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O DESERTO SOB AS ÁGUAS: ENTENDENDO OS SINAIS DOS TEMPOS



O deserto do Saara, conhecido por sua vastidão e aridez, tornou-se palco de um fenômeno inusitado: inundações. A notícia de chuvas transformando a areia em rios provocou curiosidade entre cristãos, levantando questões sobre uma possível conexão com as profecias bíblicas. Para a teologia reformada, que posso representar por estudiosos como William Hendriksen e Simon Kistemaker, interpretar tais eventos requer cautela e uma análise criteriosa das Escrituras. Mas será que tais fenômenos naturais podem ser vistos como sinais escatológicos?


Na escatologia reformada, Hendriksen e Kistemaker afirmam que a Bíblia não oferece previsões detalhadas de eventos geográficos como inundações em regiões específicas. Segundo Hendriksen, “os sinais descritos em passagens escatológicas não devem ser entendidos de forma excessivamente literal”. A inundação no Saara, portanto, não deve ser automaticamente associada ao cumprimento de alguma profecia. O que as Escrituras apontam são sinais mais amplos de um mundo que clama por redenção.


Ao observar as Escrituras, vemos que o deserto é frequentemente retratado como um lugar de provação e preparação espiritual. Moisés, Elias e Jesus passaram por deserto antes de grandes atos de redenção. No entanto, na Bíblia, eventos naturais como inundações podem simbolizar tanto julgamento como renovação. O dilúvio nos dias de Noé, por exemplo, trouxe destruição, mas também foi o prelúdio de um novo começo. Kistemaker, em seu comentário sobre Apocalipse, adverte que “os desastres naturais descritos no livro são símbolos de um mundo em constante estado de agonia”.


Ainda que esses fenômenos naturais sejam impressionantes, Kistemaker destaca que “o objetivo da escatologia não é identificar cada catástrofe como um sinal imediato do fim, mas nos preparar para a consumação final em Cristo”. Assim, a inundação do Saara deve ser vista mais como um lembrete da fragilidade do mundo criado do que como um indício específico da segunda vinda de Cristo. A Terra, como Paulo afirma em Romanos 8, geme como em dores de parto, aguardando sua redenção completa.


A teologia reformada nos chama à vigilância, mas também adverte contra especulações infundadas. Não há nas Escrituras um mandato para correlacionar cada fenômeno natural com um evento escatológico. O foco deve estar na obra redentora de Cristo e no chamado à santidade. Como Hendriksen enfatiza, “a certeza do retorno de Cristo não está em sinais visíveis, mas na promessa infalível da Palavra de Deus”.


Em suma, embora inundações no deserto possam parecer eventos extraordinários, a teologia reformada nos ensina a buscar uma interpretação bíblica equilibrada. Não devemos nos perder em conjecturas, mas sim manter nosso olhar fixo na promessa do Reino de Deus e na renovação de todas as coisas, que virá no tempo determinado por Ele.


Soli Deo Gloria.


Angelo Silva

A TEMPESTADE COMO MENSAGEM: O QUE O FURACÃO MILTON REVELA SOBRE O FIM DOS TEMPOS?

Recentemente, o furacão Milton trouxe à tona debates sobre a natureza das catástrofes e seus significados à luz das Escrituras. Esse fenômeno, caracterizado por ventos devastadores e chuvas torrenciais, não é apenas um evento climático; ele também suscita reflexões sobre como os desastres naturais podem ser interpretados dentro da narrativa bíblica. A teologia reformada, com seu foco na soberania de Deus, oferece uma perspectiva única para entender esses eventos à luz de passagens que falam sobre sinais do fim dos tempos.

Na Bíblia, encontramos diversas referências a desastres naturais como sinais da volta de Cristo. Em Mateus 24:7-8, Jesus menciona que “haverá fome, terremotos e pestes em vários lugares. Mas todas essas coisas são o princípio das dores.” Essa passagem revela que catástrofes são parte do plano divino, indicando um mundo em decadência e a necessidade de redirecionar nossos corações e mentes para as promessas eternas de Deus. Assim, a ocorrência do furacão Milton pode ser vista como um lembrete para a humanidade sobre a fragilidade da vida e a urgência de se voltar para Deus.


A teologia reformada nos ensina que Deus é soberano sobre toda a criação, incluindo os desastres naturais. Isso nos leva a refletir sobre a providência divina durante eventos como o furacão Milton. Em Romanos 8:28, Paulo nos lembra que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus.” Essa verdade não minimiza a dor e a perda causadas pelo furacão, mas oferece esperança ao afirmar que Deus está trabalhando em todas as circunstâncias, mesmo nas mais difíceis, para realizar Seus propósitos.


