PARABÉNS, HOMEM PRESBITERIANO!


‘Aleluia! Bem-aventurado o homem que teme ao SENHOR e se compraz nos seus mandamentos’
(Sl 112.1)

O calendário de festividades da Igreja Presbiteriana do Brasil reserva o primeiro domingo de fevereiro para a comemoração do Dia do Homem Presbiteriano. Tal homenagem foi oficializada no primeiro Congresso Nacional de Homens Presbiterianos, realizado em Campinas/SP, em 1966. Hoje, portanto, é um dia oportuno para refletirmos a respeito dos privilégios e das responsabilidades do homem presbiteriano.

As Escrituras Sagradas revelam que Deus concedeu ao homem grandes privilégios e responsabilidades. Ao homem foi concedido o privilégio da iniciativa na formação de seu lar, pois lhe foi dito: “Deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gn 2.24). Por outro lado, também ao homem foi dada a responsabilidade de cuidar da saúde emocional e espiritual da esposa: “Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, porque sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas orações” (1 Pe 3.7).

Entre privilégios e responsabilidades, da mesma forma, ao homem foi concedido a missão de liderar o lar, o que fica manifesto nas palavras do apóstolo Paulo: “As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor; porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo. Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido” (Ef 5.22-24). Igualmente, ao homem foi ordenado amar sua esposa com o mais elevado amor: “Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela” (Ef 5.25).

O homem ainda deve se comprometer com a vida espiritual de seus filhos. Dirigindo-se aos israelitas, Moisés declarou: “Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas” (Dt 6.6-9). Soma-se a esse princípio vétero-testamentário o que o apóstolo Paulo exortou aos cristãos de Éfeso: “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor” (Ef 6.4). Sim, o pai tem a responsabilidade de conduzir seus filhos ao Senhor, de educá-los na fé em Cristo. 

Outrossim, é verdade que a sociedade moderna impõe ao homem grandes responsabilidades e obrigações. Diante disso, os homens precisam receber um tratamento especial. Nos países mais desenvolvidos já estão sendo montados centros de ajuda específicos para homens. No Canadá, por exemplo, já existem programas de assistência aos jovens do sexo masculino. A medida pretende evitar gastos previdenciários futuros com famílias que perderão, cedo demais, pais e maridos. No Brasil já estão surgindo grupos de amparo aos homens.

Dito isso, enfim, aos homens presbiterianos os nossos parabéns pelo transcurso do seu dia, a nossa saudação respeitosa e a nossa fraterna mão estendida. Que Deus os abençoe em tão sagrada missão e responsabilidades. Parabéns!

Rev. Ângelo Vieira da Silva

OS ANJOS SÃO SERES CRIADOS


‘O anjo do SENHOR acampa-se ao redor dos que o temem e os livra’’ (Sl 34.7)

Estudar angelologia, ramo da teologia que estuda os seres angelicais, é um grande desafio. Ainda mais hoje, quando o ensino bíblico nos púlpitos é escasso e muitos cristãos podem ser facilmente iludidos por fundamentos teológicos dissimulados. Para evitar um desvio da verdade quanto ao tema, pretendo colaborar com a compreensão bíblica acerca da natureza dos seres angelicais em breves pastorais.

Por “natureza” busca-se compreender a essência, o conjunto de características próprias dos anjos, isto é, o que os constitui em seu cerne, bojo, âmago. Dentro desse aspecto fundamental, a angelologia bíblica oferece fundamentos para crermos que os anjos são seres criados. Deus fez todas as coisas segundo seu propósito, “conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1.11), inclusive os seres angelicais. Assim, como bem declarou Wayne Grudem, teólogo de Cambridge, “os anjos são prova de que o mundo invisível é real”.

