Bem, este não é um texto rebuscado de termos teológicos ou exegéticos, mas sinceramente espero expor os elementos bíblicos que aqueceram minha vida nos últimos dias. Trata-se de uma devocional pessoal a partir da "segunda" carta à igreja de Corinto, na qual a vida e ministério de Paulo (2 Co 6.4-10; 2 Co 11.9; 2 Co 10.10; 2 Co 11.21-33) impactam ao ponto do meu corar de vergonha, aquela tristeza segundo Deus que produz arrependimento para a salvação (2 Co 7.10). "Deus o sabe...".
Aquele que bendisse o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus, o descrevendo como o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação (2 Co 1.3) compartilha seus sofrimentos por Cristo, de certa forma "acima das forças, a ponto de se desesperar até da própria vida" (2 Co 1.8). O apóstolo sabe da consolação vinda de Deus em meio a tantos gemidos (2 Co 5.2, 4), mas também pede ajuda, "com as vossas orações a nosso favor" (2 Co 1.11). É vergonhoso pensar nas oportunidades menos desesperadoras que vivi por Cristo ou mesmo reconhecer as dificuldades de depender exclusivamente de Deus em todo o ministério. Tal reconhecimento só poderia se concluir desta forma, "com as vossas orações a nosso favor".
É comum ouvir-se o desejo de um futuro melhor, planos e planos que se divagam em "coisas" desse mundo. Não serei hipócrita! Também quero experimentar boas dádivas do Senhor em meio à sua criação... Então, leio: "porque, no meio de muitos sofrimentos e angústias de coração, vos escrevi, com muitas lágrimas, não para que ficásseis entristecidos, mas para que conhecêsseis o amor que vos consagro em grande medida" (2 Co 2.4). Sem dúvidas, não há desejo melhor para um cristão do que vivenciar o amor em Cristo na vida daqueles que oram por nós, que vêm ao nosso encontro para nos guiar, que nos exortam à permanecer no verdadeiro evangelho (2 Co 11.28; 2 Co 12.15, 21). Eis um amor que se consagra em grande medida e não deve, não pode ser desprezado. Sim! O amor de Cristo nos constrange (2 Co 5.14; 2 Co 8.9).
Apesar de ser falto no falar, não o era no conhecimento (2 Co 11.6). Temos um apóstolo, um pastor, um cristão que demonstra o amor bíblico com necessárias exortações (2 Co 13.11). Ele não precisa "mercadejar a Palavra de Deus" (2 Co 2.17), só precisa expô-la fielmente, sem se louvar (2 Co 10.18). Paulo não quer que "Satanás alcance vantagem" (2 Co 2.11) sobre aqueles que são o bom perfume de Cristo (2 Co 2.15). Onde está a glória? Não está nas tábuas de pedra cuja a letra mata, mas no Espírito que vivifica (2 Co 3.3-11); aí sim estará a liberdade (2 Co 3.16-17)! O incrédulo que eu era, cegado pelo deus deste século (2 Co 4.4), agora é nova criatura em Cristo, "as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas" (2 Co 5.17). Não há mais culpa. "Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus" (2 Co 5.21). Aleluia.
À luz desta maravilhosa e graciosa realidade pergunto: por que o desânimo? Por que não orar ou ler as Escrituras? Por que não se envolver com a missão? Por que não perdoar? Por que não obedecer a Deus? Por que é tão difícil ser fiel? Somos pecadores, miseráveis, vasos de barro. Não se esqueça, porém, que o Senhor te preparou para isto (2 Co 5.5). Como disse Paulo, temos esse tesouro em vasos de barro "para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós" (2 Co 4.7). "Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia" (2 Co 4.16).
Ao terminar a devocional um verso desta carta saltou-me aos olhos com mais intensidade. É como se o Espírito dissesse: "agora que você meditou nestas verdades, siga por esse caminho". Não sei se é o versículo principal desta epístola, mas é a síntese dessa devocional na segunda carta de Paulo aos coríntios: "tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus" (2 Co 7.1).
Pense nisto e que "a graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós" (2 Co 13.13).
Rev. Ângelo Vieira da Silva
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