A TRISTEZA POR NÃO SE ENTRISTECER


“Até quando estarei eu relutando dentro de minha alma, com tristeza no coração cada dia?” (Sl 13.2). 

S. I. McMillen afirma que a ciência médica reconhece que emoções como a tristeza, medo, inveja, ressentimento e ódio são responsáveis pela maioria de nossas doenças. Os cálculos variam de 60% a quase 100%. 

A melancolia humana pode ter muitos fundamentos em seu próprio escopo, porém, o que dirá Deus da falta de alegria em sua criação? Por que vemo-nos num estado de tristeza constante ou alternada quando há tantos motivos para nos alegrar na presença de Deus? O que nos falta? Cristo não é suficiente? 

O sentimento de tristeza que às vezes percebemos é a agonia do atribulado, que consome todo o seu ser (Sl 31.9). Seu coração quer gritar, uivar pela angústia de espírito (Is 65.14). Parece que não há saída, nem alguém que estenda a mão; é a solidão, emergindo do porão da alma para o coração hesitante. Os olhos vertem lágrimas (Sl 119.28) diante dos laços que nos prendem (Sl 116.3). “Oh! Se eu pudesse consolar-me na minha tristeza! O meu coração desfalece dentro de mim” (Jr 8.18). 

A Palavra de Deus expressa algumas circunstâncias que concebem a tristeza em nossos corações. Porventura, não seria a principal delas o peso dos pecados? As Escrituras são precisas neste ponto: “suporto tristeza por causa do meu pecado” (Sl 38.18). Davi compreendia bem a pressão dos pecados sobre seu corpo: “enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia” (Sl 32.3). 

Creio que podemos abordar dois tipos de tristeza por causa dos pecados: uma é salvadora, a outra condenadora. O apóstolo Paulo declara que “a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte” (2 Co 7.10). Em qual destas nos enquadramos? Qual é a realidade espiritual de nossa tristeza? Espero que “o arrependimento seja uma fonte perene, na qual as águas de uma tristeza santa estejam sempre fluindo em nossas vidas redimidas” (Thomas Brooks). 

John Owen disse certa vez que “o pecado deve ser ocasião para grande tristeza, quando não há tristeza em pecar”. Se o pecado não me incomoda mais, se não me entristeço ou reconheço minhas mazelas, aqui está a pior circunstância de nossa tristeza. Todavia, glória a Deus nas alturas, porque Jesus disse: “em verdade, em verdade eu vos digo que chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará; vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se converterá em alegria” (Jo 16.20). 

Rev. Ângelo Vieira da Silva

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