Ora, os anjos não são deuses, semi-deuses, nem uma raça (não possuem capacidade reprodutiva). São criaturas distintas, seres mais elevados que o homem, razão pela qual também não devem ser interpretados como seres humanos glorificados. As Sagradas Escrituras prescrevem que o “exército do céu” e as “legiões celestes” foram criadas pelo Senhor Deus: “Louvai-o, todos os seus anjos; louvai-o, todas as suas legiões celestes. Louvem o nome do SENHOR, pois mandou ele, e foram criados” ... “pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele” (Sl 148.2, 5; Cl 1.16). Essas citações do Antigo e Novo Testamentos são suficientes para afirmar que os seres angelicais, denominados aqui de ‘‘anjos, legiões celestes, coisas invisíveis, tronos, soberanias, prncipados, potestates’’, foram feitos pelo Criador.

Mas, quando isso aconteceu? Antes, durante ou depois da criação do universo ou do homem? Reflita sobre o “exército do céu”. Para muitos teólogos, esta expressão ora se refere às estrelas (Gn 2.1; Sl 33.6; Ne 9.6), ora se refere aos seres angelicais (I Re 22.19; Sl 103.20-21). Outros estudiosos delimitam ainda mais, afirmando que a criação dos anjos se deu juntamente com a criação dos céus (Gn 1.1) e antes da criação dos fundamentos da terra. Por isso, há controvérsias se tais passagens bíblicas poderiam esclarecer quando se deu a criação dos anjos.

É fato que as Sagradas Escrituras não apresentam uma informação precisa quanto ao momento que os seres angelicais foram criados. Entretanto, creio ser seguro afirmar que todos os anjos tenham sido criados simultaneamente antes da criação do homem. Além das citações bíblicas supramencionadas, é o que se deduz a partir de outros textos: “porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou” ...“Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra? Dize-mo, se tens entendimento. 7 quando as estrelas da alva, juntas, alegremente cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus?” (Ex 20.11; Jó 38.4, 7). Ambos os textos nos direcionam na compreensão que a criação dos seres angelicais, aqui denominados ‘‘filhos de Deus’’, ocorreu antes do homem, em um tempo na qual o Senhor estabelecia os fundamentos da terra.

De um jeito ou de outro, os anjos sempre estiveram ao nosso redor. Seja na história ou nas estórias, na Bíblia ou em outros escritos religiosos, em filmes ou séries de televisão, os anjos estão aqui e acolá. Assim, em meio a esse vasto e observável universo angelical, oro para que a Igreja de Jesus veja os seres angelicais como eles realmente são: seres criados.*

Rev. Ângelo Vieira da Silva

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Leia mais sobre angelologia bíblica clicando aqui. 

UM DIA MUNDIAL DA RELIGIÃO?


O 21 de janeiro de cada ano é o Dia Mundial da Religião. Do grego “threskeia” e do latim “religare”, o termo designa a ligação do homem com seu “Deus”. Aparentemente, desde sua criação em 1949 por uma assembléia da religião persa Bahá’í, o objetivo seria a unidade entre todas as religiões do mundo. Beiraria a utopia essa aspiração? Creio que sim.

A maioria das religiões chama para si a verdade e são fontes de muitos conflitos políticos, éticos, morais, filosóficos, dentre outros. Entre elas a verdade se torna relativa. Se as tradições e textos sagrados das religiões ditam a fé em cada sistema é fácil compreender que a maioria dos princípios religiosos serão desiguais entre si; haverá óbvias divergências entre a Bíblia, o Rig-Veda, a Tradição Romana, a Torá, o Alcorão, o Livro dos Espíritos, os Vedas (como o Mahabharata), o Zend Avesta, etc... Poucos serão os preceitos comuns. 

Neste texto, entretanto, pretendo não criticar essa ou aquela religião, apesar de crer e ter uma cosmovisão protestante reformada. Sim, é difícil falar de religião nesse escopo, mas arriscarei, uma vez que a reflexão sobre o papel das religiões no mundo é abundantemente atraente nesse dia e mês. Sugiro como palavra-chave desta meditação o RESPEITO. 