Além disso, o relato de Noé e o Dilúvio em Gênesis 6-9 serve como um alerta sobre o julgamento divino. O dilúvio foi um evento cataclísmico que resultou na destruição de um mundo corrompido. Embora não possamos afirmar que cada catástrofe natural é um julgamento específico de Deus, como reformados, reconhecemos que todas as coisas estão sob Sua autoridade. O furacão Milton, então, pode nos chamar a uma introspecção sobre o estado moral e espiritual da sociedade contemporânea e a necessidade de arrependimento e transformação.


Por outro lado, as catástrofes também nos lembram da fragilidade da condição humana. Em Lamentações 3:22-23, lemos que “as misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque a sua compaixão não tem fim.” Esses versículos nos encorajam a reconhecer a graça de Deus mesmo em meio ao caos. A resposta da igreja deve ser uma de compaixão e serviço aos afetados, manifestando o amor de Cristo em ação. Isso se alinha com o chamado reformado para que a igreja esteja atenta às necessidades do próximo, refletindo a natureza de Deus.


Por fim, o furacão Milton e outros desastres naturais devem nos impulsionar a viver com esperança e vigilância. Em Apocalipse 21:1-4, encontramos a promessa de um novo céu e uma nova terra, onde não haverá mais dor, tristeza ou morte. À medida que enfrentamos as tempestades da vida, é fundamental manter o foco na esperança eterna que temos em Cristo. A teologia reformada nos ensina a viver com a expectativa do retorno de Cristo, motivando-nos a trabalhar incansavelmente por justiça e paz neste mundo caído, enquanto aguardamos o cumprimento das promessas divinas.


Assim, a análise do furacão Milton à luz das Escrituras nos convida a refletir sobre a soberania de Deus, a fragilidade da vida e a importância de estarmos preparados para os sinais dos tempos. Com uma perspectiva reformada, somos lembrados de que, embora a natureza possa ser imprevisível, a fidelidade de Deus permanece constante, oferecendo esperança e direção em tempos de incerteza.


Soli Deo Gloria.


Angelo Silva

O “BBB” DE MUITOS CRISTÃOS


Estreou mais um “BBB”, o “Big Brother Brasil” 20. Entre “likes” e “dislikes”, não há dúvidas que tal “reality show” será (e já está sendo...) motivo de muitas matérias, críticas, artigos, "posts", "twitties" e comentários na internet. Dessa vez, me ausentarei desse palco e apenas me deterei em utilizá-lo para me referir a outro “BBB”, que insiste permanecer no meio de muitos cristãos, assombrados pelas concupiscências da carne e dos olhos (1 João 2.16-17).

É fato que uma programação televisiva inculta e desprovida de conhecimento não agrega bons valores aos cidadãos de bem. Outrossim, muitos cristãos envergonham o seu Cristo no instante em que, como ditos discípulos, abandonam o ensino do Mestre para divagar nos prazeres passageiros ditados por uma sociedade alieanda e distante do Deus que eles julgam conhecer. Dito isso, passo a descrever um “BBB” admirado por muitos cristãos que, entretanto, se revela alheio à Cristo, à Bíblia e à Igreja fiel. Quem ler, entenda.

1) O “B” DA “BAJULAÇÃO”.

Sinto que há, no meio cristão, uma espécie de programa de substituição do discipulado bíblico pela bajualção, da pregação e ensino da Bíblia, pela adulação. Não é teoria de conspiração, é pura observação. Atualmente, parece que é necessário bajular para manter o crescimento da arrecadação financeira e do rol de membros. À contramão, não há profundidade bíblica nas exposições, pois as mensagens são superficiais e secularizadas; e “coachings” são os novos pastores. Não importam os meios, contanto que os fins sejam alcançados. Assim, tal postura faz nascer “cristãos-bebês” e institui uma mega comunidade manipulável. Ali, não há espaço para confrontos sadios/bíblicos e todos são aceitos como são, são bajulados e adulados como são, não havendo necessidade de arrependimento, mudança de vida.

2) O “B” DE “BADALAÇÃO”.

O mundo de hoje é o mundo da badalação. “Mostre que você é superior!” (melhor carro, salário, roupa, atitude, idéia, religião, etc.), ensinam. O importante é ostentar-se socialmente. Aparentemente, até o entretenimento está a serviço de uma mensagem hedonista individualista, isto é, “não importa o que as pessoas digam, o importante é você ser feliz”. Porém, o cristão “badalado” está abalado. Ele necessita de humildade, não de arrogância; ele não se vangloria, se esvazia de si. Tudo importa se sou cristão, pois o meu dever é ser, viver e agir como meu Senhor ensinou. Nele está a verdadeira felicidade.

3) O “B” DE “BACANAL”.

