Na manhã do dia 12/08/1859 o Rev. Ashbel Green Simonton chegou ao Brasil. O jovem missionário, de 26 anos (a mesma idade que tinha quando iniciei o ministério pastoral), chegava a um país grandioso, imperial, reinado por Dom Pedro II. “É um lugar lindo, o mais singular e radiante que jamais vi (...) estou pronto para desembarcar”, relatou o jovem pastor em seu diário.
O Rev. Ashbel, então ordenado pastor há poucos quatro meses, chegou à capital do império, o Rio de Janeiro, vindo de Baltimore, Estados Unidos. Na época, o país atravessava crises que, dentre muitas outras, envolviam a escravidão (naquele ano, homens, mulheres e crianças de pele negra ainda eram obrigados a trabalhar para grandes senhores) e doenças (como tuberculose, considerada o mal do século XIX, e febre amarela que causavam transtornos e sérias preocupações, mesmo após a superação de uma epidemia de cólera).
Quando Simonton nasceu (1833) em West Hanover, na Pensilvânia, os Estados Unidos da América ainda eram uma jovem nação, tendo conquistado a independência há pouco mais de meio século. Problemas como escravidão, a divisão do Norte e do Sul e a imigração católica foram encarados por ele. Nesse contexto, Simonton foi grandemente influenciado pelos presbiterianos escoceses, ou seja, a fé presbiteriana que herdara de seus pais, descendentes dos célebres escoceses-irlandeses. Ashbel também foi influenciado pelo Puritanismo (a tradição puritana, um legado de grande fervor espiritual, a intensa busca de comunhão com Deus que contribuiu para os freqüentes avivamentos da época).
A partir de um sermão pregado por seu professor, o famoso teólogo Charles Hodge, Simonton considerou o trabalho missionário no estrangeiro como prioridade em sua vida. Foi assim que ele decidiu vir para o Brasil e, em meio a muitas dificuldades, realizou o ministério brilhante na presença do Altíssimo. Pense assim: apesar de não falar o português, o jovem pastor logo iniciou seus trabalhos e fez seus primeiros contatos com estrangeiros. Metódico, operoso e perseverante, Simonton lançou em poucos anos as bases do presbiterianismo brasileiro, criando várias estruturas pioneiras: (a) a primeira igreja, a do Rio de Janeiro (1862); (b) o primeiro jornal, “A Imprensa Evangélica” (1864); (c) o primeiro presbitério, Presbítero do Rio de Janeiro (1865) e (d) o primeiro seminário, Seminário do Rio de Janeiro (1867). Apesar da grande dor que sentiu ao perder a jovem esposa, reuniu forças para dar continuidade às suas atividades evangelísticas e pastorais, encerrando sua carreira prematuramente aos 34 anos de idade (1867), na cidade de São Paulo, vitimado pela febre amarela.
155 anos depois podemos ver os frutos deste trabalho inicial. Os últimos dados estatísticos de nossa Igreja comprovam (dados de 2011): são 5.392 Igrejas, 5.015 congregações, 3.054 pontos de pregação, 8.315 pastores, 24.969 presbíteros, 33.146 diáconos, 3.123 missionários, 685.962 alunos na Escola Dominical, mai de um milhão de membros comungantes e não-comungantes. Além disso, muitas escolas presbiterianas, oito seminários teológicos (e uma extensão) e a Universidade Presbiteriana Mackenzie (uma das melhores universidades privadas do país) completam o pouco desse cenário agraciado.
É um grande privilégio pertencer à Igreja de Cristo. Louvo a Deus por ser o Cabeça da Igreja Presbiteriana do Brasil, uma comunidade que se esforça para viver, acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo, estando seus membros firmes em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica (Fl 1.27). Deus abençoe a IPB. Deus nos guarde pelo Seu poder.
Rev. Ângelo Vieira da Silva
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