É extremamente perigoso pensar que as pessoas de uma religião diferente da qual adotamos não mereçam nossa atenção, respeito e até amor. Muitos agem assim. Por considerarem sua religião a verdadeira, fogem do campo legítimo da discussão saudável de idéias e preceitos para afrontar o próximo, guerrear e esmagá-lo com jugos que, na maioria dos casos, nem mesmo sua religião endossa. Isso não é humano e não pode ou deveria ser “religião”. A doutrinação tolerante precisa ser essencial às religiões. 

Creio que o Dia Mundial da Religião, para alguém religioso como eu (e muitíssimo outros pelo mundo), precisa ser um dia de respeito e reflexão, um momento de enfatizar as inúmeras contribuições excelentes que religiões prestaram à humanidade ao longo dos séculos e lembrança dos seus pecados e erros – sim, por que não? – a serem esclarecidos e abandonados para a posteridade. Sinceramente, não acho que exista religião perfeita. 

Tolerância? Prefiro a palavra respeito, apesar de ouvirmos muito sobre a intolerância religiosa. O Dia da Tolerância é outro e devo lembrá-lo, afinal, “todas as pessoas têm direito à liberdade de pensamento, consciência e religião” (art. 18 da Declaração de Paris em 1995; instituído pela UNESCO). 

Quanto aos cristãos, especificamente os protestantes reformados como eu, relembro os ensinamentos na carta de Tiago 1.26-27: “Se alguém supõe ser religioso, deixando de refrear a língua, antes, enganando o próprio coração, a sua religião é vã. A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo”. Admitindo as relações entre fé e ações legítimas que a Igreja precisa demonstrar, compreendam, a religião pura e sem mácula envolve ortodoxia e ortopraxia. O grande conflito que vejo entre nós, cristãos protestantes reformados, é a incoerência entre a mensagem que pregamos e os caminhos que tomamos. Muitos outros são melhores do que nós nesta relação; e nem são cristãos... Pense nisto! 

Rev. Ângelo Vieira da Silva


A BÍBLIA ORDENA JEJUAR?


“Não é a comida que nos recomendará a Deus, pois nada perderemos, se não comermos, e nada ganharemos, se comermos” (1 Co 8.8).

A resposta para tal pergunta pode ser “SIM” e “NÃO”, o que conduz a reformulação da questão para: a Bíblia recomenda jejuar? Nesse caso, a resposta será um intenso SIM. Pode ser uma questão de Lei e Graça, de antiga e nova alianças; todavia, observemos o jejum entre ordenança e recomendação. Sim, ao se verificar as noções bíblicas do jejum o leitor perceberá que há uma ordenança explícita para o jejum que cessou. Leia a pastoral anterior sobre jejum clicando aqui.

Como já citado na pastoral anterior, o Antigo Testamento revela que os judeus tinham um único dia de jejum instituído por ano, como ordenança na Lei cerimonial: o “Dia da Expiação” ou “dia do jejum” (Lv 23.27; Nm 29.7-11; Jr 36.6). Apesar disso, o único uso imperativo de jejum se deu na necessidade da rainha Ester (Et 4.16), aplicação diferente daquele instituído na Lei, cumprida em Cristo. Na verdade, a exigência de abstinência de alimentos no Novo Testamento até é vista como um falso ensino dos últimos tempos: “ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência, que proíbem o casamento e exigem abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos, com ações de graças, pelos fiéis e por quantos conhecem plenamente a verdade; pois tudo que Deus criou é bom, e, recebido com ações de graças, nada é recusável, porque, pela palavra de Deus e pela oração, é santificado” (1 Tm 4.1-5).

Por outro lado, um estudo bíblico coerente perceberá que há uma recomendação implícita para a prática do jejum, o que permanece para os dias de hoje. Entenda: mesmo que o aspecto legal tenha se consumado, há menções bíblicas acerca do jejum que o tornam uma prática recomendada para hoje, ainda que implicitamente. Além dos registros vétero-testamentários que abordaremos na próxima pastoral, destaco que Jesus recomendou o jejum nos evangelhos (Mt 6.16-18; Mt 9.14-17; Lc 5.33-35), inclusive, criticando o legalismo infundido na bendita prática, o que Paulo também censurou (Rm 14.3-6; Cl 2.20-23; 1 Co 8.8). A Igreja Primitiva jejuava (At 13.3; At 14.23), por que não jejuaríamos nós, a Igreja de hoje? Portanto, a partir do conhecimento das diretrizes explícitas e implícitas nas Sagradas Escrituras, a Igreja concluirá que pode e deve jejuar.