Várias pessoas realizam uma festa. Celebram a uma divindade por meio de festim licencioso, libidinoso. Os libertinos criam uma orgia e lhe dão o nome de bacanal, possível festa antiga ao deus Baco, deus do vinho... É claro que o cristianismo autêntico não se mistura com esse tipo de festa. É evidente que os cristãos não participam de bacanais. Será? Não é verdade que hoje muitos cristãos vivem na promiscuidade como percebida em tempos antigos? Basta pensarmos no crescimento do número de cristãos que vivem na prática de relações sexuais ilícitas e concluiremos que o prazer pecaminoso é um problema oculto a ser enfrentado na Igreja. Eis o dilema: o cristão pecador peca desenfreadamente e não há arrependimento, mudança de vida.

Eis um “BBB” oculto de muitos cristãos... Bajulação, badalação e bacanal... É como uma tríade maléfica a ser percebida, enfrentada e extirpada do meio do povo de Deus. A pergunta é: vamos assistir, participar ou renunciar ao “BBB”?

Não fique espiando, mas creia na expiação. Deus está de olho.

Rev. Ângelo Vieira da Silva

O TAPA DO PAPA


“Adeus ano velho, feliz ano novo” e muitas notícias inusitadas marcam o “ano que vai nascer”... Imagine só! Além das estranhas simpatias para se ter “muito dinheiro no bolso”, discussões filosóficas para determinar se a década acabou ou não, matérias sobre cães se vingando dos donos que soltavam fogos de artifício, algo me chamou a atenção. Uma das notícias mais lidas no primeiro dia do ano é sobre o tal tapa do papa.

Como de costume, o supremo pontífice da Igreja Católica realizou a primeira missa do ano na Basílica de São Pedro e rezou o Angelus juntamente com os fiéis. Entretanto, no dia anterior, após sair do palácio apostólico o bispo de Roma se encontrou com os fiéis e uma situação incomum ocorreu. Enquanto os cumprimentava, uma mulher se adiantou, puxando o papa até si. A atitude repentina fez com que o líder católico reagisse abruptamente, gerando um tapa do papa (LINK). A repercussão midiática e memes posteriores foram alimentados pelo fato de ser O papa e o “tapa” ter sido dado após sua homilia contra a violência e ofensas sofridas pelas mulheres.

A teologia romana atribui ao papa um status incompatível com a verdadeira natureza humana, pecadora. O primeiro papa jesuíta e latino-americano da história carrega o fardo de ser eleito o “Santo Padre”, infalível em seus ensinos ex cathedra. Um homem nessa posição e admiração néscia de muitos, ao que parece, não pode se irritar, reagir, não sorrir, se retirar. Francisco, porém, se portou biblicamente, pedindo desculpas publicamente: “Muitas vezes perdemos a paciência. Isso acontece comigo também. Peço desculpas pelo mau exemplo de ontem”, declarou. Aproveito o ensejo para uma breve reflexão.

Seja homem ou mulher, criança ou adulto, rico ou pobre, Papa ou Pastor, Presbítero ou Diácono, na Igreja ou fora dela, a verdade é que todos somos pecadores e estamos sujeitos às mazelas dessa condição. Neste mundo que jaz no maligno (1 Jo 5.19), encontramos uma humanidade que precisa ser redimida do seu cativeiro espiritual, pois manifesta imoralidade sexual, impureza, libertinagem, idolatria, feitiçaria, ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, desunião, divisões, inveja, embriaguez, orgias e coisas semelhantes que a impedirão de herdar o Reino de Deus (‭‭Gl 5.19-21‬). Como afirmou o reformador Martinho Lutero, “há tantas razões para nos vangloriar quanto há para Satanás de se orgulhar por sua linhagem angelical”.

Não há santo como o Senhor ou homem perfeito como Cristo. É nEle que precisamos depositar nossa fé, a fim de recebermos o perdão e podermos perdoar setenta vezes sete. Somente Jesus e seu Santo Espírito poderão proporcionar, genuinamente, frutos dignos de arrependimento, o amor, a alegria, a paz, a paciência, a delicadeza, a bondade, a fidelidade, a humildade e, no caso desta reflexão, o domínio próprio (Gl 5.22-25).

Invertendo o ditado popular, “pau que dá em Francisco, dá em Chico”, vejo que o cristão está na mira dos pagãos que, por sua vez, acusam os crentes de se acharem mais “santos que os demais”. Não deve ser essa a postura do pecador redimido. Devemos nos enxergar como os “principais pecadores” (1 Tm 1.15), alertando ao mundo que as pessoas que pertencem a Cristo crucificaram a natureza humana delas, junto com todas as paixões e desejos dessa natureza nEle, em Jesus. Não somos perfeitos, nem Santos. Seguimos lutando contra o pecado em nós, pela processo de santificação. Portanto, “estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro” (1 Jo 2.1-2).

Rev. Ângelo Vieira da Silva