“Adeus ano velho, feliz ano novo” e muitas notícias inusitadas marcam o “ano que vai nascer”... Imagine só! Além das estranhas simpatias para se ter “muito dinheiro no bolso”, discussões filosóficas para determinar se a década acabou ou não, matérias sobre cães se vingando dos donos que soltavam fogos de artifício, algo me chamou a atenção. Uma das notícias mais lidas no primeiro dia do ano é sobre o tal tapa do papa.
Como de costume, o supremo pontífice da Igreja Católica realizou a primeira missa do ano na Basílica de São Pedro e rezou o Angelus juntamente com os fiéis. Entretanto, no dia anterior, após sair do palácio apostólico o bispo de Roma se encontrou com os fiéis e uma situação incomum ocorreu. Enquanto os cumprimentava, uma mulher se adiantou, puxando o papa até si. A atitude repentina fez com que o líder católico reagisse abruptamente, gerando um tapa do papa (LINK). A repercussão midiática e memes posteriores foram alimentados pelo fato de ser O papa e o “tapa” ter sido dado após sua homilia contra a violência e ofensas sofridas pelas mulheres.
A teologia romana atribui ao papa um status incompatível com a verdadeira natureza humana, pecadora. O primeiro papa jesuíta e latino-americano da história carrega o fardo de ser eleito o “Santo Padre”, infalível em seus ensinos ex cathedra. Um homem nessa posição e admiração néscia de muitos, ao que parece, não pode se irritar, reagir, não sorrir, se retirar. Francisco, porém, se portou biblicamente, pedindo desculpas publicamente: “Muitas vezes perdemos a paciência. Isso acontece comigo também. Peço desculpas pelo mau exemplo de ontem”, declarou. Aproveito o ensejo para uma breve reflexão.
Seja homem ou mulher, criança ou adulto, rico ou pobre, Papa ou Pastor, Presbítero ou Diácono, na Igreja ou fora dela, a verdade é que todos somos pecadores e estamos sujeitos às mazelas dessa condição. Neste mundo que jaz no maligno (1 Jo 5.19), encontramos uma humanidade que precisa ser redimida do seu cativeiro espiritual, pois manifesta imoralidade sexual, impureza, libertinagem, idolatria, feitiçaria, ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, desunião, divisões, inveja, embriaguez, orgias e coisas semelhantes que a impedirão de herdar o Reino de Deus (Gl 5.19-21). Como afirmou o reformador Martinho Lutero, “há tantas razões para nos vangloriar quanto há para Satanás de se orgulhar por sua linhagem angelical”.
Não há santo como o Senhor ou homem perfeito como Cristo. É nEle que precisamos depositar nossa fé, a fim de recebermos o perdão e podermos perdoar setenta vezes sete. Somente Jesus e seu Santo Espírito poderão proporcionar, genuinamente, frutos dignos de arrependimento, o amor, a alegria, a paz, a paciência, a delicadeza, a bondade, a fidelidade, a humildade e, no caso desta reflexão, o domínio próprio (Gl 5.22-25).
Invertendo o ditado popular, “pau que dá em Francisco, dá em Chico”, vejo que o cristão está na mira dos pagãos que, por sua vez, acusam os crentes de se acharem mais “santos que os demais”. Não deve ser essa a postura do pecador redimido. Devemos nos enxergar como os “principais pecadores” (1 Tm 1.15), alertando ao mundo que as pessoas que pertencem a Cristo crucificaram a natureza humana delas, junto com todas as paixões e desejos dessa natureza nEle, em Jesus. Não somos perfeitos, nem Santos. Seguimos lutando contra o pecado em nós, pela processo de santificação. Portanto, “estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro” (1 Jo 2.1-2).
Rev. Ângelo Vieira da Silva
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