Agora, não jejue por mandamento, mas por contentamento; não para mudar a Deus, mas para mudar a si mesmo. Como destacou John Piper, “metade do jejum cristão é que a perda do nosso apetite físico é pelo fato de a nossa saudade de Deus ser muito intensa. A outra metade é que a nossa saudade de Deus é ameaçada porque nossos apetites físicos são muito intensos”. Tenha em mente um jejum que agrada a Deus. Ouça a voz profética de Isaías (Is 58.3-7) e reconheça que os maiores adversários para a prática bíblica do jejum poderão ser as dádivas do próprio Deus: “dizendo: Por que jejuamos nós, e tu não atentas para isso? Por que afligimos a nossa alma, e tu não o levas em conta? Eis que, no dia em que jejuais, cuidais dos vossos próprios interesses e exigis que se faça todo o vosso trabalho. Eis que jejuais para contendas e rixas e para ferirdes com punho iníquo; jejuando assim como hoje, não se fará ouvir a vossa voz no alto. Seria este o jejum que escolhi, que o homem um dia aflija a sua alma, incline a sua cabeça como o junco e estenda debaixo de si pano de saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aceitável ao SENHOR? Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo? Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante?”.

Rev. Ângelo Vieira da Silva



O MINISTÉRIO DOS ANJOS ELEITOS


“Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos” (Sl 91.11).

Uma vez que se compreende a natureza dos anjos e como essas criaturas se organizam na realização dos propósitos divinos, é preciso entender o ministério angelical. A seguir, destacarei o serviço prestado pelos anjos bons, ou eleitos, de acordo com a Palavra de Deus. Creio que, ao verificar o ministério dos anjos, poderemos distinguir entre um serviço ordinário e outro extraordinário. Contudo, aqui veremos os destaques bíblicos que norteiam o ministério geral dos anjos eleitos. 

A Escritura dá a impressão de que os anjos adoram a Deus, conquanto não possamos fazer idéia de como os anjos falam e cantam. Algumas expressões lançam luz sobre essa idéia. Em Jó 38.7, por exemplo, as expressões em destaque são “alegremente cantavam e rejubilavam”. A primeira aponta para um grito retumbante (ranan, heb.). A segunda para tocar sinal de trombeta (ruwa’, heb.). Jó 38.6 reforça a adoração audível dos anjos. “O lançamento dos alicerces e a colocação da édra de esquina eram momentos para celebração com música e alegria” (F. F. Bruce). Compare os textos acima com Ed 3.10-1 e Zc 4.7. 

Creio que a Palavra de Deus também esclarece o serviço dos anjos em relação à Igreja. Eles são espíritos ministradores (Hb 1.14). Tal expressão (leitourgikos, gr.) se relaciona com a realização de um serviço sagrado. É por isso que também são chamados ministros (Sl 103.21; Sl 104.4). Eles estão presentes na vida da Igreja pois, afinal de contas, guardam e livram o povo de Deus (Sl 91.11; Sl 34.7). O sentido de guadar (shamar, heb.) é manter vigilância com objetivo de proteger. O conceito de livrar (halats, heb.) é resgatar. Portanto, os anjos nos vigiam, protegem e resgatam conforme a vontade soberana de Deus - como no caso de Eliseu (II Re 6.16-17) e Daniel (Dn 6.22) - permanecendo acampados (hanah, heb., por cerco) ao redor dos seus homens.

