“O jejum revela as coisas que nos controlam” (Richard Foster).
Uma vez que o jejum é recomendando aos cristãos, entre o Antigo e Novo Testamentos encontraremos os motivos que nortearam a prática no passado e que podem direcionar o hábito do jejum atualmente. A partir das razões mencionadas nas Escrituras, creio que o cristão pode e deve jejuar em virtude (a) da Consagração, (b) da Tribulação e (c) da Missão. São aspectos basilares que passo a descrever a seguir.
Note: o jejum envolve aquela dedicação e busca por Deus em santidade de vida. Tal como o nazireu (Nm 6.2-4) e a profetisa Ana (Lc 2.36-37) que também se consagravam pelo jejum, os cristãos precisam dedicar suas vidas a Deus. Eles não creem no jejum, mas no Deus a quem jejuam. Nesse sentido, o arrependimento, a leitura da Bíblia e a intercessão acompanharão o jejum.
Igualmente, a confissão de pecados é uma atitude incontestável para a consagração, ainda mais quando acompanhada pelo jejum e pano de saco (I Sm 7.6; Ne 9.1; Jn 3.1-10; Jl 2.12). Nesse sentido, o jejum foi realizado em busca de direção, de compreensão da vontade de Deus, pela oração, como no caso de Daniel diante das profecias de Jeremias e da visão no rio Tigre (Dn 9.1-3, Dn 10.2-3).
O cristão atribulado por perigos, enfermidades, lutos ou tristeza, vê no jejum uma oportunidade de fortalecimento e esperança. Em meio à aflição e sob o risco de ser vencido pelos moabitas e amonitas, o rei Josafá apregoou um jejum em todo Judá (II Cr 20.1-3). Na dolorida guerra contra os filhos de Benjamim, Israel também jejuou (Jz 20.26). A tribulação nos dias de Mordecai levou os judeus a jejuarem (Et 4.1-3). O rei Acabe jejuou depois de ter ouvido a advertência de Elias sobre o juízo (I Re 21.27). Os cristãos também têm batalhas que envolvem preparação com jejuns (Mt 17.21; Mt 9.15; Mc 9.29; Mc 2.20). O rei Davi jejuou em favor do filho enfermo que nascera de Bate-Sebá (II Sm 12.16-23) e, ainda, por seus inimigos (Sl 35.13) ou em virtude deles (Sl 69.9-11). Até os lutos pelas mortes do rei Saul, Jônatas e Abner, levaram Davi e o povo a jejuar (I Sm 31.13; II Sm 1.11-12; II Sm 3.31-35).
Os servos precisam de seu Senhor no desempenho de suas missões. Esdras, por exemplo, proclamou um jejum por sua jornada (Ed 8.21-23). Ester conclamou um jejum para seu encontro com o rei: “Vai, ajunta a todos os judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim, e não comais, nem bebais por três dias, nem de noite nem de dia; eu e as minhas servas também jejuaremos. Depois, irei ter com o rei, ainda que é contra a lei; se perecer, pereci” (Et 4.16).
Ademais, Jesus só começou seu ministério após estar cheio do Espírito Santo, se preparando em jejum prolongado e especial no deserto (Lc 4.1-2). A obra missionária de Paulo e Barnabé se iniciou com as orações e jejuns da igreja de Antioquia (At 13.2-3). Jejuava-se até para a eleição daqueles que teriam a missão de pastorear o rebanho de Deus (At 14.23). Na verdade, a prática de jejuns era presente no dia-a-dia ministerial de Paulo (At 9.9, 19; 2 Co 6.5; 2 Co 11.27).
Rev. Ângelo Vieira da Silva
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