CARNAVAL NA HISTÓRIA, NO BRASIL E ENTRE OS CRISTÃOS


É chegada aquela semana marcada por uma celebração pomposa. Precedendo a “Quaresma”, que são aqueles quarenta dias de penitência entre a quarta-feira de cinzas e o domingo da Páscoa de católicos e ortodoxos, a festa ganha o título de carnaval. Ao que parece, o nome e a festa equivalem ao propósito pessoal do esbaldar o que a carne permite, pelo menos, antes do momento de consagração e jejum que precede a Páscoa católica e ortodoxa. O carnelevarium, ou “eliminação da carne”, ou “adeus à carne”, ou “festa da carne”, precisa ser melhor reconhecido na história, no Brasil e nos cristãos, isso se são comprometidos com uma santidade real, não meramente ritual.

1. O CARNAVAL NA HISTÓRIA

O carnaval antecede a cultura brasileira. Provavelmente, exista desde a Antiguidade. Já se falava em carnaval na Grécia antiga (século IV), em agradecimento pela fertilidade e produtividade da agricultura. No sexto século, a igreja romana adotou a festa e, um milênio depois, o Concílio de Trento reconheceu o carnaval como uma manifestação popular. Foi nesse tempo, por vola de 1582, que o Papa Gregório XIII estabeleceu as datas da festa no calendário gregoriano. Antes, porém, o carnaval tinha conotações extremamente pagãs no culto ao deus Dionísio, com cerimônias recheadas de danças em torno de fogueiras e uso de disfarces simbolizando a inexistência de classes sociais. Por outro lado, em Veneza o carnaval tradicionalizou-se sofisticadamente pelo uso atual de fantasias, carros alegóricos, desfiles, etc..

2. O CARNAVAL NO BRASIL

Culturalmente, o carnaval é uma das festas mais populares do Brasil. Estima-se que portugueses da Ilha Madeira, dentre outras, trouxeram o Carnaval ao Brasil em 1723, apesar de serem festas inofensivas em torno de jogar água nos outros. Adiante, registra-se em 1840 o primeiro baile carnavalesco e, em 1855, os primeiros grandes clubes destinados à comemoração do carnaval, como as atuais escolas de samba. A primeira escola de samba na história do Brasil foi a “Deixa falar”, fundada em 1928 no Rio de Janeiro.

3. O CARNAVAL ENTRE OS CRISTÃOS?

Um cristão acessa a internet e lê em um site da Bahia o seguinte convite aos foliões: "Pule o carnaval Carnal, lúdico, dilacerador, espiritualizado, físico, o Carnaval da Bahia é a maior festa urbana do Brasil, criada e mantida pelo povo. Uma manifestação espontânea, criadora, livre, pura, onde todos são - com maior ou menor competência -sambistas, frevistas, loucos dançarinos, na emoção suada atrás do som estridente, eletrizante, do trio. Ou no ritmo calmo, forte, tranqüilizante, orientalizado, do afoxé, incorporado num só movimento. Um ato de entrega, de transe e êxtase, de liberação de todas as tensões reprimidas e da envolvência absoluta entre o real e o fantástico, capaz de, num único e frenético impulso, balançar o chão da praça."

Ele deve refletir um instante e questionar: deve um cristão participar de uma festa cujo o propósito único e exclusivo é saciar os mais profundos, e até mesmo depravados, desejos carnais? Os cristãos devem lembrar o ensino da Escritura Sagrada, pois "os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz” (Rm 8.5-8,12-14), “porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade par dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor. Os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências” (Gl 5. 13, 24), “porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna” (Gl 6.8).

Rev. Ângelo Vieira da Silva

OS ANJOS SÃO SERES ESPIRITUAIS E INCORPÓREOS


‘‘pois, nele [Jesus], foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades...’’ (Cl 1.16).

Estudar angelologia, ramo da teologia que estuda os seres angelicais, é um grande desafio. Ainda mais hoje, quando o ensino bíblico nos púlpitos é escasso e muitos cristãos podem ser facilmente iludidos por fundamentos teológicos dissimulados. Para evitar um desvio da verdade quanto ao tema, pretendo colaborar com a compreensão bíblica acerca da natureza dos seres angelicais em breves pastorais.