Os anjos eleitos são mensageiros com propósitos bem definidos por Deus. Eles anuciaram o desígnio do Eterno (Lc 1.19), suas advertências (Mt 2.13), instruções (At 10.3-6), encorajamento (At 27.23-25) e revelações (Dn 9.21-23). Não há razão para excluí-los de nossa vida, pois o próprio Deus os coloca como protetores de seus povo. Em suma, devemos lembrar que os anjos adoram, mas não devem ser adorados; os anjos servem, mas não devem ser servidos (Stanley Horton); “não devemos esperar neles, nem invocar seu auxílio” (Charles Hodge). 

Rev. Ângelo Vieira da Silva 

DEZ DISPOSIÇÕES PESSOAIS PARA OS CRISTÃOS

Todo dia, e bem cedo, levantam-se homens e mulheres para trabalhar. Faça chuva, faça sol, lá estão todos se afadigando no penoso trabalho. Nele algo não pode faltar: disposição. Se não a tivermos diariamente, não sairemos de nossa confortável cama em um dia frio para trabalhar; não deixaremos o aconchego de nosso lar em um domingo para ir a Escola Dominical, depois de uma semana dura de labor. É a disposição que nos move a fazer ou não algo para o nosso próprio bem. Disposição é o mesmo que “propósito, desígnio, determinação”.

Na vida cristã não é diferente. O servo de Deus precisa ter disposições que levarão não apenas ao seu próprio crescimento, mas também o da Igreja do Senhor Jesus. Será que você estaria preparado para cumprir dez disposições básicas no novo ano que se inicia? Eis a primeira:

1) AME A DEUS COM TODAS AS FORÇAS, ENTENDIMENTO E CORAÇÃO.

Moisés expressou isto ao povo de Israel desta forma: “Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força; Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, e todos os dias guardarás os seus preceitos, os seus estatutos, os seus juízos e os seus mandamentos" (Dt 6.5 e Dt 11.1).

2) TENHA CERTEZA QUE SEU CORAÇÃO FOI TRANSFORMADO.

Ezequiel conclamou o povo a esta disposição: “Lançai de vós todas as vossas transgressões com que transgredistes e criai em vós coração novo e espírito novo; pois, por que morreríeis, ó casa de Israel? Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne" (Ez 18.31 e Ez 36.26).

3) EMPENHE-SE NA MEDITAÇÃO DAS SAGRADAS LETRAS.

O sábio apóstolo dos gentios sabia no que seu filho na fé deveria se empenhar: “e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (2 Tm 3.15).

4) APROFUNDE-SE NA INTIMIDADE COM DEUS PELA ORAÇÃO.

O salmista entende esta verdade: “A intimidade do SENHOR é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança. Os meus olhos se elevam continuamente ao SENHOR, pois ele me tirará os pés do laço” (Sl 25.14-15).

5) SEJA OBEDIENTE ÀS AUTORIDADES CONSTITUÍDAS POR DEUS.

Romanos 13.1 ensina: “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas”.

6) TORNA-TE FIEL NOS DÍZIMOS E NAS OFERTAS.

Antes de haver lei instituída, Abraão deu o dízimo a Melquisedeque (Gn 14.20). Paulo mostra aos coríntios que, no tocante a oferta, “cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria” (2 Co 9.7).

7) ABANDONE O DESEJO CARNAL DA DIFAMAÇÃO.

2 Pedro 2.10 enfatiza: “especialmente aqueles que, seguindo a carne, andam em imundas paixões e menosprezam qualquer governo. Atrevidos, arrogantes, não temem difamar autoridades superiores”.

8) PARTICIPE DE TODAS AS ATIVIDADES DA IGREJA QUE PUDER.

Joel 2.16: ”Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, reuni os filhinhos e os que mamam; saia o noivo da sua recâmara, e a noiva, do seu aposento”.

9) EVANGELIZE AS PESSOAS QUE ESTÃO AO SEU REDOR.

Ordenança de Jesus é “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15).

10) AME AO PRÓXIMO COMO A TI MESMO.

