Nada deve ser realizado sem a devida preparação. Imagine um casamento sem preparo?! Ou o resultado de vestibular sem preparo?! Agora, imagine a sua adoração... Sim! Como enalteceu o próprio profeta Jeremias: “Maldito aquele que fizer a obra do Senhor relaxadamente”. Portanto, é evidente que até - ou mesmo, primeiramente - para a adoração devemos nos preparar.
Pode-se dizer que preparo é “o conjunto das providências capazes de determinar as melhores condições possíveis para a realização de um empreendimento”. O empreendimento da Igreja de Cristo, por excelência, é a adoração. Igualmente, preparo é sinônimo de aparelhar, que, por sua vez, significa “dotar de tudo que é necessário ao cumprimento de uma missão”. Assim, o preparo da adoração consistirá de providências necessárias (que todo cristão precisa assumir) para um culto contemporâneo mais bíblico. Eis algumas providências fundamentais:
1) ENTENDA A INICIATIVA DE DEUS.
Nunca se deve esquecer que, até mesmo as próprias providências "humanas" no tocante a adoração, começam com a iniciativa do próprio Deus. Como bem sugere Damy Ferreira, a idéia original de adoração é de que alguém que louva foi, irremediavelmente, tocado ou motivado por Deus inicialmente.
2) BUSQUE SEMPRE A DEUS.
Leia o Salmo 27.4-8. De fato, os salmos são a expressão máxima da adoração da Igreja no Antigo Testamento. Os salmistas anelavam pela presença de Deus e, independente das tribulações, no Salmo em questão uma coisa se pede ao Senhor e se buscará: que ele possa habitar na casa do Senhor para todo sempre. Aqui relembro as palavras do diretório de Westiminster: “o templo de Jerusalém, objeto de freqüente meditação nos salmos, constituía o lugar da especialíssima habitação de Deus no meio de seu povo; de sua proteção na cidade, da manifestação de sua glória. Em Jesus se realiza a presença mais intensa de Deus neste mundo” (Jo 1.14; 1 Co 3.16). Logo, o salmista não pensava simplesmente em estar no templo visível, mas na presença de Deus.
3) CONFESSE OS PECADOS A DEUS.
Há uma conseqüência natural na busca por Deus. De alguma forma, o adorador responde aos atributos divinos. Leia Isaías 6.5-7. O profeta, ao ver toda a glória de Deus, respondeu com sua confissão individual de pecados ao perceber toda a santidade do Senhor. Como ele mesmo disse, seus lábios eram impuros. Como ele poderia louvar ao Senhor com tais impurezas? Como poderia profetizar? Está aí a consequência, a necessidade de confissão de pecados, SEMPRE, a Deus. O texto ensina que Ele perdoa, como fez com Isaías. R. C. Sproul, comentando essa passagem das Escrituras, declarou: “não era apenas as portas do templo que estavam tremendo. O que mais tremia era o corpo de Isaías. Quando viu o Deus vivo, o monarca que reina no universo, revelado diante de seus olhos em toda a sua santidade, Isaías clamou: Ai de mim”. Sim, o profeta entendia o valor de se confessar os pecados; não é sem motivo que ele amaldiçoa a si próprio ao proferir um “Ai”.
4) MEDITE NAS PARTES DO CULTO A DEUS.
Meditar é ponderar, submeter-se a um exame interior. Esse exame interno começa a ser realizado no momento que o adorador entra na presença do Rei. Por isso, todo culto, toda vida, precisa ser uma constante meditação, pois sempre se está na presença do Senhor. Weller afirma que tanto a leitura, a canção, quanto a exposição das Sagradas Escrituras têm lugar importante na adoração. São nesses momentos que meditamos. O salmista deseja que sua meditação seja agradável (Sl 19.14) e eterna (Sl 27.4).
5) PLANEJE, LIDERE E AVALIE-SE PARA A GLÓRIA DE DEUS.
Paul Basden deu pertinentes orientações sobre o preparo da adoração em um sentido mais administrativo. Ele está certo ao afirmar que nossa adoração precisa ser planejada, bem liderada e continuamente avaliada. Veja:
5.1. Planejamento: nessa necessária providência deve-se (a) definir o propósito da adoração (que é cultuar ao Senhor), (b) estabelecer prioridades (separar tempo para o preparo) e (c) seguir os princípios (os que a Escritura ensinam);
5.2. Liderança: nesse outro importante passo somos convocados a (a) nos entregarmos a Deus plenamente, (b) sermos nós mesmos e (c) prestar culto também;
5.3. Avaliação: ou seja, avaliar equipamentos, comentários, objetivos (se foram alcançados) e, principalmente, se Deus foi cultuado em nossa adoração.
Ao findar dessa reflexão, desejo que a igreja contemporânea entenda a importância da adoração e, buscando sempre a Deus, confessando seus pecados e meditando em sua presença, possa aprender a se preparar para cultuar Aquele que é digno de receber todo o louvor e honra. Que a adoração dos cristãos comprometidos com as Escrituras, como diz Webber, seja pautada na “preparação para adorar e na saída para servir”.
Rev. Ângelo Vieira da Silva
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