Por “natureza” busca-se compreender a essência, o conjunto de características próprias dos anjos, isto é, o que os constitui em seu cerne, bojo, âmago. Dentro desse aspecto fundamental, a angelologia bíblica oferece fundamentos para crermos que os anjos são seres espirituais e incorpóreos. Deus fez todas as coisas segundo seu propósito, “conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1.11), inclusive os seres angelicais. Assim, como bem declarou Wayne Grudem, teólogo de Cambridge, “os anjos são prova de que o mundo invisível é real”.

Extraordinariamente, algumas passagens bíblicas apresentam alguns anjos assumindo uma forma física (Gn 18.2, 8; Gn 19.1, 3; Hb 13.2). Ao que parece, esses acontecimentos se deram para uma melhor compreensão da revelação divina e convencimento da realidade da presença angelical. Entretanto, ordinariamente, a maioria dos textos bíblicos apresenta que os anjos não possuem estrutura física como os homens, pois são incorpóreos, seres espirituais.

Tanto os anjos eleitos como os demônios são chamados de “espíritos”, palavra que designa o que é imaterial, ao contrário do que é corporal (Mt 8.16; At 19.12; Hb 1.14). Ao descrever a armadura de Deus, Paulo conclama os cristãos a resistirem firmes em uma luta além da materialidade (contra carne ou sangue), em uma batalha espiritual “contra as forças espirituais do mal nas regiões celestes” (Ef 6.12).

Anjos não têm carne ou ossos. Veja: quando Jesus ressuscitou, apareceu aos discípulos várias vezes. Ao vê-lo ressurreto, amedrontados, pensavam se tratar de um “espírito”. Para provar sua ressurreição física, o Senhor contrapõe expondo que um espírito não tem carne, nem ossos como eles poderiam ver (Lc 24.37, 39). Se os seres angelicais são espíritos, logo, não possuem carne ou ossos. Além disso, eles não podem ser vistos, a não ser que Deus permita. É por isso fazem parte da criação denominada de “invisíveis” (Cl 1.16). Daí a metáfora de “ventos” que é atribuída a eles (Sl 104.4; Hb 1.7). Ora, sabemos da existência do ar ainda que não possamos vê-lo.

Lembremos que anjos não se casam. Ao tratar da ressurreição com a seita dos saduceus que, inclusive, não acreditavam em anjos (At 23.8), Jesus declarou que os seres angelicais “nem casam, nem se dão em casamento”, isto é, aplico eu, os seres angelicais não podem se reproduzir, uma capacidade biológica dada a outros seres vivos, como à humanidade (Mt 22.30; Mc 12.25; Lc 20.35).

Interessante! Das três leis do físico inglês Isaac Newton se estabelece que “dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço”. Entretanto, seres incorpóreos ou espirituais não estão limitados por regras como essa. Em termos da possessão demoníaca, por exemplo, muitos seres angelicais caídos ocupam o mesmo espaço, o mesmo corpo. Foi assim com o endemoninhado geraseno e a grande manada de porcos (Lc 8.30). Portanto, mesmo que os anjos sejam limitados e finitos por serem criaturas, possuem mais livre relação com o espaço e o tempo do que o homem, o que intensifica sua condição espiritual e incorpórea.

De um jeito ou de outro, os anjos sempre estiveram ao nosso redor. Seja na história ou nas estórias, na Bíblia ou em outros escritos religiosos, em filmes ou séries de televisão, os anjos estão lá. Assim, em meio a esse vasto e observável universo angelical, oro para que a Igreja de Jesus veja os seres angelicais como eles realmente são: seres criados, espirituais e incorpóreos.

Rev. Ângelo Vieira da Silva


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QUANTO TEMPO JEJUAR?


