O EXEMPLO DE CRISTO NAS TENTAÇÕES


Medite na frase:
“é melhor evitar a isca do que debater-se na armadilha”.

A isca trata-se de algo que seduz, chama, atrai. É a tentação. Evitar a isca é o mesmo que renunciar a algo desejável aos nossos próprios olhos. A armadilha é um estratagema, arma, ardil. É o pecado. Debater-se na armadilha é o mesmo que reconhecer a queda por um erro sem força para se libertar. Esta pode ser uma comparação na relação entre tentação e pecado que todos nós deveríamos pensar.

Quando pensamos em viver na direção do Espírito Santo de Deus esbarramos no obstáculo, na armadilha do pecado. Contudo, esse não é concebido sem que ocorra, via de regra, algo que as Escrituras chamam de tentação. De Gênesis a Apocalipse encontramos muitos exemplos desta realidade e a oração que se espera é essa: “não nos deixe cair em tentação” (Mt 6.13). Jesus fez menção da tentação no modelo de oração ensinado pela peculiaridade comum desta na vida dos crentes. O sentido é de uma petição por santidade, diante da constante possibilidade de fazer o que desagrada a Deus. Portanto, se desejamos intensificar nossa vida espiritual precisamos vencer as tentações colocadas diante de nós. Como?

O primeira estudo da série promoveu a primeira atitude: conhecer o exemplo do mestre nas tentações. A partir das narrativas bíblicas sobre a tentação de Jesus no deserto (Mt 4.1-11, Mc 1.12-13, Lc 4.1-13), podemos extrair alguns princípios subjacentes das tentações reais superadas pelo nosso Senhor. É fato que a tentação de Jesus no deserto não é análoga à vida cristã em muitos sentidos, mas em outros pode ser. Afinal, quando nosso Senhor estava sendo tentado pelo Diabo Deus o estava provando. Portanto, vejo que:

1.1. A tentação é permitida por Deus (Mt 4.1; Mc 1.12).

Jesus foi levado ao deserto pelo Espírito Santo com um propósito definido: ser tentado pelo diabo. Jesus foi levado da margem do Jordão, onde fora batizado, para o deserto da tentação, onde seria provado pelo Diabo. O mistério da encarnação do Verbo e a compreensão das duas naturezas de Cristo nos levam a compreender que Jesus foi tentado acerca de sua impecabilidade, não divindade: “se és Filho de Deus”. Ele saiu vitorioso.

1.2. Ser cheio do Espírito não isenta da tentação (Lc 4.1).

Após ver a descida do Espírito Santo (Mt 3.16) e ouvir a voz do Pai (Mt 3.17), Jesus foi tentado. Lucas registra que Ele estava cheio do Espírito Santo. Além disso, toda a Escritura emanava dele quando dizia: “está escrito”. Este enchimento, conhecimento e intimidade não proporcionaram a ausência da tentação, mas é indiscutível que são armas da vitória sobre a mesma.

1.3. A tentação ocorre nos instantes cruciais (Mt 4.2; Lc 4.2).

Entendo que as investidas do Diabo ocorreram durante os quarenta dias e noites e que o ápice se deu com o agravamento da fome de Jesus. Certamente esse foi o momento de maior vulnerabilidade. Veja que o Deus-Homem sofre todas as consequências físicas advindas pela falta de alimento. É justamente por seu sofrimento e vitória que Ele poderá sempre nos socorrer por sua graça (Hb 2.18).

1.4. Sempre haverá um agente e meio da tentação (Mt 4.3, 5-6, 8-9).

O agente, ou tentador, aproximar-se-á de nós sempre com duras provas. Seja o tentador exterior (o diabo, outro ser humano) ou o interior (nossa natureza pecaminosa), os meios serão estratégicos. O que será: pão (satisfação física), circo (satisfação popular) ou poder (satisfação sem cruz)?

1.5. Sempre haverá uma nova tentação (Lc 4.13).

Lucas descreve o caráter das tentações: de toda sorte. E mais: apartou-se o diabo, até momento oportuno. A vitória de Cristo foi grandiosa, real, maravilhosa, mas não foi final. Satanás continuou voltando para tentá-lo, para tentar fazê-lo cair. O seu propósito era enganar e seduzir o Messias, a fim de que, ao lado deste, pudesse também destruir o seu reino, afastando-o da cruz.

Ao final de tudo, “eis que vieram os anjos e o serviram” (Mt 4.11). Jesus foi provado e se confirmou sem pecado. Aquele que sentiu fome e venceu o deserto foi servido pelos anjos. “Ao passo que o primeiro Adão sucumbiu por causa de uma simples sugestão tentadora, o último Adão suportou tudo o que inferno pôde lançar contra ele em uma prova isolada e solitária com duração de 40 dias” (R. C. Sproul).

Portanto, finalizo essa primeira parte do estudo, relembrando que Jesus é o sacerdote que se compadece de nossas fraquezas, pois foi também tentado e, por isso, pode socorrer os que são tentados (Hb 4.15).

Agora, pense comigo: como você responde às tentações de Satanás quando está sozinho e sem ninguém observando?

Rev. Ângelo Vieira da Silva

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