Estudar angelologia, ramo da teologia que estuda os seres angelicais, é um grande desafio. Ainda mais hoje, quando o ensino bíblico nos púlpitos é escasso e muitos cristãos podem ser facilmente iludidos por fundamentos teológicos dissimulados. Para evitar um desvio da verdade quanto ao tema, pretendo colaborar com a compreensão bíblica acerca da organização dos seres angelicais em breves pastorais.
Por “organização” busca-se compreender o “sistema”, “o modo pela qual se organizam” os seres angelicais, isto é, a estrutura na qual são designados. Dentro desse aspecto fundamental, a angelologia bíblica oferece fundamentos para crermos que Deus organizou os seres angelicais em classes ou categorias, ordens ou graus, multidões ou companhias, como uma hierarquia. Após aprendermos sobre os querubins e serafins, principados, potestades, poderes, tronos e domínios/soberanias, bem como sobre Gabriel e Miguel, continuemos o estudo pelo adversário, Satanás, o Diabo.
Assim como Gabriel e Miguel, o grande inimigo de nossas almas é citado no Antigo Testamento pelo nome: “Satanás” (hasatan, heb.), “o adversário” do povo de Deus. A ideia é de alguém que impede, que contende e persegue. Já no Novo Testamento, o termo “Diabo” (diabolôs, gr.) é o equivalente grego do hebraico “Satan”, igualmente representando o acusador, o caluniador. Daí a Septuaginta traduzir “Satanás” para “Diabo”. Em sentido geral, portanto, Satanás/Diabo é aquele “que põe o homem contra Deus e Deus contra os homens” (VINE), que antagoniza com nosso Advogado, Cristo.
Satanás acusou Jó diante de Deus mediante suspeições que podem ser resumidas na pergunta: “Porventura, Jó debalde teme a Deus?” (Jó 1.9b). Satanás, com a permissão divina (II Sm 24.1; Tg 1.13), incitou Davi a realizar o censo de Israel, a contagem de homens com mais de vinte anos (I Cr 27.23). Ele também é o adversário do sumo sacerdote Josué (Zc 3.1-2). É possível ver uma progressão da atuação do adversário em Judas até uma conclusão final: Satanás semeia em seu coração (Jo 13.2) e, imediatamente (Jo 13.27), entra no discípulo (Lc 22.3). Os demais discípulos também estavam no alvo. Assim como fez com Jó, Satanás “reclamou”, “pediu” a permissão para prová-los (Lc 22.31-32), literalmente, permissão para despedaçar os discípulos como se faz com o trigo. No contexto das parábolas do Reino, Jesus ensinou o empenho satânico por trás da semeadura da Palavra (Mc 4.15). O Diabo se opõe ao vitorioso avanço do Reino de Deus por toda a Ásia Menor (1 Ts 2.18; Ap 2.9; Ap 3.9). Ao final desse resumo reconhecemos: Satanás é o adversário derrotado (Ap 12.9; Ap 20).
A Bíblia apresenta o adversário de outras maneiras. Além de toda essa atividade ligada ao nome “Satanás/Diabo”, muitos outros títulos, nomes ou designações são dadas a ele. Aquele que não é chamado de Lúcifer na Escritura é o denominado “príncipe da potestade do ar” (Ef 2.2), o “deus deste século” (2 Co 4.4), o “príncipe deste mundo” (Jo 12.31; Jo 14.30; Jo 16.11). O Diabo pode ser confundido com “anjo de luz” (2 Co 11.14), é chamado “maioral dos demônios”, de “Belzebu” (Mt 12.24), de “Belial”, de “Maligno” (2 Co 6.15), de “a antiga serpente” e “o dragão” (Ap 12.9; Ap 20.2); dentre outros.
De um jeito ou de outro, os anjos sempre estiveram ao nosso redor. Seja na história ou nas estórias, na Bíblia ou em outros escritos religiosos, em filmes ou séries de televisão, os anjos estão lá. Assim, em meio a esse vasto e observável universo angelical, oro para que a Igreja de Jesus veja os seres angelicais como eles realmente são: seres criados, espirituais, incorpóreos, racionais, morais, poderosos, imortais, numerosos e organizados (querubins, serafins, principados, potestades, poderes, tronos e domínios/soberanias), nomeados ou não (Gabriel, o arcanjo Miguel, Satanás), sejam eles eleitos ou reprovados.
Rev. Ângelo Vieira da Silva
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