“Coisas boas podem causar grandes males”. Essa frase do batista calvinista John Piper é extremamente relevante no contexto de compreensão acerca do tempo de jejum. Ora, aquilo que é uma prática intensamente benéfica para o povo de Deus, pode causar extremos problemas se não for cuidadosamente ensinada e compreendida. É possível competir veladamente com outros cristãos que jejuam, por exemplo. O dano estará firmado em se considerar mais espiritual o que jejua por tempo maior, em detrimento aos “fracos”. 

A partir do reconhecimento que o jejum bíblico é recomendado, quaisquer períodos de tempo atribuídos ao jejum deverão se limitar à mesma condição. Como será observado nesta pastoral, a Bíblia apresenta variados períodos de jejum e, as bênçãos decorridas da prática não estão associadas ao tempo de duração, mas ao sincero coração, não ao calendário, mas ao que é prioridade. O jejum jamais será mais “abençoador” pelo número estrito de horas, dias ou anos a qual pode ser praticado – como pensaria um fariseu (Lc 18.12) –, mas pela qualidade de tempo no qual é exercido, buscando a Deus de todo o coração e humilhação (II Cr 7.14).

Por outro lado, em um sentido prático, a constância do jejum possibilitará mais jejuns e por períodos maiores, como um condicionamento ou treinamento. Antes de qualquer outra inferência, vejamos alguns textos bíblicos que revelam os períodos de jejum praticados pelos servos de Deus: II Sm 3.35; Jz 20.25-26; II Sm 1.12; Dn 6.18; Lv 23.27; I Sm 7.6; Et 4.16; Ed 10.6; At 9.9, 19; I Sm 31.13; II Sm 12.16-18; Dn 10.3; Lc 4.2; I Re 19.8; Ex 24.18; Sl 109.24; Ne 1.4; Mt 9.15; Lc 2.37; At 14.23. Considerando esses e muitos outros textos da Sagrada Escritura, subscrevo que a variedade de períodos ensina que cada servo de Deus deve definir seu próprio período de jejum, sem regras fixas definidas a partir dos prazos apresentados na Bíblia, mas lembrando que:

1) O período da prática do jejum é de importância secundária. 

Bem mais importante que o período, é o propósito, a oração, a discrição, a cautela, a sinceridade, etc. As Escrituras apresentam vários íntegros períodos de jejum, desde horas até tempos indefinidos. O período não é determinante para a sinceridade, mas a sinceridade é determinante em seu período de jejum. À vista disso, a exortação divina registrada em Zacarias revela um povo que tinha tempo para jejuar, mas não era fiel; o profeta conclama à mudança (Zc 7.5; Zc 8.19). O que os une diferentes períodos de jejum é a fome por Deus, que extrapola os limites de qualquer calendário que se possa elaborar.

2. O período da prática do jejum é uma decisão pessoal. 

A despeito da possibilidade da convocação de um jejum para um determinado período, cada cristão deve levar em conta seus próprios limites e disponibilidade. Sim, a Escritura demonstra que muitos jejuns promulgados tiveram seu tempo determinado. Ora, quer dizer que seu jejum não pode continuar? Que se não for possível para alguém jejuar no tempo determinado estará pecando? Não creio, principalmente pelas atitudes de Saul (II Sm 14.24-32), legalista, e de Jesus, que falou de um tempo na qual jejuaríamos. Seja sábio ao administrar esse tempo, indeterminado na visão do Mestre.

Jejum não é barganha. Por isso, tenha cuidado com o legalismo que “nunca produz santidade genuína, apenas medo e hipocrisia, pois as pessoas passam a viver uma vida dupla”. Lembre-se do ensino paulino à Igreja em Colossos (Cl 2.20-24): “Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças: não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro, segundo os preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas estas coisas, com o uso, se destroem. Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade”.

Rev. Ângelo Vieira da Silva

O “BBB” DE MUITOS CRISTÃOS


Estreou mais um “BBB”, o “Big Brother Brasil” 20. Entre “likes” e “dislikes”, não há dúvidas que tal “reality show” será (e já está sendo...) motivo de muitas matérias, críticas, artigos, "posts", "twitties" e comentários na internet. Dessa vez, me ausentarei desse palco e apenas me deterei em utilizá-lo para me referir a outro “BBB”, que insiste permanecer no meio de muitos cristãos, assombrados pelas concupiscências da carne e dos olhos (1 João 2.16-17).

