O LIMITE DAS TENTAÇÕES


“Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar” (1 Co 10.13).

O puritano John Owen (1616-1683) acertadamente declarou: “é verdade que Deus a ninguém tenta, pois a tentação leva formalmente ao pecado; mas ele tem controle sobre as tentações”. Apesar desse pensamento ser bíblico, mesmo cientes do exemplo do Mestre no deserto e da tríade original das tentações, pode aparentar-nos que as tentações são mais fortes do que os cristãos podem suportar. Afinal, usam o texto: “a carne é fraca” (Mt 26.41).

Entretanto, há uma limitação decisiva nas tentações. Antes de compreendê-la, é preciso situar o texto supracitado. Paulo não quer que os cristãos “abastados” de Corinto esqueçam o exemplo de seus pais. Ora, se o povo de Israel na era mosaica viu feitos poderosos de Deus, conhecia sua vontade acerca do pecado e, mesmo assim, pecou, os cristãos da nova dispensação não poderiam incorrer no mesmo erro frente ao paganismo de seu contexto. O comparativo paulino demonstraria que a “salvação em Jesus não torna ninguém invulnerável à queda” (Keener). O Deus que puniu os pais (israelitas), que pereceram no deserto, puniria também os "filhos" (coríntios, 1 Co 10.5-6, 9-11). Ao que parece, a Igreja de Corinto está sofrendo com o problema da idolatria e suas concomitantes. É igualmente verdadeiro que havia entre aqueles cristãos um excesso de confiança que os levou ao descuido no trato com tais pecados (1 Co 5.11). Deveriam, pois, abusar da liberdade que receberam em Cristo? Jamais! “Portanto, meus amados, fugi da idolatria”, registrou Paulo (1 Co 10.14).

Ao invés de se crer em uma natureza sobre-humana, as tentações são limitadas ao nível humano, pois se diz “que não fosse humana” (anthrôpinos, gr.), o que é pertencente à realidade humana. Portanto, não houve nada de excepcional, mas meramente humano. O que sobrevêm ao homem tentado é sua própria cobiça, quando esta o atrai e o seduz (Tg 1.13-15). Por isso, Paulo exortou os cristãos de Corinto a tomarem cuidado (1 Co 10.12; ver também Pv 16.18), pois os israelitas tinham sido presunçosos e colheram juízo.

As tentações também são limitadas por Deus, que não permite que seus servos sejam “tentados além de suas forças” (Dn 3.17; 2 Pe 2.9). “Nenhuma tentação é inerentemente mais forte do que os nossos recursos espirituais” (McArthur), pois é o Senhor que nos guarda (2 Ts 3.3). É interessante observarmos a expressão/preposição “juntamente com” (sum, gr.). Ela garante que, no mesmo instante que somos tentados, temos a capacidade para suportar a tentação (Ef 6.13). Se somos tentados temos, da parte de Deus, a capacidade para suportar tais provas, “aguentar a carga, como algo colocado sobre os ombros”. Assim, Jesus é a saída de qualquer prova (Hb 2.18), pois “suportou mais do que jamais poderíamos ser chamados a suportar” (McArthur).

Como você responde às tentações de Satanás quando está sozinho e sem ninguém observando?

Rev. Ângelo Vieira da Silva

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