ANSIEDADE E DECISÃO


A relação entre ansiedade e decisão pode ser vislumbrada a partir de uma simples ilustração. Imagine um relógio que começou a calcular o trabalho que teria de fazer no ano seguinte. Pois bem, o aparelho pensou subitamente: — Eu tenho que tiquetaquear duas vezes por segundo... Sim, isso quer dizer que terei que tiquetaquear 120 vezes a cada minuto e, em uma hora, 7.200 vezes. Durante o dia – são vinte e quatro horas! – tiquetaquearei 172.800 vezes. Ah! Num ano precisarei tiquetaquear 63 milhões de vezes. Oh! Isso é demais, até para um bom relógio como eu... Assim, de cifra em cifra, presumindo o imenso trabalho que teria pela frente, o relógio não resistiu. Teve um colapso e pifou.

É bem possível que muitos cristãos se identifiquem com o tal relógio. Afinal, antes de qualquer trabalho ou acontecimentos que podem sobrevir, já desfalecem pelas preocupações, pela ansiedade que acelera o colapso. Portanto, é imprescindível que avaliemos as decisões pessoais frente à apreensão exagerada, extremamente nociva para os relacionamentos com Deus e com o próximo. Desse modo, “a ansiedade é o resultado natural de centralizarmos nossas esperanças em qualquer coisa menor do que Deus e sua vontade para nós” (Billy Graham).

Biblicamente, ansiedade e decisão são explanadas em muitos textos. Jesus, por exemplo, evidenciou o mal que a ansiedade pode acarretar: “não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal” (Mt 6.34). Paulo, por sua vez, ajustou a ansiedade em decisões práticas (Fp 4.6-9). Pretendo abordar duas dessas disposições, necessárias para que a ansiedade não represente angústia, infelicidade ou privações na vida do cristão.

1. IMPOSSIBILITE O SILÊNCIO ESPIRITUAL. Leia Fp 4.6: “não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças”. Claro, é impossível esconder algo de um Deus onisciente, que sabe todas as coisas; mas, muitos ocultam todos os dias, desde o Éden. O texto fala do silêncio espiritual diante da ansiedade. O que precisa mover o cristão a orar, o leva a se angustiar. Como não há oração, também não há confiança e fortalecimento que advém dela. Decida-se! Não esconda suas preocupações de Deus. Ore e suplique ao Altíssimo se entregando inteiramente (em tudo) e esvaziando das necessidades (as vossas petições), repleto de gratidão (com ações de graças). Impossibilite o silêncio espiritual diante da ansiedade.

2. POSSIBILITE ESPAÇO PARA A PAZ ESPIRITUAL. Observe Fp 4.7: “e a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus”. No instante que o cristão decide se esvaziar da ansiedade, consequentemente, terá a possibilidade de preencher a vida espiritual com a paz de Deus, que excede todo o entendimento. Jesus descreveu a essência dessa paz: “deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo 14.27). Portanto, nas preocupações, angústias, apreensões e aflições será possível ter bom ânimo (Jo 16.33 ). Se aproprie da paz espiritual como fator determinante para vencer a ansiedade. “Paz seja convosco!” (Jo 20.19, 21, 26).

São duas simples decisões diante de um mal tão proeminente, é verdade. Entretanto, são posturas bíblicas de um evangelho poderoso para salvar. Ora, se é verdade que “mentes e corações inquietos tomarão decisões incertas e não conseguirão firmar-se na graça” (J. Charles Stern), é igualmente legítimo que cristãos decididos a impossibilitar o silêncio espiritual serão satisfeitos com a paz de Deus e, assim, experimentarão a verdadeira confiança quanto ao dia de amanhã. Lendo Filipenses 4.8-9, ore e receba a paz.

Rev. Ângelo Vieira da Silva

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