É fato que uma programação televisiva inculta e desprovida de conhecimento não agrega bons valores aos cidadãos de bem. Outrossim, muitos cristãos envergonham o seu Cristo no instante em que, como ditos discípulos, abandonam o ensino do Mestre para divagar nos prazeres passageiros ditados por uma sociedade alieanda e distante do Deus que eles julgam conhecer. Dito isso, passo a descrever um “BBB” admirado por muitos cristãos que, entretanto, se revela alheio à Cristo, à Bíblia e à Igreja fiel. Quem ler, entenda.

1) O “B” DA “BAJULAÇÃO”.

Sinto que há, no meio cristão, uma espécie de programa de substituição do discipulado bíblico pela bajualção, da pregação e ensino da Bíblia, pela adulação. Não é teoria de conspiração, é pura observação. Atualmente, parece que é necessário bajular para manter o crescimento da arrecadação financeira e do rol de membros. À contramão, não há profundidade bíblica nas exposições, pois as mensagens são superficiais e secularizadas; e “coachings” são os novos pastores. Não importam os meios, contanto que os fins sejam alcançados. Assim, tal postura faz nascer “cristãos-bebês” e institui uma mega comunidade manipulável. Ali, não há espaço para confrontos sadios/bíblicos e todos são aceitos como são, são bajulados e adulados como são, não havendo necessidade de arrependimento, mudança de vida.

2) O “B” DE “BADALAÇÃO”.

O mundo de hoje é o mundo da badalação. “Mostre que você é superior!” (melhor carro, salário, roupa, atitude, idéia, religião, etc.), ensinam. O importante é ostentar-se socialmente. Aparentemente, até o entretenimento está a serviço de uma mensagem hedonista individualista, isto é, “não importa o que as pessoas digam, o importante é você ser feliz”. Porém, o cristão “badalado” está abalado. Ele necessita de humildade, não de arrogância; ele não se vangloria, se esvazia de si. Tudo importa se sou cristão, pois o meu dever é ser, viver e agir como meu Senhor ensinou. Nele está a verdadeira felicidade.

3) O “B” DE “BACANAL”.

Várias pessoas realizam uma festa. Celebram a uma divindade por meio de festim licencioso, libidinoso. Os libertinos criam uma orgia e lhe dão o nome de bacanal, possível festa antiga ao deus Baco, deus do vinho... É claro que o cristianismo autêntico não se mistura com esse tipo de festa. É evidente que os cristãos não participam de bacanais. Será? Não é verdade que hoje muitos cristãos vivem na promiscuidade como percebida em tempos antigos? Basta pensarmos no crescimento do número de cristãos que vivem na prática de relações sexuais ilícitas e concluiremos que o prazer pecaminoso é um problema oculto a ser enfrentado na Igreja. Eis o dilema: o cristão pecador peca desenfreadamente e não há arrependimento, mudança de vida.

Eis um “BBB” oculto de muitos cristãos... Bajulação, badalação e bacanal... É como uma tríade maléfica a ser percebida, enfrentada e extirpada do meio do povo de Deus. A pergunta é: vamos assistir, participar ou renunciar ao “BBB”?

Não fique espiando, mas creia na expiação. Deus está de olho.

Rev. Ângelo Vieira da Silva

O PREPARO DA ADORAÇÃO

Nada deve ser realizado sem a devida preparação. Imagine um casamento sem preparo?! Ou o resultado de vestibular sem preparo?! Agora, imagine a sua adoração... Sim! Como enalteceu o próprio profeta Jeremias: “Maldito aquele que fizer a obra do Senhor relaxadamente”. Portanto, é evidente que até - ou mesmo, primeiramente - para a adoração devemos nos preparar.

