisa ser reinterpretada em função dos valores contemporâneos. Essas declarações representam uma clara violação ao princípio reformado da Sola Scriptura, que estabelece a Bíblia como a única autoridade de fé e prática (2 Pe 1.20-21; Sl 119.160). Como destacou Mary Kassian, em "The Feminist Gospel", subordinar a Bíblia aos valores modernos é subverter a própria natureza da revelação divina.

A ideia de “Deusa mãe” desconstrói um padrão de revelação que se reflete em temas centrais como a redenção e a aliança (Hb 13.8; Is 63.16). Warfield, em "Revelação Progressiva", afirma que a revelação bíblica progressiva confirma as verdades anteriores, sem as contradizer. A tentativa de reinterpretar a imagem de Deus como figura feminina ignora a consistência da Escritura e compromete a unidade da revelação. Natural e perigosamente, Kivitz propõe uma visão de Deus mais inclusiva e progressista, o que o aproxima de ideologias seculares, como o liberalismo teológico. Sua interpretação da Bíblia, que busca uma “atualização” das Escrituras, compromete a visão bíblica da transcendência divina, abrindo espaço para o relativismo teológico e comprometendo a singularidade de Deus (Is 55.8-9). Cornelius Van Til, em "A Defesa da Fé", adverte contra o uso de uma teologia guiada por pressupostos humanos autônomos, o que inevitavelmente dilui a sã doutrina.

(4) As consequências na vida cristã

Visões como as de Kivitz também afetam a compreensão da igreja e de sua relação com Cristo. Ao tentar tornar o evangelho mais aceitável para o mundo secular, compromete-se a suficiência da Escritura e a fidelidade doutrinária (Ef 5.23-25). A linguagem bíblica sobre a relação entre Cristo e a Igreja reflete uma estrutura essencial para a fé cristã.

A Bíblia, embora raramente, usa metáforas femininas para ilustrar certos atributos de Deus, como em Isaías 49.15, onde Deus é comparado a uma mãe que não abandona seu filho. Jesus também usa a imagem de uma galinha protegendo seus pintinhos para expressar seu amor por Jerusalém (Mt 23:37). Essas imagens, porém, não substituem a revelação principal de Deus como Pai, mas complementam nossa compreensão de Sua companhia e cuidado.

Portanto, a tentativa de Kivitz e de outros progressistas de ressignificar Deus como “Deusa mãe” representa um afastamento das doutrinas centrais da fé cristã. A revelação de Deus como Pai e a centralidade dessa imagem nas Escrituras são fundamentos essenciais que não devem ser ajustados para se adequar às pressões culturais (Rm 1.25; Hb 13.8.). A teologia reformada insiste que a Palavra de Deus é suficiente e não necessita de “atualizações” para acompanhar os valores do tempo.

Teologicamente, Ed René Kivitz é visto como um teólogo liberal e progressista. Afinal, defende que a Bíblia seja “atualizada” para refletir valores contemporâneos, questionando abertamente a inerrância e suficiência das Escrituras​.

Rev. Ângelo Vieira da Silva

A TEMPESTADE COMO MENSAGEM: O QUE O FURACÃO MILTON REVELA SOBRE O FIM DOS TEMPOS?

Recentemente, o furacão Milton trouxe à tona debates sobre a natureza das catástrofes e seus significados à luz das Escrituras. Esse fenômeno, caracterizado por ventos devastadores e chuvas torrenciais, não é apenas um evento climático; ele também suscita reflexões sobre como os desastres naturais podem ser interpretados dentro da narrativa bíblica. A teologia reformada, com seu foco na soberania de Deus, oferece uma perspectiva única para entender esses eventos à luz de passagens que falam sobre sinais do fim dos tempos.

Na Bíblia, encontramos diversas referências a desastres naturais como sinais da volta de Cristo. Em Mateus 24:7-8, Jesus menciona que “haverá fome, terremotos e pestes em vários lugares. Mas todas essas coisas são o princípio das dores.” Essa passagem revela que catástrofes são parte do plano divino, indicando um mundo em decadência e a necessidade de redirecionar nossos corações e mentes para as promessas eternas de Deus. Assim, a ocorrência do furacão Milton pode ser vista como um lembrete para a humanidade sobre a fragilidade da vida e a urgência de se voltar para Deus.


A teologia reformada nos ensina que Deus é soberano sobre toda a criação, incluindo os desastres naturais. Isso nos leva a refletir sobre a providência divina durante eventos como o furacão Milton. Em Romanos 8:28, Paulo nos lembra que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus.” Essa verdade não minimiza a dor e a perda causadas pelo furacão, mas oferece esperança ao afirmar que Deus está trabalhando em todas as circunstâncias, mesmo nas mais difíceis, para realizar Seus propósitos.


Além disso, o relato de Noé e o Dilúvio em Gênesis 6-9 serve como um alerta sobre o julgamento divino. O dilúvio foi um evento cataclísmico que resultou na destruição de um mundo corrompido. Embora não possamos afirmar que cada catástrofe natural é um julgamento específico de Deus, como reformados, reconhecemos que todas as coisas estão sob Sua autoridade. O furacão Milton, então, pode nos chamar a uma introspecção sobre o estado moral e espiritual da sociedade contemporânea e a necessidade de arrependimento e transformação.


Por outro lado, as catástrofes também nos lembram da fragilidade da condição humana. Em Lamentações 3:22-23, lemos que “as misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque a sua compaixão não tem fim.” Esses versículos nos encorajam a reconhecer a graça de Deus mesmo em meio ao caos. A resposta da igreja deve ser uma de compaixão e serviço aos afetados, manifestando o amor de Cristo em ação. Isso se alinha com o chamado reformado para que a igreja esteja atenta às necessidades do próximo, refletindo a natureza de Deus.


Por fim, o furacão Milton e outros desastres naturais devem nos impulsionar a viver com esperança e vigilância. Em Apocalipse 21:1-4, encontramos a promessa de um novo céu e uma nova terra, onde não haverá mais dor, tristeza ou morte. À medida que enfrentamos as tempestades da vida, é fundamental manter o foco na esperança eterna que temos em Cristo. A teologia reformada nos ensina a viver com a expectativa do retorno de Cristo, motivando-nos a trabalhar incansavelmente por justiça e paz neste mundo caído, enquanto aguardamos o cumprimento das promessas divinas.


Assim, a análise do furacão Milton à luz das Escrituras nos convida a refletir sobre a soberania de Deus, a fragilidade da vida e a importância de estarmos preparados para os sinais dos tempos. Com uma perspectiva reformada, somos lembrados de que, embora a natureza possa ser imprevisível, a fidelidade de Deus permanece constante, oferecendo esperança e direção em tempos de incerteza.


Soli Deo Gloria.


Angelo Silva

MÚSICA BOA EM UM MUNDO MAL


Posso ouvir música secular?

De Gênesis a Apocalipse, entre anjos e homens, dentro e fora do contexto do culto público, a Bíblia está repleta de música. Enfatizo nesta oportunidade que, em suma, a vida do cristão deve ser para a glória de Deus em todos os sentidos, incluindo na música. Palestra ministrada para os adolescentes da CTK United. Disponível em português e inglês. Ouça e compartilhe com seus contatos. Deus nos abençoe.