Lembre-se que: “o que amar a Deus de todo o coração e de todo o entendimento e de toda a força, e amar ao próximo como a si mesmo excede a todos os holocaustos e sacrifícios” (Mc 12.33).

Pense nisso e se disponha.

Rev. Ângelo Vieira da Silva

O TAPA DO PAPA


“Adeus ano velho, feliz ano novo” e muitas notícias inusitadas marcam o “ano que vai nascer”... Imagine só! Além das estranhas simpatias para se ter “muito dinheiro no bolso”, discussões filosóficas para determinar se a década acabou ou não, matérias sobre cães se vingando dos donos que soltavam fogos de artifício, algo me chamou a atenção. Uma das notícias mais lidas no primeiro dia do ano é sobre o tal tapa do papa.

Como de costume, o supremo pontífice da Igreja Católica realizou a primeira missa do ano na Basílica de São Pedro e rezou o Angelus juntamente com os fiéis. Entretanto, no dia anterior, após sair do palácio apostólico o bispo de Roma se encontrou com os fiéis e uma situação incomum ocorreu. Enquanto os cumprimentava, uma mulher se adiantou, puxando o papa até si. A atitude repentina fez com que o líder católico reagisse abruptamente, gerando um tapa do papa (LINK). A repercussão midiática e memes posteriores foram alimentados pelo fato de ser O papa e o “tapa” ter sido dado após sua homilia contra a violência e ofensas sofridas pelas mulheres.

A teologia romana atribui ao papa um status incompatível com a verdadeira natureza humana, pecadora. O primeiro papa jesuíta e latino-americano da história carrega o fardo de ser eleito o “Santo Padre”, infalível em seus ensinos ex cathedra. Um homem nessa posição e admiração néscia de muitos, ao que parece, não pode se irritar, reagir, não sorrir, se retirar. Francisco, porém, se portou biblicamente, pedindo desculpas publicamente: “Muitas vezes perdemos a paciência. Isso acontece comigo também. Peço desculpas pelo mau exemplo de ontem”, declarou. Aproveito o ensejo para uma breve reflexão.

Seja homem ou mulher, criança ou adulto, rico ou pobre, Papa ou Pastor, Presbítero ou Diácono, na Igreja ou fora dela, a verdade é que todos somos pecadores e estamos sujeitos às mazelas dessa condição. Neste mundo que jaz no maligno (1 Jo 5.19), encontramos uma humanidade que precisa ser redimida do seu cativeiro espiritual, pois manifesta imoralidade sexual, impureza, libertinagem, idolatria, feitiçaria, ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, desunião, divisões, inveja, embriaguez, orgias e coisas semelhantes que a impedirão de herdar o Reino de Deus (‭‭Gl 5.19-21‬). Como afirmou o reformador Martinho Lutero, “há tantas razões para nos vangloriar quanto há para Satanás de se orgulhar por sua linhagem angelical”.

Não há santo como o Senhor ou homem perfeito como Cristo. É nEle que precisamos depositar nossa fé, a fim de recebermos o perdão e podermos perdoar setenta vezes sete. Somente Jesus e seu Santo Espírito poderão proporcionar, genuinamente, frutos dignos de arrependimento, o amor, a alegria, a paz, a paciência, a delicadeza, a bondade, a fidelidade, a humildade e, no caso desta reflexão, o domínio próprio (Gl 5.22-25).

Invertendo o ditado popular, “pau que dá em Francisco, dá em Chico”, vejo que o cristão está na mira dos pagãos que, por sua vez, acusam os crentes de se acharem mais “santos que os demais”. Não deve ser essa a postura do pecador redimido. Devemos nos enxergar como os “principais pecadores” (1 Tm 1.15), alertando ao mundo que as pessoas que pertencem a Cristo crucificaram a natureza humana delas, junto com todas as paixões e desejos dessa natureza nEle, em Jesus. Não somos perfeitos, nem Santos. Seguimos lutando contra o pecado em nós, pela processo de santificação. Portanto, “estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro” (1 Jo 2.1-2).

Rev. Ângelo Vieira da Silva