Pode-se dizer que preparo é “o conjunto das providências capazes de determinar as melhores condições possíveis para a realização de um empreendimento”. O empreendimento da Igreja de Cristo, por excelência, é a adoração. Igualmente, preparo é sinônimo de aparelhar, que, por sua vez, significa “dotar de tudo que é necessário ao cumprimento de uma missão”. Assim, o preparo da adoração consistirá de providências necessárias (que todo cristão precisa assumir) para um culto contemporâneo mais bíblico. Eis algumas providências fundamentais:

1) ENTENDA A INICIATIVA DE DEUS.

Nunca se deve esquecer que, até mesmo as próprias providências "humanas" no tocante a adoração, começam com a iniciativa do próprio Deus. Como bem sugere Damy Ferreira, a idéia original de adoração é de que alguém que louva foi, irremediavelmente, tocado ou motivado por Deus inicialmente.

2) BUSQUE SEMPRE A DEUS.

Leia o Salmo 27.4-8. De fato, os salmos são a expressão máxima da adoração da Igreja no Antigo Testamento. Os salmistas anelavam pela presença de Deus e, independente das tribulações, no Salmo em questão uma coisa se pede ao Senhor e se buscará: que ele possa habitar na casa do Senhor para todo sempre. Aqui relembro as palavras do diretório de Westiminster: “o templo de Jerusalém, objeto de freqüente meditação nos salmos, constituía o lugar da especialíssima habitação de Deus no meio de seu povo; de sua proteção na cidade, da manifestação de sua glória. Em Jesus se realiza a presença mais intensa de Deus neste mundo” (Jo 1.14; 1 Co 3.16). Logo, o salmista não pensava simplesmente em estar no templo visível, mas na presença de Deus.

3) CONFESSE OS PECADOS A DEUS.

Há uma conseqüência natural na busca por Deus. De alguma forma, o adorador responde aos atributos divinos. Leia Isaías 6.5-7. O profeta, ao ver toda a glória de Deus, respondeu com sua confissão individual de pecados ao perceber toda a santidade do Senhor. Como ele mesmo disse, seus lábios eram impuros. Como ele poderia louvar ao Senhor com tais impurezas? Como poderia profetizar? Está aí a consequência, a necessidade de confissão de pecados, SEMPRE, a Deus. O texto ensina que Ele perdoa, como fez com Isaías. R. C. Sproul, comentando essa passagem das Escrituras, declarou: “não era apenas as portas do templo que estavam tremendo. O que mais tremia era o corpo de Isaías. Quando viu o Deus vivo, o monarca que reina no universo, revelado diante de seus olhos em toda a sua santidade, Isaías clamou: Ai de mim”. Sim, o profeta entendia o valor de se confessar os pecados; não é sem motivo que ele amaldiçoa a si próprio ao proferir um “Ai”.

4) MEDITE NAS PARTES DO CULTO A DEUS.

Meditar é ponderar, submeter-se a um exame interior. Esse exame interno começa a ser realizado no momento que o adorador entra na presença do Rei. Por isso, todo culto, toda vida, precisa ser uma constante meditação, pois sempre se está na presença do Senhor. Weller afirma que tanto a leitura, a canção, quanto a exposição das Sagradas Escrituras têm lugar importante na adoração. São nesses momentos que meditamos. O salmista deseja que sua meditação seja agradável (Sl 19.14) e eterna (Sl 27.4).

5) PLANEJE, LIDERE E AVALIE-SE PARA A GLÓRIA DE DEUS.

Paul Basden deu pertinentes orientações sobre o preparo da adoração em um sentido mais administrativo. Ele está certo ao afirmar que nossa adoração precisa ser planejada, bem liderada e continuamente avaliada. Veja:

5.1. Planejamento: nessa necessária providência deve-se (a) definir o propósito da adoração (que é cultuar ao Senhor), (b) estabelecer prioridades (separar tempo para o preparo) e (c) seguir os princípios (os que a Escritura ensinam);

5.2. Liderança: nesse outro importante passo somos convocados a (a) nos entregarmos a Deus plenamente, (b) sermos nós mesmos e (c) prestar culto também;

5.3. Avaliação: ou seja, avaliar equipamentos, comentários, objetivos (se foram alcançados) e, principalmente, se Deus foi cultuado em nossa adoração.

Ao findar dessa reflexão, desejo que a igreja contemporânea entenda a importância da adoração e, buscando sempre a Deus, confessando seus pecados e meditando em sua presença, possa aprender a se preparar para cultuar Aquele que é digno de receber todo o louvor e honra. Que a adoração dos cristãos comprometidos com as Escrituras, como diz Webber, seja pautada na “preparação para adorar e na saída para servir”.

Rev. Ângelo Vieira da Silva

POR QUE JEJUAR?


“O jejum revela as coisas que nos controlam” (Richard Foster).

Uma vez que o jejum é recomendando aos cristãos, entre o Antigo e Novo Testamentos encontraremos os motivos que nortearam a prática no passado e que podem direcionar o hábito do jejum atualmente. A partir das razões mencionadas nas Escrituras, creio que o cristão pode e deve jejuar em virtude (a) da Consagração, (b) da Tribulação e (c) da Missão. São aspectos basilares que passo a descrever a seguir.

Note: o jejum envolve aquela dedicação e busca por Deus em santidade de vida. Tal como o nazireu (Nm 6.2-4) e a profetisa Ana (Lc 2.36-37) que também se consagravam pelo jejum, os cristãos precisam dedicar suas vidas a Deus. Eles não creem no jejum, mas no Deus a quem jejuam. Nesse sentido, o arrependimento, a leitura da Bíblia e a intercessão acompanharão o jejum.

Igualmente, a confissão de pecados é uma atitude incontestável para a consagração, ainda mais quando acompanhada pelo jejum e pano de saco (I Sm 7.6; Ne 9.1; Jn 3.1-10; Jl 2.12). Nesse sentido, o jejum foi realizado em busca de direção, de compreensão da vontade de Deus, pela oração, como no caso de Daniel diante das profecias de Jeremias e da visão no rio Tigre (Dn 9.1-3, Dn 10.2-3).

O cristão atribulado por perigos, enfermidades, lutos ou tristeza, vê no jejum uma oportunidade de fortalecimento e esperança. Em meio à aflição e sob o risco de ser vencido pelos moabitas e amonitas, o rei Josafá apregoou um jejum em todo Judá (II Cr 20.1-3). Na dolorida guerra contra os filhos de Benjamim, Israel também jejuou (Jz 20.26). A tribulação nos dias de Mordecai levou os judeus a jejuarem (Et 4.1-3). O rei Acabe jejuou depois de ter ouvido a advertência de Elias sobre o juízo (I Re 21.27). Os cristãos também têm batalhas que envolvem preparação com jejuns (Mt 17.21; Mt 9.15; Mc 9.29; Mc 2.20). O rei Davi jejuou em favor do filho enfermo que nascera de Bate-Sebá (II Sm 12.16-23) e, ainda, por seus inimigos (Sl 35.13) ou em virtude deles (Sl 69.9-11). Até os lutos pelas mortes do rei Saul, Jônatas e Abner, levaram Davi e o povo a jejuar (I Sm 31.13; II Sm 1.11-12; II Sm 3.31-35). 

Os servos precisam de seu Senhor no desempenho de suas missões. Esdras, por exemplo, proclamou um jejum por sua jornada (Ed 8.21-23). Ester conclamou um jejum para seu encontro com o rei: “Vai, ajunta a todos os judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim, e não comais, nem bebais por três dias, nem de noite nem de dia; eu e as minhas servas também jejuaremos. Depois, irei ter com o rei, ainda que é contra a lei; se perecer, pereci” (Et 4.16).

Ademais, Jesus só começou seu ministério após estar cheio do Espírito Santo, se preparando em jejum prolongado e especial no deserto (Lc 4.1-2). A obra missionária de Paulo e Barnabé se iniciou com as orações e jejuns da igreja de Antioquia (At 13.2-3). Jejuava-se até para a eleição daqueles que teriam a missão de pastorear o rebanho de Deus (At 14.23). Na verdade, a prática de jejuns era presente no dia-a-dia ministerial de Paulo (At 9.9, 19; 2 Co 6.5; 2 Co 11.27).

Rev. Ângelo Vieira da Silva